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Naná Vasconcelos rege 400 batuqueiros de 17  maracatus na abertura do Carnaval Multicultural do Recife.Otavio de Souza/DivulgaçãoNaná Vasconcelos rege 400 batuqueiros de 17 maracatus na abertura do Carnaval Multicultural do Recife.Otavio de Souza/Divulgação

Naná rege maracatu atômico

(Recife, brpress) - Regente de maracatus por nove Carnavais, Naná Vasconcelos bate recorde de 17 nações e 400 instrumentistas e planeja registrar em filme esse batuque contagiante. Jarmeson de Lima conversou com o percussionista.

(Recife, brpress) – O dia era de apreensão. Mesmo já acostumado com a missão de reger as nações de maracatus, com mais de 400 batuqueiros na abertura do Carnaval Multicultural do Recife, o percussionista Naná Vasconcelos mostrava-se preocupado horas antes do primeiro ensaio oficial, na última terça (09/02). “Esta é a primeira vez que vou reger 17 nações de maracatu. Ainda não sei quanto trabalho vou ter”, comenta. Até o ano passado, eram 14 diferentes grupos de maracatu que participavam da abertura oficial da folia pernambucana, no palco do Marco Zero da cidade, que acontece nesta sexta (12/02), às 19h.

    “A dificuldade deste trabalho vem da empolgação dos batuqueiros, que querem tocar mais alto do que os outros e tentam mostrar uma competitividade”, analisa Naná. Mas como ele mesmo explica, esta é uma situação diferente, onde a rivalidade natural entre cada uma destas nações de maracatus deve ser deixada de lado para que todos toquem ao mesmo tempo “em uníssono”, como se fosse uma verdadeira orquestra. “É nesta hora que as instruções que passo para eles devem ser seguidas à risca para que o som não fique atravessado”.

Celebração

    São diversos os motivos da rivalidade entre estas agremiações. Partem tanto do seu passado cultural e histórico – alguns deles se originaram há mais de 100 anos –, quanto do fato de estarem sendo avaliados durante o Carnaval, no Concurso de Agremiações. “Eles se esquecem que este momento não é de competição e sim de celebração. Todo mundo precisa tocar junto e saber que está fazendo parte desta festa bonita que é o Carnaval”, explica Naná.

    Este trabalho, apesar de suas dificuldades, tem tido muitos frutos. Um deles é a oportunidade de ter elevado o maracatu a um outro status no palco da folia, que era apenas conhecida pelo frevo. “Foram quebradas muitas barreiras e preconceitos. Hoje já podemos ver muita gente de classe média alta comprando alfaias e desfilando em maracatus. Sem falar da presença das mulheres tocando nestas nações”, comemora o músico.

    Tem gringo no maracatu

    Naná também relembra ainda que essas fronteiras culturais já se expandiram. Uma prova é a chegada de percussionistas da França e da Espanha para participar das apresentações do Maracatu Nação Porto Rico e do Maracatu Nação Estrela Brilhante, dois dois mais tradicionais grupos do estado. Sem falar ainda da presença do Maracatu Nação Estrela de Elbem, da Alemanha, que é uma das atrações na programação do Carnaval Multicultural do Recife, neste ano.

    Função social

    Antes da abertura oficial da festa, Naná Vasconcelos segue um ritual de ensaios individuais nas sedes de cada uma das nações que participam do evento. Naná vai até a periferia e se reúne com os mestres destes grupos e orienta como os batuqueiros devem acompanhá-lo. São nestes encontros e ensaios que o reconhecido músico e percussionista vê a importância da música nestas comunidades.

    “Os maracatus estão fazendo um trabalho social muito grande, não só se tornando Pontos de Cultura, mas ainda tirando meninos de rua para tocarem em suas nações mirim. Isso evita que eles se tornem alvos de traficantes e passem a ter uma função ali dentro. É bonito de ver muitos instrumentistas jovens ali, que antes não davam muita atenção para esta cultura”, comemora Naná.

    Maestro Forró e convidados

    Para completar o espetáculo que abre o reinado de Momo, Naná Vasconcelos sempre recebe alguns convidados especiais que cantam no palco do Marco Zero acompanhados da percussão dos maracatus. Caetano Veloso, Marisa Monte e Elza Soares foram alguns destes convidados ilustres que em anos anteriores se renderam à força da percussão comandada por Naná.

    Neste ano, os convidados são da terra. Prestando homenageam ao Maracatu Nação Estrela Brilhante de Igarassu, agremiação mais antiga em atividade no Brasil, fundada em 1824, Naná vai chamar ao palco a matriarca, Dona Olga. Além dela, a abertura do Carnaval também vai contar com o Maestro Forró, da Orquestra Popular da Bomba do Hemetério, e Dona Juracy, atual presidente da Tribo de Caboclinhos Canindé do Recife, fundada em 1897.

    “Futuramente, eu gostaria que os organizadores do Carnaval do Recife trouxessem também gente da África para fortalecer os vínculos que temos com o outro continente”, revela Naná.

    Filme

    Como planos para manter o registro desta iniciativa que está levando o nome de Pernambuco a todo o mundo, Naná está filmando os encontros que fez com os maracatus. “Vai ser um DVD para distribuir mesmo, para os órgãos públicos darem de presente e ficar registrado essa coisa bonita que estamos fazendo”.

    Os planos de Naná Vasconcelos com os maracatus de Pernambuco, no que depender dele, não vão ficar restrito à época de Carnaval. “Há a ideia de fazer um disco em estúdio com todas as nações de maracatu e pensaram em mim para a direção artística-musical. E é algo que faria com o maior prazer”, completa.

Mais informações: http://www.carnavaldorecife.com.br

(Jarmeson de Lima / Especial para brpress)

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