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Fever Ray: sensação do pop sueco produziu talvez o melhor disco do ano.thousandlittledances.files.wordpress.comFever Ray: sensação do pop sueco produziu talvez o melhor disco do ano.thousandlittledances.files.wordpress.com

Febre sueca

(Londres, brpress) - A tal febre sueca do poderoso e enigmático raio louro que atende por Fever Ray aka Karin Dreijer Andersson lotou e hipnotizou o Forum no começo de dezembro, mostrando porque seu disco de estreia homônimo é um dos melhores do ano. Por Juliana Resende.

(Londres, brpress) – A tal febre sueca do poderoso e enigmático raio louro que atende por Fever Ray aterrissou em Londres no começo de dezembro, para aquele que era considerado um dos shows do ano. Com um Forum lotado e sold out, a cantora e compositora Karin Dreijer Andersson aka Fever Ray, então frontwoman do duo Knife (com o irmão Olof), brindou a platéia com um espetáculo soturno, intrigante, totalmente pós-morderno e ao mesmo tempo dançante e lírico – características que fazem seu trabalho solo ímpar.

Com base no disco homônimo de estréia, eleito pela crítica do jornal britânico The Guardian como o segundo melhor de 2009 (embora merecesse o primeiro lugar), a performance de Fever Ray ao vivo – tida como “perturbadora”, “fantasmagórica” e até “assustadora” por alguns incautos –, vai de encontro ao conceito inovador de sua música: eletrônica sem ser tecno – ao contrário, é bastante orgânica –, rock sem solos de guitarra, dance sem nenhum bate estaca e pop por pura excelência, com direito a letras “banais” com refrões par cantar junto. Aos 34 anos, cada vez mais madura e provocativa – dentro da concepção artística introspectiva, altamente criativa e plástica que a conduz –, Fever Ray Lembra vagamente uma Kate Bush turbinada por computadores em When I Grow Old, um Kraftwerk feminino pela frieza das combinações sonoras em Triangle Walks, um Sisters of Mercy com vocoders nas cavernosas Stranger Then Kindness e Concrete Walls, e até Peter Gabriel em Seven, de quem ela nos lembra, arriscando uma cover totalmente despretenciosa e sensacional de Mercy Street. “Metade das canções vêm do inconsciente”, explica. “Quando se trabalha com música é possível criar uma atmosfera mágica”.

Pista na penumbra

Num show que se dá ao luxo de ser aberto pela violoncelista islandesa Hildur, a impressão é que faltou repertório para uma platéia disposta a passar a noite dançando iluminada pelo lasers sincronizados com os sintetizadores no palco – repleto de abatjours ascendendo e apagando, muito gelo seco e numa penumbra constante. Nunca a face de Fever Ray e de seus músicos foi iluminada no set. Deles só se viam sombras – seus corpos chacoalhando, com chapéus pontudos que os tornavam mais esguios e, de alguma forma, sacros.

O público reverenciava Fever Ray como uma deusa indie do pop escandinavo, num clima meio que de despedida, já que ela tem declarado em escassas entrevistas que pretende partir para outro projeto musical. Um pena, porque sua combinação nonsense de acordes menores e letras absolutamente geniais já deixa saudades. Fever Ray não mostrou a cara um segundo sequer – um contraste talvez proposital com o modus operandi de outras cantoras como Lady GaGa, onde a imagem fala (muito, quase tão somente) mais que a música. Karin mostrou sim que, mesmo com um trabalho novo e tão alternativo quanto celebrado pelo alto grau de inventividade e competência musical, já conquistou um lugar no pódio seleto daqueles que desafinam e acertam quando o assunto é música pop. (Juliana Resende/brpress)

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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