2016: o ano de Liniker
(São Paulo, brpress) - Cantor de 'gênero fluido' e os Caramelows apresentam novo disco com shows esgotados no Auditório Ibirapuera.
(São Paulo, brpress) – 2016 é o ano de Liniker. O cantor paulista de 21 anos é um fenômeno pouco provável da MPopB, apesar de representar o advento do “gênero fluido” (quem se sente homem em determinados dias e mulher em outros) e ter voz e presença fortes. Vindo da cena do teatro, poderia ser mais um artista jovem buscando um lugar ao sol nas redes sociais. Mas, sem marketing e sem publicidade, estourou no YouTube há um ano e seus shows neste final de semana, no Auditório Ibirapuera, estão esgotados.
O moço, que não se envergonha de parecer uma moça, dependendo do seu mood, aparentemente deu sorte. Ou seria o lance do “gênero fluído”? Ele se define como gay. Mas isso realmente não importa. O fato é que ele é um artista com A maiúsculo. Sangue novo, trabalho fresco. A voz de Liniker – ora suave, ora rouca, mas sempre vigorosa – deixa transparecer seu sorriso, e a total entrega de um cantor e compositor performático e encantador.
Cru
Sua juventude não impede que Liniker – nome em homenagem ao jogador de futebol inglês Gary Lineker (assim mesmo, com “e”), dado pelo tio – de exalar maturidade musical e potência em suas apresentações. Ao lado da banda os Caramelows, ele caiu nas graças do público com o deleitoso e convidativo EP Cru – gravado em ambiente caseiro e lançado em outubro do ano passado, no YouTube.
O sucesso veio rapidamente – viralizou na internet: após a repercussão das músicas Zero, Louise du Brésil e Caeu, o grupo fez uma turnê de mais de oitenta shows em um período de oito meses pelo país. No Auditório Ibirapuera, Liniker lança o álbum de estreia Remonta, que está disponível desde 16/09 nas plataformas digitais Spotify e Deezer (no iTunes, por enquanto, só o Cru). O disco é composto por treze faixas marcadas por melodias sofisticadas e elegantes, com influências do soul e samba-rock.
Batom e turbante
“Por que colocar uma calça jeans e uma camiseta e mostrar meu trabalho só com a voz? Meu corpo é um corpo político”, disse Liniker, em entrevista ao jornal El País. Ele, que se define como “uma pessoa não-binária”, desprende-se de gêneros e usa isso no dia-a-dia, além do palco. Flerta com o masculino e feminino, e escancara em suas performances uma imagem andrógina e empoderada, doa a quem doer, choque quem chocar.
“Neste momento de tanta opressão, me colocar assim, com essa força, é muito importante. As pessoas precisam saber que eu sou negro, pobre e gay e posso ter uma potência também”, completou. O cantor também não esconde sua maior e mais importante inspiração: a mãe, Ângela, que criou ele e o irmão de 13 anos sozinha. Quando chegou em casa pela primeira vez com roupas de mulher, e foi questionado pelo tio por “não saber como um homem deveria se vestir”, ela o defendeu: “Deixa o Liniker, ele é um artista”.
(Re)montado
O álbum Remonta tem produção de Márcio Arantes, que já trabalhou com Tulipa Ruiz, uma das colaboradoras do novo disco de Liniker e os Caramelows. Além da cantora, o álbum conta com participação especial dos grupos Bixiga 70, Aeromoças e Tenistas Russas, os cantores Marcelo Jeneci, Xênia França, a rapper Tássia Reis e as vocalistas da banda de transexuais As Bahias e a Cozinha Mineira.
Os Caramelows Rafael Barone (baixo), William Zaharanszki (guitarra), Pericles Zuanon (bateria), Márcio Bortoloti (trompete) e Ranata Éssis (backing vocal) assinam as melodias do projeto. As faixas Zero, Louise du Brésil e Caeu estão inclusas no álbum em versões repaginadas. O disco chega às lojas na sexta-feira (30/09).
Assista ao vídeo de Liniker e os Caramelows ao vivo no festival Bananada 2016: