Cenas homofóbicas dos próximos capítulos
(São Paulo, brpress) - A TV no Armário discute homofobia da programação da televisão brasileira, incluindo novelas e coberturas jornalísticas. Por Valmir Costa.
(São Paulo, brpress) – Quando um grupo de militantes LGBT se revoltou com a presença dos repórteres Carioca e Cezar Polvilho, do programa humorístico Pânico na TV, durante a 1ª Marcha Nacional contra a Homofobia, realizada em Brasília, no dia 19 de maio, tinha certeza do que o livro A TV no Armário (Edições GLS, 136 págs., R$ 31,90), de Irineu Ramos Ribeiro, viria a calhar com o tema a homofobia da programação da televisão brasileira.
Lançado na semana passada, o livro, de autoria do jornalista e mestre em comunicação, aprofunda a discussão do tema muito além do que os olhos dos espectadores veem diante da TV – inclusive os homossexuais, que acreditam que os programas de humor não são discriminatórios, ou seja, acreditam que a telenovela mostra o gay de forma a dar visibilidade à diversidade sexual e que os telejornais cumprem a sua função quando mostram os homossexuais.
Teoria Queer
A discussão de Irineu Ramos se pauta na obra Queer Theory [Teoria Queer], do francês Michel Foucault (1926-1984). Com a Teoria Queer – que trata de estudos sobre homossexualidade nos campos da cultura, sexualidade, ciências sociais e humanas, filosofia, literatura, artes, entre outras áreas –, o autor mostra a TV como um “aparelho ideológico” muito além da sua função de entretenimento e informação.
Por conta da audiência e da lucratividade em torno dos homossexuais, o autor se debruça na postura dos canais de TV diante do tema, nos mais variados programas, “pouco condizente com a complexidade existente nos seres humanos”, segundo ele.
Forma jocosa
A partir do programa A Tarde é Sua, apresentado por Clodovil Hernandez (1937-2009), perpassando pelas “inocentes” piadas do Louro José, no programa Mais Você, apresentado por Ana Maria Braga, Irineu Ribeiro constata que, em geral, “o gay é tratado de forma pejorativa e lembrado com linguajar jocoso”, escreve.
O período da análise do autor limita-se a 2008 e 2009. Por isso, ficam de fora outros programas mais atuais como o CQC (Custe o Que Custar), da Band. Basta salientar a cobertura da 14ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, dia 06 deste mês, quando o repórter Danilo Gentili usou do autoproclamado “humor inteligente” para tratar homossexuais de forma hostil. Realmente, a televisão brasileira precisa ler o livro de Ribeiro para sair do armário.
(Valmir Costa, do MundoMais/Especial para brpress)