
HRW culpa governos abusivos por crises humanitárias
Human Rights Watch aponta ‘posturas irresponsáveis e perigosas’ que isentam crimes contra humanidade.
(brpress) – Gaza é onde a crise humanitária mais preocupa com a chegada de Donald Trump à presidência dos EUA – o maior apoiador de Israel.
No entanto, pouca (ou nenhuma) mudança na política externa então conduzida pelos democratas com relação ao conflito pode acontecer.
“Governos que se posicionam publicamente em defesa dos direitos humanos, mas ignoram os abusos cometidos por seus aliados, abrem espaço para aqueles que questionam a legitimidade do sistema de direitos humanos”, diz a diretora-executiva da ONG internacional Human Rights Watch (HRW), numa alfinetada no governo Biden.
“A política externa do ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, demonstrou um duplo padrão em relação aos direitos humanos”, afirma Hassan.
É que Biden forneceu armas a Israel apesar das violações generalizadas do direito internacional em Gaza, ao mesmo tempo em que condenou a Rússia por violações semelhantes na Ucrânia.
Governos abusivos
Advogada e assistente social com ampla experiência em trabalhar com indivíduos e comunidades lutando por seus direitos e por justiça, Hassan falou a jornalistas no lançamento do Relatório Mundial 2025, 35ª edição da publicação da HRW, do qual a brpress participou.
“Essa postura irresponsável e perigosa acaba isentando governos abusivos”, ressaltou, se referindo a Israel. O exército israelense matou mais de 44 mil pessoas e feriu pelo menos 104 mil, desde a escalada das hostilidades em 7 de outubro de 2023.
“Os crimes de guerra lá cometidos precisam ser levados em conta e devem ser responsabilizados”, afirmou Hassan.
Para a HRW, o cessar-fogo traz algum alívio mas não é uma solução por si para a crise humanitária. Quase todos os palestinos em Gaza foram deslocados à força, e todos enfrentaram grave insegurança alimentar ou fome.
Extremistas
O Relatório cita o racismo, o ódio e a discriminação como impulsionadores de muitas das mais de 70 eleições nacionais realizadas em 2024. Líderes autoritários ganharam espaço com sua retórica e políticas discriminatórias.
“Nos Estados Unidos, Donald Trump ganhou a presidência pela segunda vez, levantando preocupações de que seu novo governo poderia repetir e até ampliar as graves violações de direitos de seu primeiro mandato”, descreve o documento.
“Da mesma forma, nas eleições para o Parlamento Europeu de 2024, os partidos de extrema direita tiveram vitórias significativas, explorando o sentimento anti-imigrante e a retórica nacionalista para promover políticas que ameaçam as comunidades minoritárias e enfraquecem as normas democráticas”, continua.
Na Índia, o discurso de ódio do primeiro-ministro Narendra Modi na campanha não lhe garantiu a maioria eleitoral que ele desejava, mostrando que, mesmo diante de desafios sistêmicos, a democracia ainda pode conter o poder.

Sudão, Ucrânia e Haiti
Resumindo, 2024 foi marcado por conflitos armados e crises humanitárias que expuseram o desgaste das proteções internacionais para civis e o custo humano devastador.
Isso inclui casos horríveis de inação internacional e cumplicidade em abusos que aumentam as crises humanitárias, principalmente em Gaza, mas também no Sudão, na Ucrânia e no Haiti.
Afeganistão, China e Síria
O Relatório da HRW aponta o avanço da repressão às mulheres, meninas e grupos minoritários pelo Talibã, no Afeganistão, além da nova lei repressiva de segurança nacional em Hong Kong, imposta pela China, para sufocar a oposição.
Embora ainda seja muito cedo para dizer o que o futuro reserva para a Síria, a fuga do presidente Bashar al-Assad retrata os limites do poder autocrático. Autocratas que dependem de outros governos para manter seu regime repressivo são suscetíveis às mudanças nos interesses políticos de seus aliados.
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