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JK Rowling fala de seu novo livroJK Rowling fala de seu novo livro

‘Sou obcecada pela morte’, diz JK

(Londres, brpress) - É o que confessa autora de Harry Potter, durante leitura de trechos de seu novo livro, apropriadamente intitulado no Brasil de Uma Morte Súbita. Por Juliana Resende e Helena Alves.

(Londres, brpress) – A expectativa e o forte esquema de marketing e sigilo envolvendo o conteúdo do livro adulto de J.K. Rowling, The Casual Vacancy – apropriadamente intitulado no Brasil de Uma Morte Súbita –, cujo lançamento a brpress acompanhou no Reino Unido, ganharam uma face mais humana durante a leitura de trechos da obra pela própria autora, em disputado evento no Southbank Centre.

    O tradicional centro cultural londrino às margens do Tâmisa, cujo gigantesco anfiteatro Elizabeth Hall lotou meses antes do evento, foi uma escolha acertada da editora Little, Brown. O público veio abaixo quando, metida num conjunto de saia lápis e numa blusa preta decotada, JK deu o ar de sua graça e emprestou sua voz – “linda”, elogiaram fãs – para ler linhas do romance sobre as mazelas da vida numa cinza (não, JK não leu 50 Tons de Cinza, jurou ao Guardian) cidadezinha britânica.

     Centenas de pessoas, de todas as idades. se acotovelaram no Southbank não só para ver e ouvir a adorada Joanne – os fãs a chamam simplesmente de Jo. Alguns dos fãs de JK Rowling cresceram lendo Harry Potter e procuram agora leituras mais adultas. É o caso de duas jovens de sorriso aberto: “Esperamos que este livro seja a grande prova da escritora que ela é, que mostre que ela não é apenas a escritora de Harry Potter. Na verdade, esperamos que este livro seja algo diferente”. Outra fã, retrucou, ainda que timidamente: “Este livro não é nenhum teste, porque JK Rowling não tem de provar nada a ninguém”.

Primeira vez

    Por outro lado, na plateia havia pessoas fascinadas com a escritora e sua personalidade, mas sem ter lido um único livro até hoje. Molly Lawson, aparetando seus 50, confessou ser leitora de primeira viagem: “Provavelmente devo ser a única pessoa aqui que nunca leu a JK Rowling (risos), mas estou aqui hoje porque gosto dela, da forma dela de ser e, como não gosto de livros para crianças, esta é a oportunidade de finalmente conhecer sua prosa. Estou muito curiosa em relação livro.”

    Para duas adolescentes de 15 anos, a escritora “é uma inspiração, pois é fantástico que ela dê tanto dinheiro para causas sociais.” Na verdade, o maior interesse da multidão presente era mesmo na escritora – o que mostra que Harry Potter já é mesmo passado. “Acho-a muito interessante – como mulher e intelectualmente”, arrisco Peter Bowle, de 45.

    Havia um certo fetiche do público em vê-la, ao vivo, conversar com o mediador Mark Lawson, depois de ler um curto trecho, e – o mais esperado – adquirir uma cópia do livro (somente uma por pessoa, o que gerou certo tumulto) autografada pela diretora-mor de Hogwarts – ela mesma, uma ex-professora (não de bruxaria) na vida real. Fosse ela uma bruxa, estaríamos em maus lençóis.

Assassina

    “Sou obcecada pela morte”, declarou a escritora, no contido bate-papo.”Em Harry Potter, continuei matando pessoas”, disse,  arrancando risos nervosos da platéia, com a mesma franqueza desconcertante da resposta, ao ser perguntada sobre o que classificaria como o pior de sua vida, numa outra entrevista: “Neste momento, o fato de estar pensando que não há nada na geladeira de casa para o jantar”.

    The Casual Vacancy começa com a morte de um vereador local e narra a guerra para substituir o cargo vago em um conselho encarregado de gerir um pobre conjunto habitacional. O livro tem divido os poucos críticos que já leram. JK – que chegou a ser comparada com Charles Dickens, pelo caráter de denúncia sociopolítica que a história suscita – garantiu que, no clímax da trama, ela não ficará supresa se rolarem algumas lágrimas pelas faces dos fiéis leitores.

    As principais livrarias de Londres, como Foyles, e algumas lojas da rede WH Smith, abriram uma hora mais cedo nesta quinta (27/09), esperando hordas de leitores comprando um calhamaço com vistosa capa vermelha. Afinal, seria o grande dia do maior evento da indústria literária nos últimos 15 anos: o lançamento de um título com  2 milhões de cópias pré-vendidas online, cuja conta que alguém se atreva a fazer, multiplicando as 512 páginas de cada uma pelo número orbital dos exemplares encomendados.

Virada

    Popstar literária por conta do circo midiático e bilionário em que se transformou Harry Potter (JK é a primeira escritora da história a faturar US$ 1 bilhão, segundo a revista Forbes), a criadora da saga recheada de magia se transformou ela mesma numa máquina de ganhar dinheiro desde que o primeiro livro do bruxinho, Harry Potter e a Pedra Filosofal, ganhou as prateleiras do Reino Unido, em 1997.

    Até então, Joanne batia ponto no The Elephant House Café, em Edimburgo, sentada sempre na mesma mesa em frente a uma janela com uma vista deslumbrante para o Castelo de Edimburgo (esta repórter esteve lá  e pode conferir tal beleza gótica e, sim, mágica). Foi ali, pendurando a conta e quase sempre com um carrinho de bebê ao lado da mesa (foi mãe solteira de sua primeira filha), que JK criou a base da saga que a faria a rainha das letras. Rainha esta que, apesar de simpática à independência da Escócia, que será votada num referendo em 2014, já declarou seu voto: prefere “a união”.

(Juliana Resende/brpress; Colaborou Helena Alves/Especial para brpress)

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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