Foo Fighters ‘rouba’ Lollapalooza
(São Paulo, brpress) - Não teve para ninguém. Banda de Dave Grohl, ex-Nirvana, mobilizou quase a totalidade das cerca de 60 mil pessoas que lotaram o Jockey Club paulistano. Por Juliana Resende.
(São Paulo, brpress) – Antes de o Foo Fighters arrebanhar toda a multidão que veio ao primeiro dia do festival Lollapalooza, subindo ao Palco Cidade Jardim, por volta das 20h30, a roqueira cinquentona Joan Jett mostrou garra e pique no palco oposto ao em que a banda de Dave Grohl, ex-Nirvana, se apresentaria na sequência para quase a totalidade das cerca de 60 mil pessoas que lotaram o Jockey Club paulistano.
Jett foi, até agora, o maior paradoxo do evento que termina neste domingo (08/04), e cuja faixa etária média é de 30 anos para baixo. Meninas de 14 a 18 anos, sabiam, incrivelmente, cantar os hits da cantora e guitarrista, lenda viva da banda protopunk feminista Runaways, como as ótimas I Love Rock n’ Roll e Do You Wanna Touch Me, e até mesmo o clássico Cherry Bomb, das próprias Runaways, que abriu o show com um gás que se esvaiu lá pela metade da apresentação.
“Não sejam tímidos!”, conclamou Jett, em bom português, no mesmo tom professoral de uma tia mais velha e rebelde dando lições aos jovem pupilos que dominou o show. Não foi falha de tia Jett. É que, musicalmente, o Lollapalooza Brasil é conservador e nada traz de novo. Não é lá um Free tornado Tim Festival ou mesmo um Sónar (que também chega ao país em maio). Trata-se mais de uma celebração daquilo que a indústria musical, mesmo a “indie”, já absorveu e consagrou.
Com um line up misturado – enquanto Grohl se esgoelava com seu Foo Fighters, prometendo mais de duas horas de show, o duo eletrônico The Crystal Method botava o “Palco do Perry” (uma referência ao criador do festival e vocalista do Janes Addiction, Perry Farrell) abaixo, para um pequeno público hipnotizado por seus beats possantes, preparando o terreno para Calvin Harris, mais conhecido como o DJ de Rihanna.
Liturgia
O fato é que o Foo Fighters reinou na noite de lua cheia. Talvez, a banda – cuja idolatria do público beira uma liturgia – ganhasse mais se lotasse dois Pacaembus. Mas Grohl é o homem-carisma e sua doação no palco realmente conquistou brasileiras e brasileiros. E, falando em Brasil, até o público terá de tropeçar em copos de plástico no chão, em vez de poder jogá-los no lixo? Por que não há centenas de lixeiras espalhadas pelos gramados e areiões do Jockey? É deprimente dançar chutando plástico.
Pelo menos os banheiros químicos funcionaram sem maiores traumas, apesar do forte cheiro de xixi (humano e não dos cavalos) que recepcionava o público e, principalmente imprensa, na entrada do Portão 1. A falta de estrutura, mais uma vez, ficou mesmo, foi do Jockey para fora – trânsito caótico, falta se acesso a transorte público e proibição da circulação de táxis nos arredores dos portões. Ah, as camisetas de bandas, vendidas como official merchandising da marca Lollapalooza, também eram inacesssíveis – a salgados R$ 70 cada.
(Juliana Resende/brpress)