Um naco do punk
(Londres, brpress) - De volta de Cuba, onde clicou os Stones, fotógrafa Jill Furmanovsky fala da primeira de várias exposições comemorativas dos 40 anos do punk, que está anarquizando a biblioteca musical do Barbican Centre: A Chunk of Punk.
(Londres, brpress) – O punk está morto. Vida longa ao punk. Ao que parece, o movimento está apenas amadurecendo. E, a julgar pela voluptosa celebração de suas quatro bem vividas e anárquicas décadas, que reúnem uma penca de eventos sob o chapéu Punk.London, em Londres, foi mesmo cooptado pelo sistema. O aniversário dos 40 anos do punk compete – e dispara na frente – com outro highlight do calendário britânico em 2016: os 90 anos da Rainha (sim, a mesma Sua Majestade cantada na destrutiva God Save the Queen (‘She ain’t no human being’, dizia a letra deste hino punk). O Punk.London mobiliza várias instituições culturais britânicas, do mainstream e alternativas, além de órgãos governamentais como a Visit London e a Visit Britain (quem diria!). E a primeira de várias exposições programadas já está anarquizando a biblioteca musical do Barbican Centre: A Chunk of Punk (literalmente, “um naco do punk”).
A mostra – grátis – reúne fotos do Rockarchive, em cartaz até 28 de abril, assinadas pela fundadora deste sensacional arquivo de fotos que contam a história do rock, a famosa fotógrafa musical Jill Furmanovsky, e outros fotógrafos cujas icônicas imagens constam dos arquivos. Para se ter uma ideia da envergadura do trabalho de Jill e da extensão de sua ficha corrida de serviços prestados ao rock n’roll, ela foi convidada pela embaixada britânica para fotografar a histórica apresentação dos Rolling Stones em Cuba, no final de março. Em Havana, Jill projetou 100 imagens da banda na rua, antes do show.
Like a Rolling Stone
“Foi uma noite que certamente nunca vou esquecer”, disse Jill Furmanovsky, em entrevista exclusiva à brpress, de volta a Londres, onde mora e trabalha. Seu registro da turnê Olé, dos Stones, em Cuba, permanece inédito – uma pena as fotos não terem tido tempo hábil de entrar na maior exposição sobre os Rolling Stones já realizada: Exhibitionism, abrindo nesta terça (05/04), para convidados, na Saatchi Gallery, também em Londres. Jill estará lá – ao contrário do retrato que fez de Charlie Watts, que ganhou o prêmio Jane Bown Observer Portrait Award, em 1992,
No Barbican, a qualidade de seus cliques não deixa dúvidas que vêm fantásticos registros dos Stones por aí. Em A Chunk of Punk, ela mostra Buzzocks, The Clash, Sex Pistols, Blondie, The Undertones, Siouxsie and the Banshees, Blondie, Iggy Pop e muitos outros em ação no auge do movimento punk. “A Chunk of Punk é uma celebração fotográfica da cultura subversiva dos anos 70 e 80”, define a fotógrafa.
‘Magnum’ do rock
A ideia de criar o Rockarchive se inspirou na agência Magnum, que reúne bambas do fotojornalismo internacional. No ar desde 1998, o Rockarchive.com é uma exposição virtual onde pode-se admirar imagens de seu artista favorito e ainda adquirir cópias impressas das fotos, a preços relativamente acessíveis (em libras esterlinas, diga-se) considerando a perfeição técnica das ampliações. É um prato cheio de som e fúria para colecionadores. E uma celebração da arte da fotografia de rock, divulgando autores veteranos e novos, e valorizando seus direitos autorais.
Na mostra A Chunk of Punk, os visitantes poderão se lambuzar com o espírito do “do it yourself”, com as imagens de Jill e colaboradores, além de capas de discos em vinil, selecionadas a partir da curadoria do assistente da biblioteca musical do Barbican, Michael Southwell – que, no melhor estilo punk, foi lá e fez: clicou imagens da exposição e enviou para a brpress (veja em nosso Facebook.
A maioria das capas de discos expostas teve cliques ou produção de Jill Furmanovsky, seja como fotógrafa ou designer. Há ainda uma justa homenagem ao fanzine Sniffin’ Glue Magazine e vasta iconografia punk pendurada nas paredes do Barbican – um colaboração de Jill com o coletivo de moda Earl of Bedlam, o artista Neil Simon e estudantes do departamento de artes têxteis da universidade fashion Central Saint Martins.
“A Chunk of Punk me fez revirar o fundo dos meus arquivos e celebrara a energia criativa e inclusiva do punk, levando ao pé da letra o ditado de Mark P: “Se você pode tocar três acordes você pode formar uma banda”. Jill acredita, por experiência, própria, que isso também vale para a fotografia.
E se você não pode ir ao Barbican, confira o poder das imagens do Rockarchive numa seleção feita pela editora da brpress, a jornalista Juliana Resende – cuja ficha corrida de serviços prestados ao rock também não deixa a desejar –, no Pinterest e Instagram.
Acompanhe as atividades do evento Punk London e leia mais sobre ele aqui. Veja fotos do Rockarchive no Pinterest.