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Noel e Adoniran centenários

(brpress) - Seu Noel e seu Barbosa são tema de espetáculo que apresentei. Tive a honra de conhecer pessoalmente Adoniran, quando trabalhava em dublagem. Ele gravava no mesmo estúdio e sempre aparecia com sua indefectível gravata borboleta. Por Paulo Betti.

(brpress) – Amigos,

    No domingo (25/04) fui apresentador do espetáculo com o título acima, convidado pelo excelente músico e empreendedor cultural Carlos Madia, de Sorocaba (SP). Topei na hora o convite. É uma excelente idéia juntar esses dois grandes compositores. Os dois teriam a mesma idade se estivessem vivos. Estariam com 100 anos!

    Adoniran viveu mais que Noel. Nasceu nos mesmos distantes 1910 e viveu até 1982. Portanto 72 anos. Noel viveu muito pouco! Apenas 27 anos. Faleceu em 1937. É impressionante que tenha uma obra tão vasta pelo pouco tempo que teve de vida. O que faria Noel se tivesse vivido mais? Nasceu de um parto difícil, com uso de fórceps, que lhe causou um afundamento na mandíbula que o marcou sempre.

    Os dois compositores são grandes representantes de suas cidades. Adoniran é o símbolo musical de São Paulo, a terra da garoa. Seus pais eram imigrantes italianos, gente que veio da província de Veneza.
Noel era um legítimo filho de Vila Isabel, Rio de Janeiro.

    Carlos Madia, músico sorocabano que viveu muito tempo no Japão, produz esse espetáculo que junta os dois grandes compositores. Quem sai ganhando é o público que vai pôde usufruir do show de graça e ao ar livre.

Gravata borboleta

    Tive a honra de conhecer pessoalmente Adoniran, quando trabalhava em dublagem – nos meus primeiros tempos em São Paulo. Ele gravava no mesmo estúdio e sempre aparecia com sua indefectível gravata borboleta.

    Quando menino, ouvia Adoniran no rádio, no programa escrito por Osvaldo Moles, História das Malocas. Era uma espécie de novela cômica que se passava numa favela paulista. Também chamavam favela de maloca. Hoje é comunidade.

    A voz rouca, inconfundível, marcava o personagem Charutinho, interpretado por Adoniran. Era ele que sempre terminava o programa com uma frase que resumia a moral da história – lembro de uma por acaso: “Pobre é que nem aérubu, os de cima cospe nos que tão embaixo”. Meus domingos eram macarronada e escutar História das Malocas.

Italianadas

    Sempre adorei o Adoniran. Meu pai chamava-se Ernesto. O mesmo que nos convidava num dos melhores sambas do compositor: “O Arnesto nos convidou/ Prum samba/ Ele mora no Brás…” As letras italianadas, bem humoradas, as histórias dramáticas, a vida como ela é. Absolutamente geniais.

    Gosto muito do “barracão no morro, onde se guardam os instrumentos”. Quando todos vão embora, os instrumentos, na madrugada, começam a tocar sozinhos. Lindo! E esse verso: “Com a corda mi, do meu cavaquinho, fiz uma aliança pra ela, prova de carinho”.

    Não dá pra saber quem seria o maior artista: Adoniran ou Noel. Não se trata de um show para tirar essa dúvida. Todos  se emocionam com os dois grandes baluartes da nossa música. E Noel, nascido tão distante de Sorocaba, sentiu-se em casa quando ouviu “o apito da fábrica de tecido”.

(*) Paulo Betti é ator e diretor. Fale com ele pelo e-mail [email protected] ou pelo Blog do Leitor.

Paulo Betti

Paulo BettiPaulo Betti é ator e direitor e sua coluna foi publicada pela brpress.

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