(São Paulo, brpress) – Quem se encanta com o humor refinado e a veia política saltada do disco 21st Century Breakdown, do grupo californiano Green Day, provavelmente desconhece que esse sempre foi o diferencial do trio pós-punk. Mas, para alegria geral da nação roqueira, esse é o tom predominante da atual turnê, cujo braço brasileiro começa nesta quarta (13/10), em Porto Alegre (veja outras datas abaixo).

“Estamos em clima de celebração do fim de mais uma turnê”, diz Billy Joel Armstrong, vocalista e guitarrista do grupo, que domina o bate-papo com a imprensa brasileira, ocorrido no começo da tarde desta quarta. “A gente não sabe o que esperar do Brasil doze anos depois que tocamos aqui pela primeira vez. Mas achamos legal a interação com bandas locais (um concurso foi criado para escolher quem vai abrir o show do grupo em cada cidade)”.

O platinado 21st Century Breakdown rendeu ao trio o Grammy de melhor álbum de rock e três estatuetas no mais recente MTV Music Awards. Isso depois de faturar dois Grammy e cinco singles nos primeiros lugares das paradas de todo o mundo com o disco anterior, o cultuado American Idiot (2004). Sucesso planejado? Eles negam. “Sempre trabalhamos para ser uma banda decente, por que não adianta querer transformar merda em algo interessante”, diz Joel.

 Musical e filme

 Com 21 anos de carreira, o Green Day pode se vangloriar de vender bem – seja o que for. Temático, American Idiot virou musical na Broadway – com o próprio Billy Joel participando do elenco por oito apresentações no papel do  traficante  St. Jimmy – e há rumores de que deve virar filme, sob a direção de Tom Hanks. “O musical vai bem”, disse, sem comentar sobre o filme.
 
 American Idiot segue os passos de um anti-herói, que foge de um tedioso subúrbio e se envolve com drogas, sexo e música, na tentativa de se encontrar na cidade grande. A produtora Playtone, de propriedade do ator de Código Da Vinci e Anjos e Demônios – responsável pelo sucesso de Mamma Mia nas telonas – já está em negociações para realizar o filme.
 
 Show longo

 O Green Day manda avisar que fará shows de 2h30 a 3h, repassando músicas de todos os discos, desde Dookie (1994), passando por sucessos como a irônica Welcome  to Paradise, do disco Warning (2000) até 21st Century Breakdown, que rendeu até uma música na trilha do filme Transformers. Nada de se espantar já que a banda também cedeu canções para o game Rock Band.

 “Vejo meus filhos brincando com esses jogos e se divertindo muito”, comenta Billy Joel, que, apesar da cara de menino, já passou dos 40. Aliás, todo o Green Day. “Queremos envelhecer fazendo música e só vamos parar quando não tivermos mais condições físicas para tal”, garante. Receita para longevidade? “Não é uma questão de formação (a mesma desde o início da banda, com Tré Cool na bateria e Mike Dirnt no baixo), mas de trabalho duro”, acredita o vocalista. “Eu sou casado há 17 anos e isso não significa que estou fazendo a coisa certa”, brinca, comparando.

 Manter um relacionamento duradouro no mundo louco do rock n’roll já é uma vitória – o que não quer dizes que os “meninos” do Green Day não tenham ficado animados quando uma repórter perguntou se eles tinham programa para conhecer São Paulo. “Você tem alguma sugestão? Pode levar a gente a algum lugar?”, perguntou Joel, saidinho.