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Onde você estiver

(brpress) – Ah, pouco importa que tu andes, de novo amor, nova paixão, toda contente. O que vale é pensar que você pensa em mim, o resto é ontem e as perdições do mundo. Por Xico Sá.

Xico Sá*/Especial para brpress

(brpress) – “Por um momento / pensar que você pensa em mim”. Sim, um verso de Roberto e Erasmo como mote dessa crônica inviável de sempre. Não importa com quem estejas mais ou menos feliz ou vagues qual uma zumbi-metal, mas, no nosso orgulho macho, o que vale é ter essa importância mínima dependurada no cocuruto da fêmea, qual uma criança num balancê do parque.

Nem carece da soberba do Sr. Detalhes, aquele, dos mesmos geniais compositores, que pedia, mais orgulhoso ainda, para que a nêga não dissesse seu nome sem querer para a pessoa errada. Como se toda a humanidade, noves fora ele, fosse um equívoco. Pense num Ego tamanho família, Cajuína São Geraldo, o melhor refrigerante do mundo, de dois litros, coisa fina de Juazeiro do Norte.

Ah, pouco importa que tu andes, de novo amor, nova paixão, toda contente. O que vale é pensar que você pensa em mim, o resto é ontem e as perdições do mundo.

Civilizadíssimos, entendemos quando não tem mais volta, até já estamos com outros enxerimentos e paixonites de veraneio, mas, na buena, o que vale é a canção, o mantra, a ilusão derretida, o fio de manteiga que escorre ainda do nosso último tango em Paris ou forró no Agreste – neste caso com manteiga de garrafa, tão mais derretidinha de ao ponto de desmanchar sobre a tapioca moral da existência.

Onde você estiver, não se esqueça de mim.

Como vivemos desse fiapo de nada!!! Machos e fêmeas. Seria o orgulho de não ser apagado da memória cada vez mais fraca do outro?

Amor é Alzheimer.

Por isso que muitas vezes, como diz minha amiga, professora, mestra e doutora Luciana Araújo, não há telefonema no dia seguinte. Nunca é por maldade. Todo esquecimento tem álibi e diagnóstico.

Por um momento, pensar que você pensa em mim. Basta isso, mesmo com o teu silêncio, como nunca tivesse me visto, nem boas festas e feliz ano novo, pôxa, que gelo baiano, mineiro, siberiano, londrino.

De que adiantou eu ter quebrado tudo e ser um monstro? Um animal precisa ser reconhecido como tal. O resto é psiquiatria e química a serviço da vida.

Não te peço nada, sequer o protocolo das datas, feliz aniversário etc, quero apenas que, vagamente, por um momento você pense em mim e resmungue, baixinho: filho da p…, canalha, que lindo que deu tudo certo e depois tudo errado.

E aqui sigo no baile da Desligue a Bomba, a banda mais genial do verão dos trópicos, Recife, Pernambuco, com direito a cover do Cidadão Instigado e àquela música do Caymmi falando de um jantar romântico em Copacabana. Logo, logo os meninos vão correr mundo. Breve na sua cidade.

& Modinhas de Fêmea

Como sugestão de leitura sobre o mesmo tema, moiçolas, para degustar na rede com vagos pensamentos, viagens e pirações do que foi e do que poderia ter sido o romance dos pombinhos, recomendo: Vida Conjugal, de Sérgio Pitol, tradução Bernardo Ajzenberg (editora Cia das Letras).

Beijo e até a próxima.

(*) O jornalista e escritor Xico Sá, é autor dos livros Modos de Macho & Modinhas de Fêmea (Ed. Record), Catecismo de Devoções, Intimidades & Pornografias (Ed. do Bispo), entre outros livros. Fale com ele pelo e-mail: [email protected] ou pelo Blog do Leitor, no site www.brpress.net .

Xico Sá

O jornalista e escritor Xico Sá, é autor dos livros Modos de Macho & Modinhas de Fêmea (Ed. Record), Catecismo de Devoções, Intimidades & Pornografias (Ed. do Bispo), entre outros. Suas crônicas foram licenciadas pela brpress ao Diário do Nordeste, Diário de Pernambuco, O Tempo e Yahoo Brasil.

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