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Nova batalha?

(Londres, brpress) - Demanda da Argentina no 30o. aniversário da Guerra das Malvinas tem como finalidade abrir brecha entre Washington e Londres, e aproveitar-se da crise europeia. Por Isaac Bigio.

Isaac Bigio*/Especial para brpress

(Londres, brpress) –  A tensão entre Buenos Aires e Londres tem se aprofundado, não apenas pelo 30o. aniversário da Guerra das Malvinas, mas pelos anúncios de explorações petrolíferas nestas ilhas.

    O cenário mudou muito nas últimas três décadas. Em 1982, a Argentina tinha uma impopular ditadura militar que estava desgastada após uma crise econômica e dezenas de milhares de mortos e torturados, e o ataque ao dito arquipélago serviu como uma válvula de escape que não funcionou, precipitando sua própria queda.

    Na época, as Juntas Militares chilena e argentina brigavam pela Terra do Fogo e Pinochet ajudou sua aliada Thatcher, que lhe devolveu o favor evitando que ele fosse a julgamento, quando foi detido, mais tarde, em Londres.

Crise

    Hoje, a região em crescimento é a América Latina, e a que está em crise é a Europa; o Reino Unido tem mais frentes de guerra (como Afeganistão, Iraque e Líbia, e as que podem se abrir na Síria e Irã) e suas forças armadas vêm padecendo de cortes orçamentários.

    A Casa Rosada tem um regime constitucional e legalizado interna e internacionalmente; Cristina Kirchner é a primeira presidenta do mundo a ser reeleita, é muito popular e conta com o respaldo de toda sua região (incluindo Chile e Brasil).

    Os EUA, por sua vez, seriam um improvável aliado de quaisquer partes neste conflito. Têm como presidente Obama (um democrata que não quer inimizades com seu “quintal” e que não possui o mesmo espírito belicista dos republicanos de Reagan que, 1982, financiava a contra-revolução nicaraguense e estava prestes a invadir Granada).

    Ainda que o cenário atual seja mais favorável a Buenos Aires que o de 1982, as possibilidades de uma guerra são menores. Um possível novo ataque às Malvinas encontraria um Reino Unido mais preparado e armado, militarizaria a Argentina ameaçando sua recuperação econômica, e poderia abrir uma “caixa de Pandora”.

    Kirchner, embora seja acusada de fazer “bulliyng” pelos moradores britânicos da ilha, não tem necessidade de arriscar-se num “tudo ou nada” para lançar-se numa desesperada invasão.

Diplomacia

    Ela sabe que mais ganharia com uma pressão diplomática, mostrando a superioridade de demonstrações e argumentos legais e pacíficos, manejados por uma popular mandatária eleita e respaldada por sua região, em alta, frente a uma Londres que deseja festejar em paz o 60o. aniversário do reinado de Elizabeth II e as Olimpíadas.

    Esta atitude da Argentina tem como finalidade abrir uma brecha entre Washington e Londres, e aproveitar-se da crise europeia e do conflito do Oriente Médio para obter concessões.

    Se a tensão aumentar, poderia até chegar a fazer do parte debate eleitoral pela prefeitura de Londres, em maio, que será decidida entre o atual prefeito conservador Boris Johnson e o pró-chavista Ken Livingstone, que declarou recentemente ter-se oposto à Guerra das Malvinas.

(*) Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics. É um dos analistas políticos latino-americanos mais publicados do mundo. Fale com ele pelo e-mail [email protected] , pelo Twitter @brpress e/ou no Facebook. Tradução: Angélica Campos/brpress.

Isaac Bigio

Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics . Tradução de Angélica Campos/brpress.

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