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FOTO - Escritora Sasha Cagen relançaFOTO – Escritora Sasha Cagen relança

Quirkyalone: antes só…

(Rio de Janeiro, brpress) - ... do que você sabe! É sobre individualidade e felicidade que trata esse manifesto/estado de espírito. Por Juliana Resende.

(Rio de Janeiro, brpress) – Um manifesto para românticos irredutíveis ou uma declaração de independência radical? Nem um nem outro. O livro Sósingular – Um Manifesto Para Romanticos Irredutíveis (Ed. Francis,160 pág. R$ 26,50) é sobre um comportamento, um estilo de vida, uma maneira de ver o mundo – onde, não é, ao contrário do que diz a música, impossível ser feliz sozinho. Desde que foi editado no Brasil, em 2006, o livro vem ganhando proporções além do papel e se transformou num movimento, encabeçado pela autora Sasha Cagen. Ela está no Rio, onde relança o livro na Flist – Feira Literária de Santa Teresa, neste domingo (16/05), no Terra Brasilis, às 15h.

Sasha e seus seguidores, arregimentados no site quirkyalone.net, defendem que “não somos apenas metades de casais: somos indivíduos distintos – tão completos e potencialmente felizes sozinhos quanto somos com nossas famílias ou amantes”. Sósingular (tradução horrível do inglês “quirckalone”) é uma pessoa interessante e “cool” que não só é solteira mas como curte esse estado civil. Não que ela se oponha a ter um relacionamento. É que geralmente prefere estar sozinha a ficar ou namorar só para fazer parte de um casal.

Identifique-se

Com características únicas e espírito positivo, o quirkalone cultiva uma personalidade que transcende seu estado civil. É romântico, idealista, independente. Você é assim ou conhece alguém que seja? Você acredita que a vida possa ser próspera e ótima com – ou sem – um(a) companheiro(a)? Dá o mesmo valor às suas amizades e aos seus relacionamentos românticos? São os seus instintos que o guiam nas suas decisões mais importantes? Você está com freqüência entre os primeiros a irem para a pista de dança? Se todas as respostas forem positivas, considere-se um sósingular.

Em pares ou sozinhos, homens ou mulheres, locomotivas sociais ou bichos do mato, os quirkalones sempre estiveram entre nós e, claro, chamaram atenção dos demais – seja por preconceito e/ou inveja de sua segurança e capacidade de curtir a vida sem necessariamente um outro à tiracolo. E, por meio do livro/movimento, essa intrépida tribo ganhou não só nome, como voz.

Mulheres

No livro Sasha Cagen faz estudos de caso, baseados em depoimentos e pesquisas de comportamento. De acordo com a ensaísta política e analista social, Barbara Ehrenreich, “Cagen está fazendo algo que pode ser tão importante para as mulheres quanto A Mística Feminina, de Betty Friedan, foi nos anos 60.

Os ensaios da escritora foram publicados no jornal Village Voice e na revista Utne. Ela é editora-fundadora da To-Do List, uma revista que usa a idéia de listas de tarefas para explorar os detalhes da vida cotidiana.

To-Do List foi escolhida a Melhor Nova Revista de 2000 pelos leitores no Prêmio Utne de Imprensa Alternativa. Nativa de Rhode Island, Sasha vive em São Francisco, mas decidiu passar uma temporada no Rio – sozinha, por que não? Ela conversou com a brpress sobre o livro/movimento.

Como lhe veio a ideia de transformar um estilo de vida nesse conceito de Sósingular?

Sasha Cagen – Eu tinha 25 anos na época, e tinha essa imagem na minha mente de uma mulher andando sozinha na rua, com orgulho e certeza, e também um pouco triste e à procura de algo ao mesmo tempo. Comecei a ver a mesma imagem em anúncios e programas de TV, como Sex and the City e Ally McBeal. Tive essa estranha sensação de um clique: algo que eu estava pensando de forma muito privada e interna estava sendo refletido na cultura pop em larga escala.

Então introduzi o conceito quirkalone em um ensaio na revista To-Do List. Em seguida, o texto foi republicado na Utne. Esse ensaio teve uma reação muito grande. Eu tenho literalmente milhares de e-mails de pessoas dizendo, “Oh Meu Deus, eu pensei que eu era o único no planeta que se sentia dessa forma”. Senti como se tivesse realmente que desenvolver mais o conceito. Por isso, tornou-se um livro, uma data (na maior parte do mundo, em 14 de fevereiro como alternativa ao Valentine’s Day), e, por fim, um movimento.

O ser sósingular é mais comum em garotas do que garotos? Por quê?

SC – Sim, eu fiz um levantamento da comunidade sósingular. Mais de 80% são mulheres. As mulheres necessitam mais de uma alternativa, um arquétipo positivo sobre ser solteira. Os homens já têm formas positivas para pensar sobre sua solteirice. Mas para as mulheres há muito mais ansiedade, a pressão vem dos pais, da sociedade ou delas mesmas.

Você ainda é uma sósingular? É algo que pode continuar sendo mesmo quando encontrar um parceiro ou é um estado inerente de existência como indivíduo?

