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Inúteis listas de resoluções de ano novo

(brpress) - Aqui vasculhando minhas gavetas, para jogar fora sentimentos e ressentimentos tolos, como pede o clássico romântico da cantora Vanusa, dei de cara com uma lista de resoluções de ano novo. Ainda para o ano da graça de 2000. Leio ou não? Por Xico Sá.

Xico Sá*/Especial para brpress

(brpress) – Aqui vasculhando minhas gavetas, para jogar fora sentimentos e ressentimentos tolos, como pede o clássico romântico da cantora Vanusa, dei de cara com uma lista de resoluções de ano novo. Ainda para o ano da graça de 2000, quase dez anos atrás, meus caros amigos.

No justo momento em que penduramos na corda bamba do cérebro mais uma penca de promessas, fiquei na dúvida, assombrado: leio ou não a velha listagem, a minha carta de intenções rabiscada em dezembro de 1999?

Ah, chega de frescuras e superstições. Eis um homem ou apenas um rascunho feito por Darwin na areia da praia deserta?

Tento encorajar-me.

Abro ou não abro o relatório?

Chega de pantins e lundus. Pego com gesto solene, como esses atores que fazem o seu primeiro Shakespeare, e leio em voz alta, para ouvir o eco em todo o barraco.

Sim, tirar a bunda da cadeira e fazer alguma atividade física estava logo entre os primeiros mandamentos.

Organizar melhor as despesas, finanças etc.

Fazer um plano de previdência privada ou algum caixa do gênero para uma velhice menos rabugenta.

Haja boas intenções na caderneta, afinal de contas, como a gente diz nas redações de jornais, papel aceita tudo.

Acabo a lista às gargalhadas. Assim se passaram quase dez anos e esta criatura sem rumo não havia cumprido sequer um item de tal relação particularíssima.

Simplesmente havia vivido, basta.

Claro que com um certo exagero nos ditos prazeres e esticadas boêmias.

Devoção igualmente exagerada no amor pelas mulheres? Que pecado há neste ato de fé generosidade?

Sem esquecer o velho mantra, que ouvi pela primeira vez de um personagem do filme A Felicidade Não se Compra, de 1946, dirigido por Frank Capra: “Da vida nada se leva a não ser o amor dos amigos”.

O senhor que diz tal pérola de sabedoria está na pior, na miséria, um urubu, caro Augusto, havia pousado no seu ombro e na sua sorte. O seu olho, no entanto, brilha, como nunca, quando recebe a visita de seus camaradas na cela injusta de uma cadeia.

É, meu velho, nossos planos são muito bons, porém nem sempre cumpridos. Nossos planos são muito bons, como na canção dos Doces Bárbaros.

Não segui a minha lista que vai completar uma década. Que falta me fez? Nenhuma. Chega de ser escravo de nossas próprias cartas de intenções.

& Modinhas de Fêmea

Uma oração para as moças, do santo poeta Walt Whitman: “Daqui em diante, não peço mais boa-sorte, boa-sorte sou eu. Daqui em diante não lamento mais, não transfiro, não careço de nada; nada de queixas atrás das portas, de bibliotecas, de tristonhas críticas; forte e contente vou eu pela estrada aberta”.

(*) O jornalista e escritor Xico Sá, é autor dos livros Modos de Macho & Modinhas de Fêmea (Ed. Record), Catecismo de Devoções, Intimidades & Pornografias (Ed. do Bispo), entre outros livros. Fale com ele pelo e-mail: [email protected] ou pelo Blog do Leitor, no site www.brpress.net .

Xico Sá

O jornalista e escritor Xico Sá, é autor dos livros Modos de Macho & Modinhas de Fêmea (Ed. Record), Catecismo de Devoções, Intimidades & Pornografias (Ed. do Bispo), entre outros. Suas crônicas foram licenciadas pela brpress ao Diário do Nordeste, Diário de Pernambuco, O Tempo e Yahoo Brasil.

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