Médico faz greve de fome por emergência climática
Cliff Kendall entrou na terceira semana sem comer exigindo mais ação do governo britânico contra mudanças climáticas.
(Londres, brpress) – O médico e ativista Cliff Kendall, 38 anos, está em greve de fome para protestar contra a falta de vontade política do governo do Reino Unido em relação às mudanças climáticas. O país foi o primeiro a reconhecer emergência climática, em maio de 2019. É a terceira semana que Kendall só ingere líquidos.
Defensor do grupo ativista ambientalista Extinction Rebellion, Kendall está sentado do lado de fora do Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial (BEIS, sigla em inglês). Ele é um dos mais de 1.100 médicos – incluindo o editor do British Medical Journal – que assinaram uma carta no mês passado apoiando a “ação direta não violenta da Rebelião da Extinção”, ONG que bloqueou estradas em Londres por uma semana em abril e interrompeu o tráfego em outras cidades britânicas.
“Como profissionais de saúde, não podemos aprovar as políticas atuais que empurram os mais vulneráveis do mundo para a catástrofe ambiental”, diz a carta. Kendall trabalhou como médico na África e vivenciou a fome de populações vulneráveis. As mudanças climáticas podem afetar a produção de alimentos em todo o mundo.
Etiópia
O médico diz que resolveu tomar esta medida extrema porque “considerando o atual cenário de vulnerabilidade de países como a Etiópia, onde a fome aumentou 30% de 2005 para 2018, o governo do Reino Unido precisa se comprometer com mais ações agora para evitar o aquecimento global”.
“Cresci vendo iniciativas como o Live Aid” – festival que aconteceu em 13 de julho de 1985, em Londres e na Filadélfia, reunindo artistas de todo o mundo para chamar atenção e arrecadar fundos contra a fome da Etiópia –, diz Kendall. “2050 é muito tarde”, lê-se no cartaz que ele segura.
O que é emergência climática
Declarar “estado de emergência climática” é reconhecer a extrema gravidade da ameaça representada pelo aquecimento global e envolve a adoção de medidas para reduzir as emissões de carbono a zero – como incentivar veículos não poluentes e evitar o desmatamento –, num prazo determinado e exercer pressão política aos governos – como o de Jair Bolsonaro (PSL), no Brasil – para que tomem consciência sobre a situação de crise ambiental.
O fato de o Reino Unido ter reconhecido emergência ambiental não obriga o governo a adotar medidas efetivas. O objetivo da moção é zerar as emissões de gases nocivos antes de 2050 e aumentar os investimentos em fontes renováveis de energia. Durante os debates na Câmara, o secretário de Meio Ambiente do Reino Unido, Michael Gove, reconheceu a existência de uma emergência, mas descartou a hipótese de declará-la.
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