Conforto, uma história francesa
(brpress) - Historiadora mostra como o conceito de luxo e estilo de vida surgiu na França do século XVII.
(brpress) – Autora do aclamado A Essência do Estilo, que revelou as origens da elegância francesa, a pesquisadora Joan DeJean revisita a Paris do Rei Sol e de seu sucessor Luis XV para descortinar as origens do nosso atual estilo de vida, baseado no conforto. Em seu novo livro O Século do Conforto (Ed. Civilização Brasileira, 416 págs. R$ 62,90), ela mostra como, em pouco mais de um século, o interior das residências, os móveis e o próprio modo de viver foram modificados em nome do bem-estar.
A autora revela a origem do conceito de conforto na sociedade ocidental ao analisar uma série de eventos, e mostra como a vida voltada para o conforto de hoje é um fenômeno com poucos precedentes na história ocidental.
Ideal
“Tudo começou com progressos na corte e nos meios sociais mais ricos de Paris, nas décadas finais do século XVII, que se espalharam gradualmente por outras camadas sociais e financeiras”, conta. “O resultado foi que, em meados do século XVIII, havia uma ampla aceitação do ideal de vida voltado para o conforto”.
A pesquisadora relata como o lar moderno tomou forma, com a atual disposição dos cômodos, a invenção do sofá, da água corrente, entre outros serviços essenciais.
Decoração
Segundo ela, arquitetos, antigos artesãos e os habitantes da Paris dos séculos XVII e XVIII criaram a planta baixa das residências e projetaram nosso modo de viver nelas. “Foi nessa cidade e nessa época (1670–1765) que o conforto e a informalidade emergiram como prioridades em domínios que variavam da arquitetura e da moda ao design de móveis e à decoração de interiores”, afirma DeJean.
Sofá, capítulo à parte
Hoje é difícil imaginar uma sala de estar sem sofá. Quando, no século XVII, surgiram os primeiros sofás de que se tem notícia, o resultado foi uma reelaboração radical do espaço interior.
Símbolo de uma nova era de informalidade e conforto, o sofá surgiu em uma época conhecida como “a era de ouro da conversa”. Como o primeiro móvel planejado para duas pessoas sentarem juntas, também era considerado um convite à sedução.
Nesse mesmo período, ocorreram outras mudanças nos espaços internos que hoje consideramos óbvias, como se sempre tivessem existido: quartos de dormir, banheiros e sala de estar.
Amantes
Nada disso teria acontecido sem um grupo de visionários: arquitetos lendários, os primeiros decoradores de interiores e as mulheres que moldaram os gostos de dois sucessivos reis da França: a marquesa de Maintenon, amante de Luís XIV, e marquesa de Pompadour, amante de Luís XV.
Daí em diante, suas ideias revolucionárias teriam influência direta até mesmo em áreas não domésticas, do vestuário à literatura, assim como nas questões de gênero, modificando a maneira como as pessoas viviam e se relacionavam.
Joan DeJean é autora de nove livros sobre história, literatura e cultura francesas dos séculos XVII e XVIII. É professora na Universidade da Pensilvânia, onde leciona há 20 anos. Divide seu tempo entre Filadélfia e Paris.