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Hércules do amor

(brpress) – Nos floridos inícios de namoros, cachos, romances, acasalamentos etc fazemos os 12 trabalhos assobiando e chupando cana, na buena, na maciota, no problem, baby. Por Xico Sá.

Xico Sá*/Especial para brpress

(brpress) – Tudo é possível nos floridos inícios de namoros, cachos, romances, acasalamentos etc. Tudo na base do “ora direis, ouvir estrelas”. Vale tudo, inclusive mais essa crônica derramadamente brega, bom dia flor do dia, bom dia, dia de segunda.

Fazemos os 12 trabalhos de Hércules assobiando e chupando cana, na buena, na maciota, no problem, baby. Carregamos, sem suar, a pedra que tanto pesou sobre o velho Sísifo, sifu.

O que você não me pede chorando que eu não te faça sorrindo?

O amor e os seus prefácios… Tudo sopra a favor, podemos até viver de brisa, Anarina, lendo Bandeira numa espreguiçadeira, ai que leseira, e fumando um antes do almoço, antes da transa, no balanço da rede, sob o farfalhar dos coqueiros na sagrada sesta.

A fome de amar, a larica de viver, a sobremesa de existir. Primeira, segunda e terceira conjugações, tudo na ponta da língua, dos dedos, dos extremos de um homem.

Tudo é possível no fio inicial do novelo-mor… Ainda mais de tiver sido depois de uma espera sem fim, aquele amor que demora tanto a começar, mas tanto tanto, que bate uma preguiça medonha só de pensar que um dia, mais tarde do que nunca, vamos ver subindo na tela, nos créditos finais do love story, o inapelável e caligráfico the end.

Repare bem, uma amiga acaba de me dizer aqui, ao telefone, o seu último sacrifício do gênero: fez uma interminável trilha pelo mato, daquelas que deixam até o mais caminhador dos ianomâmis no bagaço.  Tudo pelo bofe. Para completar, o rapaz, um Apolo, segundo ela, é vegetariano radicalíssimo.

“Moreno, olhos azuis!!!”, ela gasta as exclamações. O mais é impublicável.

Vegetariano sectário. Carne nem pensar. E ela ama uma bisteca, um cordeiro, uma picanha, um frango assado, galeto de TV de cachorro, churrasquinho de gato, salsichão de esquina etc. Nada de bebida alcoólica. E ela adora uma boemia, uma farra.

Lá vai então a nossa “sedentária ativista”, como ela se define, na mais íngreme das trilhas. Haja Mata Atlântica. Quatro minutos depois, ela já passava mal. Um inferno verde de Dante. Achava que iria morrer logo depois. “Ele pegou e ficou segurando a minha mão”, derrete-se a nega qual manteiga de garrafa, manteiga da terra.

Ah, não dá pra tomar uma cerveja antes!?

Os sacrifícios dos capítulos iniciais da paixão, do amor ou do possível amor, minha Nossa Senhora dos Afogados!
O pior, brincamos, é que ele, o saudável bofe, não come nada que tenha rosto – eis a moral dos vegetarianos da linha do supracitado mancebo. E a minha amiga, é bom que se diga, tem um rosto lindo, lindo, lindo. Um espetáculo de rapariga!

Além de trilha, o cara também faz yoga. Pronuncia-se afrescalhadamente com o “o” fechado e tudo!
O que me fez lembrar de um amigo, caruaruense de boa cepa que habita São Paulo há tempos, glorioso Halley-Bó, que começou a fazer yoga (olha o biquinho do “ô” fechado do cabra!) por causa de uma mulher que frequentava a tal disciplina. Sacrifícios do amor, ora veja, vale tudo e de tudo vale.

Ora, ora, quando comigo cruzas trazes a paixão roxa de todas as musas.

Meu amigo Moreno, por exemplo, odeia comida japonesa. Na semana passava empanturrou-se dos sashimis mais exóticos de todos os sete mares por causa de uma gazela. “Adooooro tudo do mundo oriental”, derramava-se o cafa. “Tóquio é uma maravilha, estive lá no ano passado; na próxima a gente vai juntos”, mentia o adorável carioca.
Tudo é possível no momento de bater o centro, dar o pontapé inicial no namoro, no cacho, no rolo, no romance, seja lá que batismo tenha essa arte de juntar duas criaturas para o bem-bom da vida.

Faz-se de tudo. Até sexo em pé numa rede, essa arte-mor nunca prevista pelos manuais, catecismos ou Kama Sutras. Faz-se de tudo. Intelectual apaixonado lê Paulo Coelho, quando o autor é o preferido da sua costela, e ainda encontra um corte epistemológico para morrer de elogiá-lo. Vale tudo, o amor tudo pode. Machão tosco vê cinema francês e chora de molhar a camisa; mulher se acaba de torcer num América/MG X Democrata, Sport X Santa, num Icasa X Arsenal de Caridade, Botafogo X Madureira, Celtic X Rangers…

Isso é lindo, aqui e agora, viva a densidade possível. Depois é depois, aí é só tentar continuar na arte zen de consertar encrencas, na arte zen de casar ou comprar uma motocicleta.

& MODINHAS DE FÊMEA

É sempre aquela velha história cantada originalmente por Jackson do Pandeiro: “Que diferença da mulher o homem tem, espere aí que vou dizer meu bem..”.

O último exemplo apontado pela ciência: a fêmea possui mais sentimento de culpa do que o bicho macho. Acham que não? Queixas para a UPV, Universidade do País Basco, Espanha, que realizou o estudo. A pesquisa saiu no credenciado Spanish Journal of Psychology.

Por hoje é só, com licença que vou ali mimar um pouco mais a minha bela e permanente ressaca moral. 

(*) O jornalista e escritor Xico Sá, é autor dos livros Modos de Macho & Modinhas de Fêmea (Ed. Record), Catecismo de Devoções, Intimidades & Pornografias (Ed. do Bispo), entre outros livros. Fale com ele pelo e-mail: [email protected] ou pelo Blog do Leitor.

Xico Sá

O jornalista e escritor Xico Sá, é autor dos livros Modos de Macho & Modinhas de Fêmea (Ed. Record), Catecismo de Devoções, Intimidades & Pornografias (Ed. do Bispo), entre outros. Suas crônicas foram licenciadas pela brpress ao Diário do Nordeste, Diário de Pernambuco, O Tempo e Yahoo Brasil.

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