Elton John volta aos anos 70
(brpress) - The Diving Board pode não ser melhor trabalho, mas tem muito piano, aoesar da voz combalida do Rocket Man. Por Fabian Chacur.
(brpress) – Elton John é daqueles artistas raros no mundo da música pelo fato de possuir uma obra extensa e repleta de êxitos em termos artísticos e comerciais. Aos 66 anos de idade, continua mais ativo do que nunca, como prova o lançamento de mais um álbum de inéditas, The Diving Board.
Pode não ser o seu melhor trabalho, mas é bastante respeitável. A sonoridade do álbum remete aos discos iniciais de Elton no setor baladas, com influências de gospel e música clássica e clima ora introspectivo, ora soul que marcaram álbuns como Elton John (1970) e Madman Across The Water (1971).
Piano e voz
São músicas com menos apelo pop do que os grandes hits do astro britânico, mas consistentes e repletas de espaços para o piano. Aliás, o ponto alto do autor de Rocket Man neste álbum é mesmo o piano, com direito a arranjos fluentes, envolventes e caprichados em cada música.
O ponto negativo fica por conta da voz do mestre, que nos últimos 13 anos perdeu boa parte de sua cristalinidade dos bons tempos, tornando-se mais áspera e menos melódica, algo bem nítido, por exemplo, na faixa My Quicksand. Ao vivo, essa deficiência se mostra ainda mais evidente.
Mesmo assim, o álbum nos traz momentos muito bacanas, como A Town Called Jubilee, Take This Dirty Water, Voyeur, Home Again e Mexican Vacation (Kids In The Candlelight).
“Pato rouco”
Em algumas canções, os backing vocals ajudam a dar uma disfarçada no timbre “pato rouco” do Elton John atual, dando uma roupagem inclinada para a gospel music tradicional, praia em que ele sempre mostrou talento.
A edição lançada no Brasil, em belíssima capa digipack que não inclui uma única foto do músico, tem quatro faixas bônus: a inédita Candlelit Bedroom e versões ao vivo de Home Again, Mexican Vacation (Kids In The Candlelight) e The New Fever Waltz.
The Diving Board é um disco à altura do mito Elton John, e certamente agradará muito seus fãs mais fieis, embora provavelmente não lhe traga novos entusiastas. Uma obra para conhecedores que se disponham a ouvir mais de uma vez para ir aos poucos descobrindo suas belas filigranas.
(Fabian Chacur/Especial para brpress)