SC – Eu sou ainda uma sósingular e a ideia é que você sempre pode ser sósingular, mesmo se estiver com um parceiro, namorado ou completamente solteira. A ideia é você manter as melhores partes de ser só quando você está com alguém, e continuar a honrar a si mesmo como um indivíduo, seguindo suas próprias paixões e amizades, e nunca olhando para amigos solteiros como se tivessem uma doença e precisassem de um relacionamento para se curar.

Eu estou definitivamente em uma viagem sósingular agora. Decidi viajar sozinha em 2010 e vim para o Brasil. Estou experimentando a vida no Rio de Janeiro. E estou usando meu tempo procurando coisas novas que amo fazer, como aprender novas danças, por exemplo, o zouk e o samba de gafieira.
Como você definiria uma sósingular brasileira? Existe algo de especial, semelhanças ou diferenças, entre nacionalidades e o status?

SC – Quando digo sobre o sósingular aos brasileiros e que o livro é publicado aqui em português, algumas pessoas ficam surpresas, porque elas dizem que as mulheres brasileiras são muito definidas por suas relações com os homens e que nenhuma quer ser solteira. Mas há tantos diferentes tipos de pessoas no Brasil! Também conheci muitas mulheres e homens que dizem “é absolutamente o que eu sou. Inscreva-me!” Os brasileiros têm muito prazer e alegria, e o sósingular diz respeito a encontrar prazer e alegria em sua vida, se você é solteiro ou tem um parceiro. Por exemplo, eu conheci um brasileiro que fez recentemente sozinho uma viagem de bicicleta de São Paulo para Paraty, parando em muitas praias maravilhosas ao longo do caminho. Isso parece muito sósingular para mim.

Você concorda que o sósingular nasceu como um apoio às pessoas rebeldes contra o poderio do casal que move o mundo (e as tarifas dos hotéis)?SC – Definitivamente. O sósingular é um jogo de diversão e vocabulário para conectar as pessoas que rejeitam a tirania do ser casal, a ideia de que você precisa estar com alguém para ser feliz.

Quão bem sucedido você diria que um sósingular poderia ser ao se envolver em uma aventura romântica após os 40?
SC – Boa pergunta. Acho que muitos sósingulares encontram amor e romance mais tarde porque são muito centrados em sua vida profissional, artística e em seu desenvolvimento pessoal desde muito cedo. O perigo é que você se torne tão obcecado por suas próprias maneiras que fica difícil de se misturar. Mas  você também se torna mais consciente sobre o que te faz feliz e como cuidar de si mesmo e não esperar tudo do seu parceiro para te fazer feliz. Você se torna melhor na comunicação. Essas uniões, quando acontecem, tendem a ser mais fortes.

E você se torna menos rígida sobre como um relacionamento tem que ser. Vários sósingulares mais experientes, por exemplo, podem ter seus próprios quartos ou apartamentos separados, ou viajar separadamente, bem como em conjunto, permitindo a independência dentro de um relacionamento. A ideia é fazer o relacionamento funcionar para você em vez de seguir o roteiro da sociedade.

O movimento sósingular considerar a maior possibilidade do bom sexo casual como uma das coisas preciosas da vida de solteiro?
SC – Sim. No livro falo sobre o quirkyslut, que é traduzido como “ficantesingular”, mas eu não acho que essa é a melhor tradução, pois soa demasiadamente negativa. A quirkyslut é um sósingular que continua a manter elevados padrões para um relacionamento, mas torna-se mais flexível para um encontro no sábado (ou terça-feira) à noite. Acho que as pessoas entram e saem do estado quirkyslut. Não é uma constante; vai e vem. Sexo pode ser divertido e também necessário.

Qual é a lição mais importante sósingular que você aprendeu desde que livro foi lançado?
SC – Sósingulares podem ser de qualquer idade, e viver em qualquer lugar do mundo. Quando eu comecei a escrever sobre isso, estava pensando unicamente em mulheres entre seus 20 e 30 anos, mas a resposta tem sido universalmente muito forte. Até mesmo de pessoas em seus 60 e 70 anos, depois do companheiro falecer ou um de divórcio, ou de pessoas que nunca se casaram.

Quais são os sinais mais comuns de um sósingular em potencial?
SC – A vontade de considerar uma aventura por conta própria, seja ela simples como ir à praia ou viajar pelo mundo.

Estar sozinha e aproveitando a vida é um ato de resistência já digerido pela sociedade ou ainda há muito preconceito contra a mulheres solteiras?
SC – Eu acho que homens solteiros enfrentam o preconceito também, e as pessoas tomam isso como se o solteiro não fosse feliz ou fosse imaturo e com medo de compromisso. As pessoas ainda são ameaçadas pela ideia de que a vida não é uma série de passos automáticos que todos deveriam ter. Por exemplo, no Nordeste do Brasil, eu conheci homens que me disseram que cada mulher deve se tornar mãe e que, se ela não o fizer, não está realmente cumprindo seu papel feminino. As ideias estão mudando lentamente em alguns lugares e mais rapidamente em outros.

(Juliana Resende/brpress)

Terra Brasilis Hostel – Rua Murtinho Nobre, 156; (21) 2224-0952

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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