Ali Farka Touré noutra encruzilhada

(Londres, brpress) - Antes de morrer, guitarrista voltou a gravar com Toumani Diabaté e resultado da sessão é o esplendoroso CD Ali and Toumani. Por Juliana Resende.

(Londres, brpress) – Não se pode falar em música instrumental moderna da África ocidental sem reverenciar Ali Farka Touré, o mago das cordas, mais conhecido no Ocidente como o “John Lee Hooker africano”, que assombrou o mundo quando encontrou o guitarrista Ry Cooder numa encruzilhada do Mississipi, resultando num dos discos mais preciosos da segunda metade do século 20: Talking Timbuktu, que ganhou o Grammy de Melhor Disco de World Music, em 1994. Desde então, ninguém deste lado o Oeste esqueceu mais da genialidade do mestre Touré, falecido em 2006.
   
Antes de morrer, ele voltou a gravar, em Londres, em 2005, com Toumani Diabaté, também do Mali – com quem ganhou seu segundo Grammy, por In the Heart of the Moon (2005). Tocador de kora (instrumento polifônico com 21 cordas), Diabaté, apesar de bem mais jovem, não se intimida frente ao gigantismo de Touré – nada de se espantar para quem transita do arqueológico repertório africano a participações em discos de Bjork. O resultado da sessão é o esplendoroso Ali and Toumani (World Circuit), que acaba de ser lançando no Reino Unido.

Parece que Touré sabia que esta seria sua última gravação. Por isso, revisita o folk de seu país, com músicas como Sina Mory, que o inspirou a tocar guitarra, em 1956, e Sabu Yerkoy, um hino da independência de Mali que ele toca desde os anos 60 mas que só aqui foi gravada. Para completar o time, junta-se ao duo o baixista cubano Orlando “Cachaíto” López, ex- Buena Vista Social Club, também em seus últimos acordes.

Caso você não possa adquirir o disco importado, baixe grátis uma faixa – Kenouna, linda! –, no site da gravadora, www.worldcircuit.co.uk .

(Juliana Resende/brpress)