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Marcelo Jeneci surpreendeu positivamente na chamada noite eclética do Abril pro Rock. Foto: DivulgaçãoMarcelo Jeneci surpreendeu positivamente na chamada noite eclética do Abril pro Rock. Foto: Divulgação

Abril pra música

(Recife, brpress) - Na ausência de uma nova onda mangue, festival Abril Pro Rock aposta em estrangeiros e veteranos. Por Pedro de Luna.

 (Recife, brpress) – Como se manter fiel aos seus princípios por 21 anos? No longínquo ano de 1992, em Pernambuco, o produtor Paulo André Pires começou a apostar nisso ao criar o Abril Pro Rock. De underground a palco de quatro bandas internacionais, duas décadas depois o festival se reinventa para sobreviver e, principalmente, manter sua relevância.

    Paulo é um guerreiro. Seu evento faz parte do calendário oficial do Recife, mas ainda assim, por vezes, ele só sabe quanto terá de patrocínio a duas semanas da realização. Se a emoção é inevitável, a criatividade é necessidade.

Rock e cachaça

    Combinando rock e cachaça, a Pitu renovou seu patrocínio por conta do bom retorno em 2012. Este ano, uma máquina do tipo cassino, premiava as pessoas com camisetas. Para participar do jogo, bastava entregar duas latinhas de qualquer bebida para reciclagem. A ação foi um sucesso, com filas a noite inteira. Sem falar que, novamente, a Pitu produziu uma edição especial da bebida com a marca Abril Pro Rock na latinha.

    Mas voltando aos princípios, Paulo André mantém firme alguns critérios que sempre nortearam o festival: “Ter pelo menos uma banda do nordeste, que este ano foi o Katapheron, do Rio Grande do Norte, e uma banda do sudeste, que desta vez foi o Silva, do Espírito Santo”.

Trampolim

    Nos anos 90, o Abril Pro Rock logo se tornou um importante trampolim de talentos − como foi o caso dos Raimundos, Planet Hemp e, principalmente, da geração manguebeat. Em seguida, consagrou como headliners toda essa geração de bandas novas − como é o caso do Los Hermanos, que, reza a lenda, foi contratado pela gravadora após a apresentação no festival.

    Portanto, é bacana ver Siba e Devotos mais uma vez tocando num Abril pro Rock do qual eles fizeram parte lá atrás. Assim como o Volver, que, como muitos de seus conterrâneos pernambucanos, se mudou para São Paulo, e voltou para a cidade natal numa condição especial.

Janeci e Television

    Um dos melhores shows deste final de semana, aliás, foi são-paulino. Marcelo Jeneci surpreendeu positivamente na chamada “noite eclética” (20/04, sexta−feira). Um show pra cima, até com mais pegada que o normal, talvez contagiado pelo palco ao lado, com a energia dos punks velhos do Television, que também agradou bastante com uma vibe completamente diferente.

    Tocar numa cidade onde as pessoas adoram dançar e fazer roda é tudo o que os caras do Móveis Coloniais de Acaju poderiam pedir a Deus. Com o público na mão, o grupo de Brasília encerrou a primeira noite do festival. E fez bonito mesmo com músicas novas que já não caminham mais para aquele ska−jazz−experimentali de tempos atrás.

    O line up tão variado, com Jeneci, Siba, Móveis e Television se explica. Paulo André diz que, se pudesse voltar atrás, não teria colocado rock no nome do festival: “Acaba sendo um limitador”.

    Palavra de quem vê novos artistas brasileiros fazendo mais sucesso no exterior do que no Brasil, comercializados como world music e figurando nos top 10 das rádios FM. É justamente na companhia de um desses artistas, Felipe Cordeiro, que Paulo vai para a Europa em maio fazer uma turnê que terminará no festival de Roskilde, na Dinamarca.

     A ligação do criador do Abril Pro Rock com a gringa não é nova. Ela começa na baía de São Francisco, nos Estados Unidos, região famosa por abrigar bandas de trash metal que fizeram grande sucesso, como Nwobhm, Exodus e Testament.

Som pesado

    E como o povo de Recife também adora som pesado, a segunda noite do APR 2013 foi metal. Dos tiozinhos, os gaúchos do Krisiun e os alemães do Sodom foram os melhores. O Dead Kennedys pagou mico. Por mais esforçado que seja o novo vocal do DK não é Jello Biafra. A banda errou em várias músicas, principalmente no hino “California Ubber Alles” e deixou a desejar.

    Se o mestre não dá exemplo, coube ao D.F.C., mostrar como se faz. Considerada uma grande banda na cena underground nos anos 90, o grupo de Brasília desfilou clássicos do metal/hardcore para a molecada 666 manter o respeito e os dentes no lugar.

    Se no início da carreira a banda apostava no merchandising para colocar gasolina no carro ou pagar as passagens de ônibus, hoje a venda de produtos ainda representa um importante adicional. “Trouxemos 35 camisetas, além de discos, bonés e garrafas de cachaça com a marca do D.F.C. Vendemos tudo, arrecadamos R$ 1.500”, revela o vocalista Túlio.

Ao vivo na web

    Sinal dos novos tempos, Túlio ainda tem dois motivos para comemorar: o sucesso do show e a transmissão dele pela internet, ao vivo, pelo portal G1. “Isso é muito bom, por que são mais 20 mil pessoas conhecendo a gente”. Pena que iniciativas deste tipo ainda são pontuais.

    Há anos que Paulo André lamenta a falta de canais divulgando a música pernambucana para que seja mais conhecida. Ele também sofre com a ausência de infraestrutura no resto do ano. “Aqui no Chevrolet Hall você já tem tudo, só precisa colocar a banda. Em Recife eu não tenho sequer uma casa de 500 lugares com palco, som e camarim. Perdemos muitas oportunidades por causa disso”.

Financiamento

    Uma importante mudança na forma de se produzir os festivais acontece no financiamento. Está cada vez mais arriscado apostar na bilheteria. A primeira noite do Abril Pro Rock teve 3.500 pessoas – menos da metade do público da segunda por conta da chuva.

    Construída sobre um mangue, Recife tem suas ruas alagando rapidamente e isso dificulta o acesso. Sem falar que o local do evento não favorece os que dependem de transporte público. E falando nisso, muitas vezes os recursos públicos são liberados em cima da hora. Há anos que o evento conta com patrocínio municipal e estadual, além da iniciativa privada, mas a tendência é se lançar mais ao mercado.

    Durante a reunião da Festivais Brasileiros Associados (FBA), que é presidida por Paulo André, e congrega produtores de vários estados do país, uma das pautas mais discutidas foi a participação em editais, investidas em agências de publicidade e departamentos de marketing de grandes empresas.

    “A marca tem a chance de se expor num circuito nacional, com visibilidade todos os meses, por que ela pode negociar em grupo”, explica Paulo. “Nossa associação está começando, agora é o momento de apresentá−la”.

   André Donzelli, de Palmas (TO), concorda e diz que os festivais são mais que cultura – “são também educação”. A próxima edição do Tendencies será simultânea a Feira do Livro do Tocantins (Flit), com música e literatura lado a lado.

(Perdro de Luna/Especial para brpress)

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