
A cereja que faltava no Cake
(brpress) - Apóssete anos remoendo o Pressure Chief, grupo da Califórnia lança CD Showroom Of Compassion, 6º pedaço do "bolo". Por Diego de Carli.
(brpress) – Opa! Depois de sete anos remoendo o Pressure Chief como o até então mais recente disco do grupo Cake, finalmente vamos poder dar uma variada no repertório: os bacanas da Califórnia lançam esta semana o novo CD Showroom Of Compassion, 6º pedaço desse Cake – e que está uma delícia.
Cake é daquelas bandas que não mudam a vida de ninguém, mas também não irritam os ouvidos. Pelo contrário. Temos de reconhecer que os caras são uma ilha de originalidade, e cada música (inclusive as novas) são como um portal pros anos 90.
Eis algumas impressões sobre Showroom of Compassion depois de muitas audições. O que fica é mais ou menos isso:
Federal Funding, faixa que abre os trabalhos, começa séria demais e até faz pensar que algum malandrinho de qualquer banda anônima colocou as suas músicas no torrent com o nome errado de propósito. Mas, ufa, antes de fechar o primeiro minuto eles voltam a ser o Cake, cheio dos metais chacoalhantes que a gente aprendeu a amar.
Long Time, a segunda música, pode até chocar os que curtem a banda pela levada folk, que não se aplica muito aqui. Ou simplesmente pensar: “Cara, que música chata. Não acredito que eles apelaram desse jeito”. Mas vai na fé: depois da 5ª ou 6ª escutada, Long Time se eleva ao status de melhor do disco e vai ecoar na tua cabeça por dias.
Depois de duas baladinhas bacaninhas (Got to Move e What’s Now is Now), chegamos na melhor parte, o recheio desse Cake: Mustache Man (Wasted), com palmas, apitos e eteceteras, bem pop, bem boa, seguida pela instrumental Teenage Pregnancy, melodramática, mais ou menos como deve ser uma adolescente grávida.
Na sequência vem o primeiro single de Showroom of Compassion, a sincera Sick of You. “I’m so sick of work, so sick of play, I don’t need another day”, é o que John McCrea canta no single, e é mais ou menos o que ele diz nessa entrevista aqui, à Rolling Stone.
Resumindo, rolou uma crise quando a banda saiu da gigante Columbia, logo depois do Pressure Chief, em 2004. Todo mordido, o cara acredita que as grandes gravadoras trabalham para gente como Jay-Z e Taylor Swift: “Eles podem marketar esse tipo de música. Mas eles não podem marketar o Cake”.
Por essas e outras, a banda quase acabou nesse meio tempo. A ideia de ter de vender camiseta e sair em tour por aí para ganhar a vida, já que as pessoas não pagam mais pela música, não agrada muito McCrea. Voltando ao faixa-a-faixa: acaba Sick of You e começa Easy To Crash, aquela que você vai apertar o NEXT sempre que tocar. Pouco curtível, o refrão lembra um Red Hot Chili Peppers sem o Anthony Kiedis, sem o Flea e sem o Frusciante.
Para compensar todo o carisma que falta na 8ª do disco, a caipirinha Bound Away, preferida por aqui, faz o cara começar a mascar um capim imaginário automaticamente quando ouve. Já The Winter, a penúltima, é daquelas que começam na simplicidade e vão crescendo, ganhando instrumentos e ficando interessante. Isso até chegar aos 2′ 33″, quando lembra um hit sertanejo qualquer que foge o nome.
O fim inevitável vem com Italian Guy, cheia de violinos e do bom humor costumeiro do Cake, fechando Showroom of Compassion com gostinho de quero mais. Quem simpatiza com a banda não tem motivos para não curtir o álbum: é mais do mesmo, ãrram, mas sem o sentido pejorativo da coisa.
Aqui não tem parceria com Rihanna nem com Beyoncé para alavancar as vendas: tem uma banda honesta, que segue fiel ao seu som e se vira como pode para sobreviver e garantir o espaço merecido no showbiz.
A Rolling Stone disponibiliza o álbum todo em streaming. Ouça aqui faux a faux de Showroom of Compassion.
(Diego de Carli, do MyCool/Especial para brpress)