Jovens estão bebendo mais, mostra pesquisa
36% beberam mais de cinco unidades alcoólicas ede duas horas, nos últimos 12 meses, e 25% nos últimos 30 dias. Por Gabriel Bonis.
(brpress) – Jovens estão bebendo além da conta, mostra uma pesquisa inédita realizada pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e o Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, divulgada em julho de 2010. O estudo traça, pela primeira vez, o mapa do uso de substâncias ilícitas, tabaco e álcool entre universitários brasileiros, apontando elevados níveis de consumo – mais que entre a população em geral.
Dos jovens pesquisados, 36% beberam mais de cinco unidades alcoólicas, em um período de duas horas, nos últimos 12 meses e 25% nos últimos 30 dias. As doses estão cima das recomendações médicas e, se mantidas por tempo prolongado, podem levar à cirrose ou danos pancreáticos, além de vários tipos de câncer.
“Todo consumo de álcool implica certo risco. Mas evidências indicam que até duas doses por dia para homens e uma dose para mulheres é um padrão relativamente seguro”, afirma o psiquiatra Luís Pereira Justo, do Centro de Apoio Centro de Atenção Psicossocial/Álcool e Drogas (CAPS AD), da prefeitura de São Paulo.
“O consumo nestas doses pode até ser benéfico para prevenir alguns problemas cardiovasculares. Mas para as mulheres, é possível que o consumo mesmo de uma só dose [cerca de 13,5mg] por dia aumente o risco de câncer de mama”, ressalta Justo.
O I Levantamento Nacional sobre Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários foi conduzido nas 27 capitais brasileiras, envolvendo mais de 18 mil estudantes de instituições privadas e públicas. Eles responderam a um questionário com três medidas sobre o consumo de drogas: se experimentou em algum momento da vida, se utilizou ao menos uma vez nos últimos 12 meses e se fez uso pelo menos uma vez nos últimos 30 dias.
Drogas ilícitas
Os dados mostram que 49% dos entrevistados já experimentaram alguma droga ilícita pelo menos uma vez e 40% utilizaram dois ou mais tipos destas substâncias nos últimos 12 meses. Porém, apesar dos altos números, a possibilidade de dependência não é o único fator a ser analisado.
Segundo dados de 2008 da Undoc, agência da ONU para combate às drogas e ao crime, cerca de 5% da população mundial na faixa etária de 15 a 64 anos se qualifica como usuária de drogas ilícitas – sendo que, em 2007, o número ficou entre 172 e 250 milhões de consumidores.
Porém, a parcela dos considerados dependentes está abaixo de 0,6%, estimada na casa de 18 a 38 milhões de indivíduos. Em relação ao álcool, os números são mais elevados: dos 75% da população entre 12 e 65 anos que já fez uso da substância, 12,3% desenvolveram dependência.
Consumo X vício
Consumo não significa necessariamente vício, como o próprio levantamento Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas confirma, ao estabelecer em 22% a estimativa dos universitários em risco de se tornarem adeptos de álcool e 8% de maconha. No entanto, isto não significa passe livre para as drogas. A utilização de substâncias ilícitas, álcool e tabaco ainda na juventude apresenta riscos à saúde, principalmente se em excesso e por tempo prolongado.
“Quanto mais cedo se inicia o consumo de álcool ou outras drogas, maiores são os riscos de problemas futuros, tanto relacionados ao uso nocivo e dependência, como ligados ao aumento do risco de aparecimento precoce de outros transtornos mentais e doenças de diversos sistemas biológicos”, explica o psiquiatra do CAPSad – Centro de Apoio Centro de Atenção Psicossocial/Álcool e Drogas, Luís Pereira Justo.
(Gabriel Bonis, especial para brpress)
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