Matrix Resurrections é história de amor
É uma pílula difícil de engolir para os fãs da franquia cyberpunk, mas é a realidade no quarto filme da série Matrix.
(brpress) – Keanu Reeves quase pariu uma jaca quando o repórter do Guardian que o entrevistou disse que veria Matrix Resurrections (EUA, 2021) no laptop. Claro, isso seria o último recurso para um filme que esbanja estilo e efeitos especiais (e não passa muito disso). Portanto, aposte no Imax. Mesmo porque ‘Matrix 4’ só chega à HBO Max após 25 de janeiro.
Mas se você é da geração X, fisgada pelo primeiro filme, vá ao cinema sabendo que, apesar das lutas coreografadas, cenas de ação de alta octanagem, figurinos cool e referências que entendidos do universo Matrix vão pescar, o quarto filme está mais para uma história de amor – sim, é uma pílula difícil de engolir para os fãs da saga cyberpunk, mas é a realidade. O resto é The Matrix.
Conexão
A conexão de Neo (Reeves) e Trinity (Carrie-Anne Moss), mocinho e mocinha originais na trilogia que antecede a ressurreição – Matrix (1999), Matrix: Reloaded e Matrix Revolutions (ambos de 2003) –, em que agora voltam cinquentões, é a única capaz de mudar o mundo. Aquele velho mundo imbecilizante no qual ambos sobrevivem entediados e se reencontram.
Qualquer semelhança com o mundo das redes sociais, do Meta de Mark Zuckerberg e dos humanos cegos obcecados e guiados pelas telas dos celulares não é mera coincidência. A diretora e corzteirista Lana Wachowski é clara nessa analogia. Ela teve até de trazer de volta das profundezas o Merovingian (Lambert Wilson), também conhecido como Francês: um programa antigo que insiste no poder da arte e de uma boa conversa.
Deus Ex Machina
Nesse sentido, o mote da saga continua atual – a humanidade encarcerada uma realidade “virtual” comandada por máquinas que a impede de ser livre. Mas isso o primeiro filme já discutiu brilhantemente: controle, exploração, política e gênero, juntando no mesmo saco referências pop, como Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, mitologia grega, informática e a frase Deus Ex Machina (ela aparece num letreiro) como metáfora do enredo: indicar uma solução inesperada, improvável e mirabolante para terminar uma obra ficcional.
Porém, parece que o fim é só o começo – ou “uma nova chance”, como define Trinity. Metalinguagem à parte, há um cinismo nessa empreitada caça-níqueis. Infelizmente, piadas não têm o peso do impacto que o primeiro Matrix do final do século passado teve. O que vale nesse retorno é ver Neo e Trinity de mãos dadas – e não o galã de 57 anos e uma outra atriz 20 anos mais nova. Ela está lá, aos 54: com algumas rugas e sua moto para tirar Neo do torpe umbu e colocá-lo no olho do furacão.
(Juliana Resende/brpress)
Assista ao trailer de Matrix Resurrections:
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