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Chá-de-sumiço

(brpress) – “A gente se vê” uma ova. Seja homem, seja mulher de verdade, troque de palavras, use o código do bom-tom e da decência. A gente se vê é a mãe, a vovozinha, ora, ora. Por Xico Sá

“Toda mulher, após trinta dias de felicidade sente fome e sede de desgraça. Só não irá embora se não tiver condução.” (Antônio Maria)

Xico Sá/Especial para brpress

 (brpress) – A frase aí acima, de autoria do meu cronista predileto, não cai aqui de pára-quedas ou epígrafe gratuita de citador profissa. Ela explica muita coisa. Repare: 

Nas metrópoles gigantescas como SP, BH, Rio, Salvador, Porto Alegre, Recife, Fortaleza  e outros tantos formigueiros, haja encontros e desencontros. Alguns não tão graves, acontecem; outros, infinitamente dolorosos, nos perturbam os sentidos, fazem a gente maldizer os céus, os astros, o destino, a camada de ozônio.

Fica tudo na base do “a gente se vê”… E adeus! Não que fosse acontecer um casamento ou algo do gênero a partir daquele esbarrão gostoso – nada disso, mas foram momentos bonitos, fortes, que se acabam ali mesmo, na poeira da estrada, numa tarde fria, em um café da manhã, numa simples despedida.

“A gente se vê.” Pronto, eis a senha para o terror, o “never more”, o nunca mais do corvo do  Edgar A. Poe no pé do ouvido.

A gente se vê. Corta para uma multidão no viaduto do Chá, São Paulo.

A gente se vê. Corta para uma saída de estádio, um Mineirão, um Castelão, um mundão do Arruda lotado em dia de decisão do campeonato.

A gente se vê. Corta para “Onde Está Wally”.

Nada mais detestável de ouvir do que essa maldita frase. Logo depois, a porta bate e nem por milagre se abrirá para a dita figura novamente.

Jovens mancebos, evitem essa sentença mais sem graça. Raparigas em flor, esqueçam, esqueçam…

Melhor dizer logo que vai comprar cigarro, o velho king size com filtro do abandono. Melhor dizer que vai pra nunca mais. Melhor o silêncio, o telefone na caixa postal, o telefone desligado, o desprezo propriamente dito, o desprezo on the rocks.

A gente se vê uma ova. Seja homem, seja mulher de verdade, troque de palavras, use o código do bom-tom e da decência. A gente se vê é a mãe, a vovozinha, ora, ora.

Como canta o Rei Roberto, use a inteligência uma vez só, quantos idiotas vivem só…

Esse “a gente se vê” deveria ser proibido por lei. Constar nos artigos constitucionais, ser crime inafiançável no Código Penal.

A gente se vê é pior do que “a gente se esbarra por ai”. Pior do que deixar ao acaso, que jamais abolirá a saudade, que vira uma questão de azar e sorte.

Melhor dizer logo de uma vez: “Foi bom, meu bem, mas não te quero mais”. YO NO TE QUIERO MÁS, como na camiseta mexicana que ganhei da Rita Wainer, uma ex que me aturou lindamente. Dizer foi bom meu bem e pronto, ficamos por aqui, assim é a vida, sempre mais para curta do que longa-metragem.

A gente se vê é a bobeira-mor dos tempos do amor líquido e do sexo sem compromisso. A gente se vê, tô fora.

Seja homem, seja mulher, diga na lata.

Não engane a moça, que a moça é fino trato, que não merece desdém ou o quém quém do pato da Bossa Nova. 

A fila anda, jogue limpo, sem essa de beque da roça para cima do futebol-arte da jovem.

 A gente se vê. Corta para uma multidão no Morumbi, em busca do tetra da Libertadores.

A gente se vê. Corta para clássico no Maracanã. 

A gente se vê. Corta para a São João com a Ipiranga.

A gente se vê. Corta para um engarrafamento gigante na marginal do Tietê.

A gente se vê. Corta para a Praça Castro, Alves no encontro de trios elétricos.

A gente se vê. Corta para o carnaval do Galo da Madrugada.

A gente se vê. Então aproveita e vai ver se eu estou na esquina!

& MODINHAS DE FÊMEAS

O macho está perdido – no mato sem cachorro ou GPS – diante da modernidade da fêmea? Motivo de conferências, fóruns, jornadas psicanalíticas, seriados e muita filosofia de botequim, a pergunta que não quer calar é o tema do meu novo livro: Cha-ba-da-ba-dá (ed.Record), que chega hoje às boas casas do ramo.

Sim, eis um reclame explícito da obra – não sou Paulo Coelho mas também sou filho de Deus.

O título é uma referência à trilha linda e pegajosa do filme Um Homem, Uma Mulher, do francês Claude Lelouch. A coletânea de crônicas e contos tem muita coisa inédita e parte já publicada aqui nesta coluna distribuída pela agência brpress.

Vou rodar o Brasil em noitadas de autógrafos. Breve na sua cidade. A gente se vê!

(*) A coluna Modos de Macho & Modinhas de Fêmea, do jornalista Xico Sá, é fornecida com exclusividade pela brpress. Fale com ele pelo e-mail:  [email protected]  ou pelo Blog do Leitor, no site brpress.net .

Xico Sá

O jornalista e escritor Xico Sá, é autor dos livros Modos de Macho & Modinhas de Fêmea (Ed. Record), Catecismo de Devoções, Intimidades & Pornografias (Ed. do Bispo), entre outros. Suas crônicas foram licenciadas pela brpress ao Diário do Nordeste, Diário de Pernambuco, O Tempo e Yahoo Brasil.

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