Sofrimento de Marin
(São Paulo, brpress) - Governo não quer José Maria Marin na presidência do COL; FIFA não o quer na presidência da CBF. Por Márcio Bernardes.
(São Paulo, brpress) – Dona Neusa Marin é uma das mulheres mais bonitas de sua geração. Além disso, é considerada de uma altivez e lealdade incomuns. Quem assistiu à passagem de comando do governo do Estado, em 1982, diz que ela não perdeu a dignidade, tornando-se escada e muleta do marido, em um momento inesperado.
O salão nobre do Palácio dos Bandeirantes estava lotado. Era a primeira vez que o MDB, partido de oposição ao governo da ditadura, assumia o controle do maior estado do país. Marin saia para a entrada de Franco Montoro.
Em determinado momento, quando iria falar, Marin foi impiedosamente vaiado pela plateia. Não foi uma vaia qualquer. Foi uma manifestação contra ele, o governo de Paulo Maluf e também contra um sistema que matou, torturou, roubou e radicalizou.
No palco, dona Neusa ficou impávida, não baixou a cabeça e abraçou o marido, já cambaleante e desmoralizado. Pois essa mulher forte e decidida capitulou. Ela só dorme com tranquilizantes, não aguenta mais a pressão sobre o companheiro e chegou a implorar para ele pedir demissão da CBF.
Marin não desiste. Experiente em situações favoráveis e desfavoráveis, ele resiste, mas já mostra sinais de imenso sofrimento. Ele parece aquele boneco de parque de diversões, que é o alvo de todos os que querem ganhar os prêmios oferecidos para os tiros mais certeiros.
Os pedidos da mulher não estão sendo atendidos. Por enquanto! Os poucos leais amigos que restaram, aconselham, mas não adianta.
Marin poderia terminar a vida de forma mais tranquila. Simpático e cativante, sempre frequentou qualquer ambiente sem problemas. Todos os anos, passava temporadas em seu bonito apartamento em Nova York.
O governo federal não o quer na presidência do COL. E a FIFA não o quer na presidência da CBF. Mas ninguém encontra meios, senão os morais, para destitui-lo. Qualquer intervenção à força não será bem recebida. Por isso, a saída vai depender exclusivamente de Marin.
E depois?
Um dos problemas da FIFA e do governo federal é saber exatamente quem será escolhido para o caso de um pedido de demissão. Marco Polo del Nero, dizem várias autoridades, é da mesma laia de Marin. Ronaldo Fenômeno é muito comprometido com contratos publicitários, suas empresas e também pode ser contestado.
Estamos a quase um ano da Copa do Brasil e só há uma certeza: em junho de 2014, durante a abertura do evento, do lado direito de Dilma Roussef estará Joseph Blatter. E do lado esquerdo?
(*) Comentarista de esportes, com diversas Copas e dez Olimpíadas no currículo, Márcio Bernardes é âncora da Rede Transamérica de Rádio, professor universitário e colunista da brpress. Fale com ele pelo email [email protected] , pelo Twitter @brpress e/ou Facebook.
