Chegou a hora
(Johanesburgo, brpress) – Problema é o meio de campo: Felipe Mello e Gilberto Silva só encantam o treinador. Mais: Kaká, vuvuzelas, Dunga X imprensa. Por Márcio Bernardes.
Márcio Bernardes*/Especial para brpress
(Johanesburgo, brpress) – Finalmente a seleção brasileira vai estrear na Copa da África. O jogo contra a Coréia do Norte não assusta. Mesmo misterioso, o adversário não tem categoria, nem condições de botar medo.
O Brasil não é aquele time que todos sonham. Neymar e Paulo Henrique Ganso, as sensações do ano, nem vieram para a África. O estilo tático de Dunga se assemelha com aquilo que ele foi em campo como jogador.
Do goleiro até a quarta zaga, além do ataque, há unanimidade. Michel Bastos é titular meio na base do não tem outro para a posição. Há quem pense o contrário e defende Roberto Carlos nesse time. Mas o corintiano nunca fez parte dos planos de Dunga.
O problema é o meio de campo. Felipe Mello e Gilberto Silva só encantam o treinador. Ninguém mais, torcedores e imprensa incluídos, engole a dupla. Outras várias opções estão na boca do povo. Aqui na África, por exemplo, tem Ramirez, Julio Baptista e Elano, que poderiam ser volantes.
Outra grande dúvida é sobre a condição física e atlética de Kaká. Como se sabe, pelos pés do ex-são-paulino passarão as jogadas ofensivas do time brasileiro. E se ele for bem marcado? E se não estiver bem fisicamente?
A solução alternativa será um contra-ataque com Maicon ou uma jogada de velocidade com Robinho e Elano.
A Coréia do Norte vai jogar retrancada. E não seria de outra forma. Paciência, até o primeiro gol. Vencer esse jogo é fundamental. Estará vencida também a ansiedade da estreia.
BASTIDORES
Vuvuzelas
Será uma covardia. Se a África do Sul não se classificar para a próxima fase da Copa vão proibir as vuvuzelas nos estádios. Sacanagem com a torcida. Todos sabiam, desde a Copa das Confederações, que o barulho da corneta seria infernal. Fizeram média e agora vão mostrar truculência.
Pequena morte
Jogadores franceses reagiram com ironia à oferta de um sex-shop que mandou para toda delegação kits com os votos de estímulo e boa sorte nesta Copa. Realmente, a França não se deu bem no primeiro jogo contra o Uruguai. Se sexo for a solução, que se faça com alegria e prazer.
Uruguai
Cruzei com Francescoli aqui no IBC. Ele não gostou do seu time na estreia, mas acredita que ainda pode haver evolução. O uruguaio, sem modéstia, afirma que falta na sua seleção um jogador com as suas características para abastecer de bolas o atacante Diego Forlan.
Em campo
Mauricio Noriega, comentarista do Sportv e Rede Globo, esteve nos nossos estúdios da Transamérica aqui em Johanesburgo. Aproveitou para divulgar o seu livro, Os Onze Melhores Técnicos do Futebol Brasileiro. Garantiu que o público está aceitando muito bem a obra, que vai para a segunda edição.
Germânicos
Todos estão encantados com a Alemanha. Sem desmerecer a merecida goleada sobre a fraca Austrália, é verdade que o primeiro gol, logo no início, facilitou e muito. Alemanha é sempre Alemanha, mas ainda não estou convencido de que esse time assusta.
(In)segurança
Felizmente, não tivemos problemas graves aqui na África. Principalmente com os alentados atentados terroristas. Mas é indiscutível que o item segurança está deixando muito a desejar. Os africanos são displicentes e condescendentes. Tomara que isso não traga conseqüências graves.
TOQUE FINAL
O relacionamento de Dunga com a imprensa está insustentável. O assessor Rodrigo Paiva agora não esconde mais de ninguém e diz que esgotou seus argumentos com o treinador.
Rodrigo tem dito à Dunga que, desta forma que a comissão técnica está agindo, todos acabam prejudicados: patrocinadores, repórteres, empresas de comunicação, etc. E pede para que os jornalistas negociem diretamente com o treinador.
Tenho receio de que a coisa chegue a um ponto extremado. Está por um fio! E receio também que Dunga, se acontecer um fracasso, culpe a imprensa pelo mal ambiente provocado justamente pelos jornalistas.
Devemos reconhecer que a bagunça de Weggis deve servir de exemplo para que excessos não sejam repetidos. Mas do jeito que a situação se encontra é muito possível que haja um curto circuito.
Só há uma solução para um final feliz: o Brasil ser campeão aqui na África. Caso contrário, e bem antes da final, Dunga deveria pensar e repensar. Seu bom senso vai alertá-lo para pegar mais leve.
(*) Márcio Bernardes é âncora da Rede Transamérica de Rádio, professor universitário e colunista da brpress. Fale com ele pelo e-mail [email protected] Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. ou pelo Blog do Leitor.