Juventude positiva
(São Paulo, brpress) - Brincadeiras, música, dança, muita cor e sorrisos numa festa para jovens soropositivos. Por que não? Por Juliana Resende.
(São Paulo, brpress) – Natal tem destas coisas, ou melhor, surpresas. Afinal, quem espera encontrar alto astral, brincadeiras, música, dança e tanta cor e sorrisos numa festa para crianças e adolescentes com HIV? Foram estes os ingredientes que fizeram do evento, no hospital Emílio Ribas, no último sábado (10/12), um festão.
E por que seria diferente? Bem, todos sabem (ou deveriam saber) que a Aids é, hoje em dia, uma doença crônica e tratável, como o diabetes. Aquela imagem do soropositivo se definhando, como acontecia antes de descobrirem os remédios para controle do vírus HIV, não passa de um mito atualmente. O que ainda persiste, apesar de os portadores deste vírus terem vida normal desde que tratado o problema, é o preconceito. Ah, essa é a maior doença!
Presença amiga
“O bicho-papão não é tão feio como apontam”, brinca o padre João Inácio Mildner, capelão do hospital. “Sabemos que Aids é coisa séria, mas são raros os óbitos. É uma questão de ser cuidar, caso contraia o vírus, e principalmente se cuidar para não ser contaminado. Sabemos também como é importante e bonito a presença amiga que temos sido para os soropositivos há 20 anos”.
Esse clima de amizade e companheirismo podia ser sentido entre os 130 voluntários e entre os cerca de 700 jovens pacientes do Emílio Ribas. Com pinturas nos rostos e cabelos, a galera deu um show de animação na festa natalina, uma das três anuais, que celebram, além de datas, a alegria de viver. Todo mundo entrou no clima e foi “contaminado” pela energia “contagiante”.
Nem quando desceram as crianças da internação houve espaço para tristeza na festa. “Há muitos órfãos da geração que morria de Aids. Geralmente, são cuidados pelas avós e encontram aqui grande apoio”, conta a médica pediatra Elisa Miranda Aires. Ela ressalta o trabalho inclusivo e agregador do grupo Poder Jovem. “Eles fazem várias atividades, como teatro, e namoram bastante em si”, revela.
Para a Dra. Elisa, a adolescência, que já traz uma série de dúvidas e contestações naturalmente, pode ser o período mais complicado e até revoltante para quem é soropositivo. “É nesta fase que o diálogo aberto que temos aqui é muito importante, pois é a base de como o jovem vai encarar sua condição e sua vida adulta”.
Além dos brinquedos e roupas, distribuídos entre os presentes, havia cestas natalinas e kits escolares, contendo materiais básicos como cadernos, lápis de cor e demais itens de papelaria para o próximo ano letivo. “Tudo é fruto de doações”, diz padre João. Mas é essa moçadinha que dá o maior presente: inspiração e amor à vida.
(Juliana Resende/brpress)