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Jô retoma ibope com Laerte

(São Paulo, brpress) - Músicas para Churrasco II tem Motoboy, Mina Feia e Bipolar, mas está mais pra shopping que pra favela. Por Juliana Resende.

(São Paulo, brpress) – Pode botar as carnes na brasa que Músicas para Churrasco Vol. II acaba de sair do forno. E com excelente “cozinha”. Pode crer, Seu Jorge está muito bem acompanhado em seu novo disco, que traz hits em potencial como Motoboy, Mina Feia, Papo Reto e Ela É Bipolar.

    Pretinho da Serrinha no cavaco e percussão garante a levada samba-rock característica do som seujorgeano, mas a produção é mais shopping que favela, assinada pelo produtor celebrity Mario Caldato Jr. (Beasty Boys, Bjork e Jack Johnson, para citar três de muitos outros), brasileiro radicado em Los Angeles – onde o próprio Seu Jorge sentou praça há três anos. O disco é chique e traz um Seu Jorge mais sofisticado, ainda que irreverente

    A faixa Papo Reto – soul da melhor qualidade – é, talvez, a melhor tradução desta fase amadurecida com sua residência nos EUA, fato que lhe garante inevitável americanização e uma ainda mais apurada visão de Brasil, com o distanciamento do universo da favela, da cerveja no boteco e da batucada que ele tanto adora. Esse é o universo brasileiro de Músicas para Churrasco. Mas ele vive no exterior.

Ranço

     “Cheguei onde nunca imaginaria chegar, pois de onde vim não havia futuro [ele nasceu e foi criado em Belford Roxo, na Baixada Fluminense]. Se tenho um certo ranço do passado? Tenho sim, é inevitável” [ele morou na rua antes de ser famoso, depois que o irmão mais velho foi morto numa chacina]. admite. “Mas tento seguir o conselho de uma amiga e deixar isso pra lá”.

    No papo (reto, e como!) que ele teve com jornalistas no final de tarde de 31 de março, no bar Karavelle, do qual é um dos sócios, Seu Jorge falou de música e de política, de oportunidade e de transformação. “Você vai mas muita gente fica e não tem como jogar a corda. A estagnação do Brasil é o maior ranço meu. Nêgo paga pau, mas o fato é que não tem ninguém do Gogó da Ema [bairro de Belford Roxo] em Los Angeles – só eu, cara!”

    Privilegiado sim, esnobe não nesta encarnação. Seu Jorge sabe bem de onde vem mas não deixa de curtir seu momento. A não ser quando lembra que amigos queridos não podem acompanhá-lo. “Estava eu em Chicago, com grana no bolso do meu terno, depois de 11 shows querendo curtir com a galera, mas não havia ninguém. Me deu o maior baixo astral. ‘Vai… Não sei pra onde’, eu falei pro motorista da limosine”, conta, rindo.

Cinema

    Em LA, ele sente saudade dos “negroides” (como ele se refere carinhosamente aos companheiros) mesmo que tudo saia como o som de Tim Maia. Ou melhor, de Kurtis Blow, que quem ele é amigo, como de Jack Johnson e de Anthony Kiedis (Red Hot Chili Peppers). “Tenho muito mais oportunidades nos EUA e principalmente acesso à educação, coisa que no Brasil é sempre mais difícil”. E cinema? [Seu Jorge foi projetado como ator nos filmes Cidade de Deus e The Life Aquatic, de Wes Anderson, diretor de O Grande Hotel Budapeste, vencedor de 4 Oscar 2015]. “Ah, tem rolado várias coisas”.

    “Acabei de fazer o filme Pelé, de Michael e Jeff Zimbalist (diretores do documentário Favela Rising, 2005),  sobre a vida de Pelé”, conta, orgulhoso. Seu Jorge vive Dondinho, pai do craque. “Em 1970, ano que eu nasci, ele ganhava a Copa e desbloqueava o playstation racial do Brasil, que tinha tolerância zero com os negros”. No futebol, Seu Jorge prefere investir em novos talentos, como o zagueiro Zairo, do Sub 17 do Botafogo. “Ele é bom pacas”, garante.

Empreendendo

    Seu Jorge tem um lado empreendedor forte e acredita piamente que gerar emprego é melhor que ser empregado. “Acho que a mentalidade tem de mudar, e os jovens tem de ser incentivados a serem criativos e inovadores”, diz com um otimismo que certamente vem do seu sucesso como ‘self made man’. Para ele, essa é a única salvação do Brasil, “além da erradicação dessa corrupção que tanto nos envergonha”.

    Mas e o disco? Compositor, cantor, ator e multi-instrumentista, Seu Jorge é tão interessante que nem sobra tempo de entrar em detalhes de Músicas para Churrasco Vol. II. Enquanto o Vol. III não vem (“já tenho até uma música composta pra ele”, revela), vá se divertindo com esse pedaço bem-passado da extraordinária carreira desse artista popular por excelência. Quem sabe Seu Jorge volta cantando em inglês? Ele diz que ainda não está preparado pro samba bilíngue e que se fortalece ouvindo João Gilberto. Todo cuidado é pouco pro churrasco não queimar.

(Juliana Resende/brpress)

Veja vídeo com Seu Jorge no Facebook.

Ouça Motoboy, do disco Músicas para Churrasco Vol. II:

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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