São Paulo de Mário de Andrade
(São Paulo, brpress) - Passeio poético do modernista pelo centro velho em O Arlequim da Pauliceia lembra filme Meia Noite em Paris.
(São Paulo, brpress) – No livro O Arlequim da Pauliceia (Geração Editorial, 296 págs., R$ 29,90), Aleilton Fonseca destaca o amor de Mário de Andrade por São Paulo, aponta novos sentidos em sua obra e acrescenta fotografias das primeiras décadas do século 20. O resultado primoroso conduz o leitor a uma viagem ao passado.
Este passeio poético pelo centro velho de São Paulo lembra o filme Meia Noite em Paris, em que Woody Allen promove o encontro do protagonista com grandes escritores e pintores da Belle Époque.
Sensorialmente, o leitor terá o prazer de andar de bonde, molhar-se na São Paulo da garoa, iluminar-se à luz dos lampiões a gás, acompanhar a construção do Teatro Municipal, da Catedral da Sé, do Edifício Martinelli, observar os transeuntes de terno, gravata e chapéu, mulheres vestidas à moda francesa, passeando entre os primeiros arranha-céus, ouvindo os ruídos dos primeiros automóveis importados e o burburinho cada vez mais rumoroso de uma Pauliceia que engatava marchas em direção a uma loucura que se desenhava e se redesenha até hoje.
Para quem nunca leu Mário de Andrade, esta obra vai despertar o seu desejo; e se já leu, vai ter uma nova leitura, uma redescoberta. “Ao tematizar a cidade de São Paulo, Mário de Andrade produz, sobretudo, uma poética do olhar. A atitude de contemplação da paisagem urbana é um dos traços mais fortes de toda a sua obra”, destaca o autor.
Segundo Aleilton Fonseca, o modernista pregava uma poesia que exprimisse os sentimentos unânimes do homem diante da agitada vida urbana. Exprimir a cidade em versos significava, para o poeta, domá-la, pô-la nas rédeas da linguagem, de novo humanizá-la, tornando-a inteligível, transparente ao sentimento humano, explica Fonseca.