Queda de braço no Bric
(Londres, brpress) - Ambas as nações, que disputam lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU, tendem a ocupar papel cada vez mais crucial na política mundial. Por Isaac Bigio.
Isaac Bigio*/Especial para brpress
(Londres, brpress) – No início de novembro, Índia e Brasil foram manchetes em todo o mundo. O Brasil elegeu pela primeira vez uma presidenta e a Índia recebeu a maior comitiva de Obama em todo seu mandato. Ambas as nações, que não estão longe de conseguir um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU, tendem a ocupar um papel cada vez mais crucial na política mundial.
Em duas décadas, a Índia terá passado do segundo para o primeiro lugar na lista dos países mais populosos de todos os tempos, e em quatro décadas saltará da décima primeira posição na economia do planeta para disputar o segundo lugar com os EUA.
O Brasil, que hoje tem a oitava maior economia do mundo, em 2050 passaria a ocupar o quarto lugar da produção mundial, atrás da China, EUA e Índia. Nas próximas quatro décadas, o Brasil multiplicaria por 7 sua produção per capita. Em 2050 o Brasil superaria a atual produção por habitante que hoje têm os EUA, potência que, naquele momento, teria apenas duplicado seu atual nível.
Bric
Brasil, Rússia, Índia e China formam o Bric, bloco das economias emergentes que tende a substituir a liderança das atuais potências de países com menor tamanho e população.
A China é quem possui hoje a maior população e os mais acelerados ritmos de crescimento. A Rússia despontou quando sua economia entrou em bancarrota e passou de uma economia estatizada e planificada a um regime de livre empresa privada.
A China vem buscando combinar comunismo e mercado. No entanto, na medida em que este “combinado” se mostre inviável, o dragão do Oriente poderá acabar prisioneiro de suas próprias chamas e queimado por uma forte tensão social interna.
Índia e Brasil, diferentemente de Rússia e China, nunca tiveram economias nacionalizadas planificadas por um partido comunista único. Ambas sempre foram repúblicas capitalistas. A democracia multi-partidária sempre caracterizou a Índia desde sua independência, há seis décadas, e o Brasil desde há mais de um quarto de século.
Prós e contras
A Índia é o único dos quatro países do Bric que tem o inglês como língua oficial. O Brasil. por outro lado, tem as suas próprias vantagens. De todos os Bric, é o único que é homogêneo linguisticamente (mais de 99% de sua população fala português) e que carece de qualquer tensão armada a nível interno ou externo – enquanto que todos os outros três Bric têm problemas limítrofes, choques inter-étnicos, separatismos e insurgências.
O Brasil é também o único dos Bric que vem conseguindo hegemonizar pacificamente seu sub-continente e também alcançando certa estabilidade e consenso estratégicos entre seus blocos de governo e de oposição.
(*) Analista de política internacional, Isaac Bigio lecionou na London School of Economics e assina coluna no jornal peruano Diario Correo. Fale com ele pelo e-mail [email protected] Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. , pelo Twitter @brpress e pelo Blog do Leitor. Tradução: Angélica Resende/brpress.