Dezessete anos de solidão

(brpress) - Foi o tempo que o inglês Gerald Martin se dedicou para pesquisar e escrever a mais abrangente biografia de García Márquez, Uma Vida. Por Lucianno Maza

(brpress) – Um dos maiores escritores da América Latina, o colombiano Gabriel García Márquez,  tem suas diferentes facetas reveladas na mais completa biografia já feita sobre o escritor: Gabriel García Márquez: Uma Vida (Ediouro, R$ 89,90), um compêndio de mais de 800 páginas que reúne o trabalho de 17 anos do professor inglês Gerald Martin, que se dedicou a pesquisar e entrevistar personagens fundamentais na vida de Márquez.

Gabo, como é conhecido, se consolidou nos anos 1960 ao lançar sua obra-prima, Cem Anos de Solidão, que estabelecia o que viria se chamar de realismo fantástico. No clássico, ele conta a saga da família Buendía. Já nos anos 1980, um Prêmio Nobel de Literatura o consagraria definitivamente como maior autor sul-americano, e mais um de seus romances entraria para a história: O Amor Nos Tempos do Cólera.
 
Política

    García Márquez tem importância fundamental não apenas no contexto das artes, mas também na complexa história política da América Latina. Sua militância começa quando atuava como jornalista na juventude. Mais tarde, já como a figura pública que se tornou, passa a emitir opiniões que, ao mesmo tempo, que são contundentes abrem espaço para discussão, como seu apoio ao ditador cubano Fidel Castro.

O escritor, de origem humilde e abandonado por seus pais, se tornou conhecido também como um amante inveterado que, por onde passou, angariou muitas paixões.

Fantásticas

    O biógrafo Gerald Martin realiza um trabalho meticuloso e sem perder a paixão que o move a contar as histórias fantásticas de seu biografado, extraindo especial resultado quando contrapõe a realidade pela qual Márquez passava e como ela era transposta para suas obras – mostrando o quanto a memória real do autor está intrinsecamente ligada às suas criações.

    Passagens como a que narra o episódio em que Márquez e sua mulher tentavam, com pouco dinheiro, enviar os originais de Cem Anos de Solidão para um editor argentino, são vigorosas, enquanto as entrevistas, como a com o amigo Fidel Castro, revelam um pouco mais profundamente as impressões de importantes nomes da história para a figura amada – e controversa – do escritor.

    Em 2009, após o lançamento da biografia na Inglaterra, Márquez anunciou que havia se aposentado e não escreveria mais, sendo Memória de Minhas Putas Tristes, de 2004, seu último romance. Não por acaso, narra as reminiscências de um homem às vésperas de completar 90 anos, como o próprio Gabo que, neste ano, chegou aos 83.
 
    Imponente, a biografia recém-lançada no Brasil é uma obra indispensável a apaixonados pela literatura de Márquez, e interessados em conhecer um pouco mais a história da América Latina.

(Lucianno Maza/Especial Para brpress)