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Amy Winehouse toca bateria em sua casaAmy Winehouse toca bateria em sua casa

Na ‘house’ de Amy Winehouse

(Londres, brpress) - No 28o. aniversário da cantora, uma visita à sua casa, em Camden, até poderia render uma boa história. Juliana Resende foi atrás dela.

(Londres, brpress) – No 28o. aniversário de nascimento de Amy Winehouse – em 14 de setembro de 2011 –, uma visita à sua casa em Camden, bairro de classe média alta em Londres, poderia render uma boa história. Estudado o caminho (metrô-ónibus-metrô, entremeados por muita caminhada), parti rumo à residência da cantora antes de falecer, dois meses antes, em 13 de julho daquele ano, aos 27 anos.

Chegando à pacata vizinhança da Camden Square (parte residencial e de classe média alta do bairro de Camden, nada a ver com a muvuca do mercado turístico de mesmo nome), encontro a casa com certa dificuldade – um end terrace (espécie de sobrado) bem conservado que deveria valer umas 800 mil libras.

É uma propriedade discreta, para uma cantora no auge do sucesso em escala global. Mas perto dos bares onde gostava de beber, a poucas quadras de Camden Town.

Esperava algo mais suntuoso e demorei a achar o endereço. Não por objeção dos vizinhos, má vontade dos informantes e/ou mesmo obstrução da polícia – que era até esperada, já que as circunstâncias da morte de Amy ainda estavam sendo investigadas. Mas porque não havia mais quase nada dos mimos, saudações, flores, velas, homenagens e declarações de amor que abundavam em sua porta e numa pracinha em frente, quando a cantora amanheceu morta na cama.

Um menino negro passeando com o cachorro me guiou até a casa – aparentemente vazia.

Fantasma de coque

Aparentemente. E eu lá, com aquela cara suspeita, parada no portão da casa… Ninguém em frente, um fã sequer. Somente eu, o menino, o cão e… o fantasma de Amy. De repente, enquanto tomava coragem para tocar a campainha, aparece um vulto na janela do segundo andar; acende a luz e apaga, saindo de nossa vista.

Na igreja que fica em frente, na tal praça, ouço cânticos. Há um concerto de música clássica, mezzo sacra, embalando a cena surreal. Toco uma, duas vezes… Ninguém atende. Constrangida, já estou virando as costas e um sujeito abre o portão.

Imediatamente, identifico a figura como guarda-costas que teria encontrado Amy morta, segundo o noticiário (perdoe-me o clichê). Ele é alto, mulato, encorpado e tem um indescritível sorriso de Monalisa. Fala baixo e parece tranquilo e educado. Desconcertante, no entanto, é sua tristeza. Aliás, todo o local tem uma energia pesada, de vazio.

Anjo da guarda

O doce “armário” se surpreende quando pergunto: “Você era guarda-costa de Amy?”. Ele responde: “Por que acha isso?”. Sem graça, digo que seu porte físico justifica a suposição. Acho que foi a pergunta mais rid∑picula que fiz em toda a minha vida de repórter. Por que ele não poderia ser um músico da banda dela, um produtor, um amigo ou mesmo um namorado?

Na verdade, ele está mais para anjo da guarda, dada sua candura com estranhhos xeretas que tocam campainha da casa dos outros (como eu, são muitos – a toda hora). Como o semblante tristonho mas sereno, diz que a casa está vazia, que a família de Amy mora longe, que ela vivia no casarão sozinha.

Foram-se

“E onde estão os fãs e as coisas que eles deixam para Amy?”, pergunto, louca que ele me convide para entrar e mostre como e onde a cantora vivia. Quem sabe estava a poucos passos de ganhar o Pulitzer da bisbilhotice? “A administração regional tira as coisas todas as manhãs”, ele informa, não muito contente com essa conduta.

Mas que importância têm objetos se até aquele menina que tinha tudo – principalmente talento – deixou-se levar? Ela também se foi, e parece que levou consigo a alegria da Camden Square.

Onde quer que esteja agora, feliz aniversário,  Amy.

Juliana Resende/brpress

#brpressconteudo #amywinehouse

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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