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Rodrigo Getzoff: primeiro da fila para entrar no show de OzzyRodrigo Getzoff: primeiro da fila para entrar no show de Ozzy

Primeiro da fila no Ozzy

(São Paulo, brpress) - Repórter pede carona em engarrafamento após show e encontra fã literalmente número um do cantor, que acampou no Anhembi um dia antes. Por Juliana Resende.

(São Paulo, brpress) – Rodrigo Getzoff tem 30 anos e alguns de rock n’ roll. Fã de heavy metal, ele aprendeu algumas técnicas para curtir, como pura e simplesmente parte do público – não como convidado, nem jornalista, nem roadie e muito menos groupie –, os shows a que se propõe a ir. Trata-se de uma verdadeira maratona. No show de Ozzy Osbourne, no último sábado (02/04), ele foi o primeiro – sim, o primeiro – a chegar na fila. Isso com 41 horas de antecedência.

Ele conta que chegou no Anhembi às 5 da manhã de sexta-feira (01/04). “Não havia ninguém e o lugar estava totalmente deserto. Fiquei até com medo de montar minha tenda e ser assaltado”, lembra. “Então resolvi sentar alí na porta e esperar que alguém aparecesse para que eu pedisse para guardar meu lugar – queria continuar sendo o primeiro da fila –, para ir colocar o carro no estacionamento do Anhembi (R$ 25,00 por dia)”. Uma outra alma, fã do ‘Príncipe das Trevas’, só foi aparecer na fila lá pelo meio-dia.

Acertados os detalhes do lugar na fila, Rodrigo pegou o carro e correu até sua casa na Zona Leste. Em pouco mais de uma hora já estava de volta na fila, onde já haviam outros gatos pingados. De lá, só saiu para ir ao banheiro algumas vezes – sempre com seu primeiro lugar guardado pelos companheiros – até às 17h de sábado, hora que que os portões do Anhembi abriram, felizmente, de acordo com o divulgado.

Gargarejo

É como um pequena e determinada manada. Os portões abrem e é um pernas-pra-que-te-quero, mesmo para quem é o primeiro da fila. “Na entrada a gente corre para pegar lugar bom na grade” – aquela que separa a fila do gargarejo do palco, tendo o fosso onde ficam os fotógrafos e técnicos, como ‘obstáculo’. Rodrigo correu com seus pertences e conseguiu ficar tão perto do palco que levou várias baldadas de água que o senhor Ozzy jovaga na plateia (como se a chuva torrencial que caiu não bastasse).

“As baldadas foram uma delícia”, comenta Rodrigo. E a espuma grudenta que ele também jogava no público? “Ah, era meio desagradável mas muito divertido”, festeja. Anestesiado pelo êxtase e cansaço, Rodrigo não se irritou quando ficamos – esta repórter pediu carona para ele diante do caos na saída do show e de nenhuma perspectiva de pegar um táxi (coisa rara no local, pasme) – cerca de uma hora sem sair do lugar dentro do carro, pois a Av. Olavo Fontoura estava parada (cadê a CET?). “Não adianta buzinar”, balbuciava Rodrigo.

Hoje, ir para show para ele é sinômino de sair sozinho de mala, cuia, ingresso – comprado sempre com sufoco na internet e com altas taxas de “conveniência” –, com, no mínimo, com um dia de antecedência. Leva barraca, comida, isopor com bebidas e embarca numa viagem que pode acabar mal, em caso de qualquer vacilo, para guardar os primeiros lugares nas longas filas que vão se formando na porta dos estádios. “É legal por que a gente vai conhecendo pessoas”, acredita. “Já trouxe namorada, mas prefiro vir só nestes esquemas”, recomenda.

VIP?

Seu pai acha que ele é louco – e um “trouxa” ainda maior –, nestes tempos de “pista VIP”. É que os ingressos para este setor, inventado no Brasil para cobrar mais caro daqueles que desejam ficar mais perto do palco, constumam ser disputados e valiam até R$ 600 no Ozzy. Rodrigo conta que pagou meia Pista VIP, pois cursa uma universidade. “Meu pai diz que, por esse preço, a gente deveria ter é sala vip”, comenta, rindo. “Mas o que acho mesmo é que poderiam ter banheiros químicos e gente vendendo água, cerveja também perto da grade”, sugere.

Estacionamento? Também poderia ser incluso no preço exorbitante dos ingressos para a tal Pista VIP. Afinal, se Very Important People têm de dormir na fila para conseguir um bom lugar e, na saída, se comprimir com centenas de outros carros na desorganização do trânsito, o que dirá do público que vai na geral? Pelo jeito, ir a shows no Brasil emergente ainda é sinônimo de sacrifício e devoção, não importa o status social de seu ingresso.

(Juliana Resende/brpress)

Leia mais sobre o show de Ozzy Osbourne em São Paulo aqui.

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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