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Fernando CeylãoFernando Ceylão

Comédia em pé

(Curitiba, brpress) – Maior sucesso do Festival de Curitiba é o Risorama, reunindo humoristas da cena stand-up comedy, como Diogo Portugal. Lucianno Maza riu muito.

(Curitiba, brpress) – Com centenas de espetáculos, muitos dedicados ao drama e a experimentação, é inegável que, no que diz respeito ao público, o maior sucesso do Festival de Curitiba é a programação do Risorama.

 O evento arrasta mais de mil pessoas por noite – incluindo várias sessões extras – para assistir a apresentações de diversos humoristas da cena stand-up comedy do Brasil, como Rafinha Bastos, Oscar Filho, Marcelo Mansfield, Nany People, e Diogo Portugal – este último, organizador do evento.

Comédia em pé

 O termo, em inglês, classifica o gênero de apresentações de humor comandadas por um único comediante, que se dispõe em pé diante da plateia e, sem artifícios como caracterização de personagem, faz piadas sobre o cotidiano, geralmente por um viés crítico e de humor negro.

 Este estilo, que explodiu nos anos 60 e 70 nos Estados Unidos, é hoje o maior vendedor de ingressos nos teatros do Brasil. Mas como isso aconteceu? Fernando Ceylão, considerado o precursor brasileiro da stand-up como a conhecemos hoje, conta que , em seu primeiro show, em 1998, dois terços do texto de divulgação era uma longa explicação do que era essa linguagem.

 Jô e cia

 “Era o que depois veio a resultar no tal do dogma da stand-up que corre por aí”, diz  Ceylão. Para o ator, também dramaturgo e diretor, o estilo de apresentação é uma continuidade do humor que já era feito no país por José Vasconcelos, Jô Soares, Chico Anysio e Agildo Ribeiro.

 No entanto, esse humor era mais americanizado em termos formais, numa tentativa de torná-lo mais parecido com o trabalho de Jerry Seinfeld (ator americano que fez grande sucesso, no teatro e televisão, com seu humor de observação).

 “Então, no fundo, a stand-up caiu no gosto popular dos brasileiros porque sempre esteve em voga, apenas mudaram o nome da coisa. Antes chamavam de show de humor, agora americanizaram mais ainda. É coisa de classe média brasileira, que adora um nome em inglês pra se sentir especial”, afirma o artista.

 Americanizado

 Em resposta a este processo de americanização do gênero, um quarteto de humoristas cariocas fundou o Comédia Em Pé, grupo batizado com a tradução literal do termo. Para Fábio Porchat, integrante do grupo, e participante do Risorama em Curitiba, a stand-up exerce importante função junto aos espectadores, atraindo um público que nunca tinha ido ao teatro, ou que já havia desistido de ir nele.

 No entanto, para ele – que é responsável, também, por espetáculos dramáticos e experimentais – a classe artística ainda não digeriu a força e arte da comédia feita em pé: “Existe um preconceito muito grande da classe teatral. Um preconceito burro, pois a stand-up não só é teatro, como anda de braços dados com ele. Há dramaturgia, há representação e há plateia”.

CQC

O sucesso da stand-up comedy ultrapassou o palco, chegando a programas de televisão, como o badalado programa CQC, da Band – do qual fazem parte Rafinha Bastos e Oscar Filho, dentre outros –, o número de comediantes inflou, e, com eles, vieram muitos aventureiros.

 Ben Ludmer, ator e mágico, está no Mish Mash, outro evento do Festival de Curitiba que aposta no humor em seu show de variedades, e crê em um processo de seleção natural: “Acredito que, nos próximos dois ou três anos, haverá uma divisão dos que vieram fazer um bom trabalho, e dos que acham que são estrelas, mas não passam de cometas. Devido à popularidade da comédia stand-up, muita gente ruim apareceu de um ano pra cá, e poucos bons… Os bons vão achar seus caminhos, muitos já acharam, seja na televisão ou no teatro”.

 O certo é que, ao fim de uma hora, ou mais, de um bom show de stand-up comedy, o público parece satisfeito, e recompensa o artista, aplaudindo efusivamente: em pé, é claro.

(Lucianno Maza, do Caderno Teatral, viajou a convite do Festival de Curitiba/Especial para brpress)

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