Comer como exercício de ética
(brpress) - Em Comer Animais, jornalista Jonathan Safran Foer se insere no debate que permeia a questão alimentar nos nossos dias e investiga agricultura industrial.
Em seu primeiro livro de não-ficção – um livro reportagem embebido na melhor essência do new jornalismo –, Comer Animais (Ed. Rocco, 320 págs., R$ 41,50, finalmente traduzido para o português, o americano Jonathan Safran Foer (autor do premiado Tudo se Ilumina) se insere no debate que permeia a questão alimentar nos nossos dias e mergulha no mundo da chamada “agricultura industrial”, nos Estados Unidos – a maior do mundo e na qual se baseia o modelo de produção em massa de alimentos.
Manifesto e opção
Mais do que discutir motivações pessoais para vegetarianismo – para ele, não a única maneira de comer com ética e saúde, pois há ainda a difícil opção de comprar carnes e outros alimentos de produtores locais, de bichos criados com menos insalubridade e sofrimento –, Safran Foer mostra, acima de tudo, que comer é um manifesto e uma opção que pode ser feita de maneira consciente e de acordo com os valores de cada um. Mas ainda assim, como exercício de ética, é fato: a maneira como nos alimentamos em escala industrial não será sustentável por muito tempo mais.
Sem esquecer a importância que o ato de comer representa nas mais diversas culturas – pois, como basicamente até a Bíblia ensina, é à mesa que se forja a fraternidade social –, Safran Foer propõe um debate sobre o consumo alimentar de animais. O escritor defende um retorno aos antigos métodos de criação, menos traumatizantes para os animais e para os ecossistemas. Aos leitores carnívoros, o autor pede que reflitam sobre a decisão moral de comer outro ser vivo e que, se necessário, lutem por mudanças que permitam aos animais serem tratados com compaixão e dignidade.
(Juliana Resende/brpress com redação brpress)