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Morrissey: emoção agri-doce no Rio

(Rio de Janeiro, brpress) - Cantor chamou príncipe Harry de ladrão e encheu de saudosismo um trio de amigas, que Pedro de Luna acompanhou no show carioca.

(Rio de Janeiro, brpress) – A lua cheia brilhava sobre o bairro da Lapa, em mais uma noite quente no Rio de Janeiro. Ainda eram 20h quando uma longa fila de fãs aguardava a abertura da Fundição Progresso. Não era difícil para um leigo sacar o que aconteceria ali algumas horas depois. Bastava olhar ao redor e reparar nas várias camisetas da banda oitentisa The Smiths e nos rapazes de costeleta e topete.

    O público, em sua maioria na faixa dos 30 aos 40 anos, aguardava ansioso pelo reencontro com o cantor e compositor Morrissey, 52, que faria o segundo show da turnê brasileira,  que começou em BH, na qurta (07/03) e termina em São Paulo, neste domingo (11/03) – 12 anos depois de sua primeira e memorável passagem pelo país.

“É a Bjork?”

    Casa lotada, cerveja gelada e quitutes vegetarianos – o cantor é radical contra carne, tema do hino Meet Is Muder (“Carne é Assassinato”) – davam o clima. Morrissey proíbe a venda de produtos à base de proteína animal em seus shows.

    Casais se abraçavam na arena enquanto a norte-americana Kristeen Young tentava animar a platéia. “É a Bjork?”, perguntou o jovem de 20 e tantos anos, ofegante, em busca de um bom lugar em frente ao palco. “Não. É uma moça aí que toca teclado e grita”, respondeu outro, enquanto gravava com seu celular os vídeos exibidos no telão.

Flamenco

    Meia hora depois, com uma pontualidade quase britânica, um senhor cinquentão subiu ao palco para comoção geral. Trajando camisa social vermelha de manga comprida, Moz, como é carinhosamente chamado pelos fãs, aplaudia e batia os pés no chão na canção de abertura, First Gang, parecendo um dançarino espanhol.

    Ao seu lado, os três homens sarados – os músicos da banda – tocavam apenas de sungão amarelo. Um,  menos favorecido fisicamente, vestia roupa de mulher, como se estivesse num bloco de Carnaval.

Saudosismo

    Eram apenas os primeiros minutos do show, mas as lágrimas já rolavam pelo rosto de Lilian, Solange e Patricia. “Esse cara lembra a nossa adolescência, quando ouvíamos o som dele na Loud e na Bunker”, referindo−se à festa que acontecia no Cine Íris e na lendária boate de Copacabana, há muitos anos.

    O primeiro momento que levantou o público foi durante Black Cloud, faixa do seu disco mais recente, Years of Refusal, de 2009. Alheias ao discurso político de Morrissey, que tratou de alfinetar o príncipe Harry, em visita  à cidade – “Como vocês sabem, Harry está aqui (no Rio) hoje. Ele veio tomar o dinheiro de vocês. Por favor, não deem a ele”, disse – , o trio de amigas apostava que o artista não ficaria de sunga como o resto da banda.

    “Duvido, ele é sóbrio demais”, arriscava a advogada Solange. De fato, em uma hora e meia de show o cantor trocou de camisa quatro vezes, mas não colocou as mangas nem a barriguinha de fora.

Smiths

    Apenas na sexta música do repertório a platéia teve a chance de dançar ao som da ex−banda do cantor, com o clássico Still Ill. Em seguida, emendou mais algumas da carreira solo, para reclamação do cara ao meu lado: “Tá lento demais”. O amigo rebateu: “Pô, cara, mas o show é do Morrissey, e não dos Smiths. É show para assistir. Quer dançar, vai pro samba aí fora”.

    A reta final da apresentação foi arrebatadora. Começou com Let Me Sky e There’s A Light That Never Goes Out, para emoção da designer Patricia: “Essa música é linda demais, fala que morrer ao lado da pessoa amada é um privilégio, um prazer”. E as três se abraçaram felizes cantando os versos “And if a ten-ton truck kills the both of us // to die by your side // well, the pleasure and the privilege is mine” (“E se um caminhão de dez toneladas matar nós dois // morrer do seu lado // bem, o prazer e privilégio são todos meus”).

Formol

    Ao encerrar o set com outra dos Smiths, How Soon Is Now?, de 1984, o cantor mostrou que música boa resiste ao tempo. Enquanto aguardava o bis, com Goodbye Will Be Farewell, as amigas já se davam por satisfeitas. Lilian, formada em Literatura Portuguesa, deu o toque final: “Sei que o Morrissey vai lançar a biografia dele no final desse ano. Tomara que ele se lembre dessa noite e dedique algumas linhas a nós. Por que nós jamais esqueceremos dela”.

(Pedro de Luna/Especial para brpress)

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