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Arnaldo Antunes: novo disco e apelo para que álbuns continuem tendo seu lugar. Foto: DivulgaçãoArnaldo Antunes: novo disco e apelo para que álbuns continuem tendo seu lugar. Foto: Divulgação

Arnaldo Antunes vira o Disco

(São Paulo, brpress) - E apela: "Que estes tempos acelerados de internet não privem as pessoas do prazer de ouvir um álbum inteiro". Por Juliana Resende.

(São Paulo, brpress) – O pulso ainda pulsa. São 20 anos, desde o primeiro disco solo de Arnaldo Antunes, Nome. Agora, o titã das palavras e música para ouvir lança Disco – sim, simplesmente Disco, com um toque nostálgico e uma recomendação: “Que estes tempos acelerados de internet não privem as pessoas do prazer de ouvir um disco inteiro”.

    Para Arnaldo, há um quê de ritual e de reflexão na audição de um álbum completo – e não somente faixas avulsas. “Ainda faço muito isso e adoro”, diz o músico, que lança Disco em CD, depois de soltar quatro músicas do mesmo desde junho, em formato digital. “Acho que é bom para o artista poder mostrar músicas separadas, sem ter de esperar o trabalho todo ser finalizado”, pondera. “É um paradoxo”.

Vinil

    Mas o fato é que Arnaldo tem retomado os discos por inteiro – e especialmente em vinil. “Desencravei minha coleção, depois que comprei uma vitrola”, conta. E Disco é fruto dessa inspiração. Trata-se de seu primeiro álbum de inéditas em quatro anos, depois de Iê Iê Iê (2009).

    São 14 músicas dele, com muitos convidados, incluindo uma versão em português de Mama, gravada originalmente em inglês por Gilberto Gil durante o exílio em Londres. “Amo essa canção, mas não deixa de ser uma ousadia traduzi-la. Mas acho que ficou bonita”, diz Arnaldo.

    Disco é um trabalho caro e complexo, com praticamente cada faixa trazendo participações especiais. Arnaldo apresenta sua primeira e única parceria com Caetano Veloso (Morro, Amor), composta originalmente para o filme Romance, de Guel Arraes, mas que acabou não entrando na trilha. “Eu fiz a letra e ele musicou”, explica. Há ainda João Donato (O Fogo), Cêu e Hyldon (Trato), além da volta de Marisa Monte  e Nando Reis.

Cordas

    “Uma novidade genial são os arranjos de cordas assinados por Ruriá Duprat (sobrinho do maestro da Tropicália, Rogério Duprat)”, destaca Arnaldo, que conta ainda com Charles Gavin, Guizado, Mônica Salmaso, Marcelo Janeci, Edgard Scandurra, entre outros. Porém, a parceria-mor é com a Natura Musical, que já bancou quatro outros trabalhos: a turnê  de Iê Iê Iê e os DVDs A Casa É Sua e Pequeno Cidadão.

    “Esse é um disco caro, que não sei se conseguiria bancar sozinho não fosse a Natura Musical”, admite o músico, cuja ideia original era fazer um álbum chamado Bipolar, revela. “Se fosse um vinil, seria um lado de rock pesado e o outro só de músicas suaves”. Vale lembrar que muitas parcerias de Disco, como com Hyldon, são fruto das relações que Arnaldo Antunes traz de seu extinto programa na MTV, Grêmio Recreativo.

    “Curto muito ser um artista que trafega por muitos gêneros – até dentro dos Titãs”, diz, mesmo reafirmando que saiu do grupo para ter mais liberdade criativa e instrumental. Arnaldo pode parecer um tanto anárquico, mas há uma certa coesão em toda sua obra.

    Artista inovador e de identidade marcante, ele prefere fazer “tudo ao mesmo tempo agora”. Tanto que vai relançar o livro  40 Escritos, de textos publicados e compilados (Iluminuras) e um novo, com textos de 2000 para cá. E ainda tem a poesia. Se ele tem escrito poemas? “Sempre”.

(Juliana Resende/brpress)

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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