
Like a Rolling Stone em Cuba
Premiada fotógrafa de rock Jill Furmanovsky conta como foi show dos Rolling Stones em Cuba. Por Juliana Resende
(Londres, brpress) – Fundadora do Rockarchive, um arquivo de fotos que contam a história do rock, a fotógrafa musical Jill Furmanovsky foi uma das felizardas que não só assistiu ao show dos Rolling Stones em Cuba, mas fotografou a banda na ilha. Quase a personificação de Like a Rolling Stone, clássico de Bob Dylan.
No entanto, não há sequer uma imagem desse histórica apresentação na mostra Exhibitionism, que celebra os 50 anos dos Stones. Provavelmente, não deu tempo para esses registros serem incluídos na montagem.
Mas certamente daria para incluir o retrato que Jill fez de Charlie Watts, com o qual ganhou o prestigioso prêmio Jane Bown Observer Portrait Award, em 1992.
Projeção
Para se ter uma ideia da envergadura do trabalho de Jill Furmanovsky e da extensão de sua ficha corrida de serviços prestados ao rock n’roll, ela foi convidada pela Embaixada Britânica para fotografar o show dos Stones em Cuba, no final de março.
Em Havana, Jill projetou 100 imagens da banda na rua, antes do show. “Foi uma noite que certamente nunca vou esquecer”, disse ela, em entrevista exclusiva à brpress, de volta a Londres, onde mora e trabalha.
Você poderia descrever o clima do show dos Stones em Cuba?
Jill Furmanovsky – Eu fui a Cuba, a convite da Embaixada Britânica, para fazer um evento que antecedeu o concerto dos Rolling Stones em Havana.
Primeiro, fiz uma palestra na Fototeca, mostrando 100 de minhas próprias imagens, uma retrospectiva da minha carreira.
Depois, fizemos uma apresentação de slides do Rolling Stones ao ar livre, com imagens de 1963 até o presente, acompanhadas por músicas da banda.
Aquilo ajudou a colocar as pessoas no astral do show e acabou se transformando numa pista de dança em plena rua.
Algumas críticas disseram que o show dos Stones em Havana foi histórico não por marcar culturalmente a retomada das relações com os EUA, mas por causa da animação dos cubanos. Você concorda?
JF – O entusiasmo do público realmente era contagiante. Ninguém podia acreditar que o show realmente aconteceria até que a banda subiu no palco, no dia seguinte.
Nesse ponto, o grande público explodiu de alegria e foi uma festa de duas horas e meia, com a melhor trilha sonora possível.
O show foi tão emocional para a banda quanto para o público, como Mick ficava dizendo entre as músicas em seu excelente espanhol.
Quem teria pensado até um ano atrás que Obama iria visitar Cuba e ser seguido alguns dias depois pelos Rolling Stones!? Foi uma noite que eu nunca vou esquecer, com certeza.
Você ganhou o prêmio Jane Bown Observer Award com um retrato de Charlie Watts, em preto e branco. Como essa foto foi feita? Você tem uma relação próxima com a banda?
JF – Não, eu não tenho uma relação próxima com a banda, apenas com Charlie Watts.
A imagem que você mencionou, o retrato dele, foi feita com uma luz única, em um quarto de hotel, com um lençol na parede durante uma entrevista, Ela foi tirada com uma câmera Hasselblad.
E suas fotos do show dos Stones em Havana? Quando e onde pretende expô-las?
JF – Vou publicar algumas fotos em breve no site do Rockarchive, com um texto sobre a experiência em Cuba. Também é possível que a Q Magazine publique alguma coisa.
Leia mais sobre o trabalho de Jill Furmanovsky e sobre as exposições A Chunk of Punk e Silhouettes & Shadows, sobre David Bowie.
(Juliana Resende, brpress)
#brpressconteudo #rollingstones #cuba
Atualizado em 03/03/2025