Mal acostumados?
(brpress) - Até parece que o Brasil se tornou uma potência olímpica. Depois de um primeiro dia de competições com três medalhas, ouro, prata e bronze, aconteceu uma surpresa geral com o domingo sem nenhum pódio. Por Márcio Bernardes.
Márcio Bernardes*/Especial para brpress
(Londres, brpress) – Havia certa apreensão sobre o futebol nesta Olimpíada. O masculino não fez bons amistosos e o trabalho de Mano Menezes sempre foi discutido. Apesar de possuir bons jogadores tecnicamente, que apresentam um belo futebol em seus times, foram poucas as exibições convincentes vistas sob o comando do treinador gaúcho.
Os dois jogos, até agora, aqui no Reino Unido, oferecem crédito pelos resultados e pelo que se jogou. A sofrida vitória sobre o Egito foi merecida. A ansiedade da estreia foi superada e os erros da defesa deram oportunidade para o técnico chamar a atenção do setor. Se o time não foi nenhuma “Brastemp”, ficou longe de uma geladeira velha.
Contra a Belarus, adversário fraco e que mesmo marcando primeiro não ofereceu receio, o Brasil impôs a sua maior categoria. Ganhou por 3 a 1 e antecipou a classificação para as quartas de final.
Um simples empate contra o fraco time da Nova Zelândia dará à seleção brasileira o primeiro lugar no grupo. Além disso, aumentou a confiança da torcida e, a partir das quartas de final, deve-se apenas tomar cuidados com os jogos eliminatórios. Qualquer descuido não dá para recuperar.
Futebol feminino
Quanto ao feminino, pairava a dúvida sobre o rendimento da equipe, especialmente Marta e Cristiane, as jogadoras mais badaladas e categorizadas. E elas não decepcionaram. A goleada sobre Camarões, pelo próprio resultado de 5 X 0, comprova a superioridade do Brasil. E o apertado 1 X 0 sobre a Nova Zelândia foi consequência dos méritos brasileiros, classificando o time para a próxima fase.
Seguindo o que se viu até agora é possível apostar nos dois times com boa sequência. O sonho de medalhas continua.
FRASES
“Esse time está voando”.
Kobe Briant, na tribuna do Earls Court, elogiando o vôlei feminino do seu país, depois da vitória sobre o Brasil.
“Estou feliz por voltar a Wimbledon. O espírito de Olimpíada é diferente”.
Roger Federer, imbatível e soberano, o maior tenista da história.
“Michele Obama virou arroz de festa nesta Olimpíada. Está em todas”.
Comentário ferino de um jornalista americano sobre a primeira-dama do país.
“Vai ser difícil, mas vou tentar ganhar de novo a Medalha de Ouro”.
Maurren Maggi, chegando a Londres, cheia de otimismo.
“Continuo nas nuvens”.
Thiago Pereira, que ganhou a Medalha de Prata nos 400m medley e desbancou Michael Phelpps.
OLÍMPICAS
Chegou rapidamente ao Comitê Olímpico Brasileiro a informação que o pleito do judoca Felipe Kitadai seria atendido. Ele teve sua medalha de bronze quebrada e o Comitê Organizador está providenciando uma nova. Na entrevista coletiva que concedeu um dia após a sua conquista, o paulista fez o pedido e levou.
A desclassificação prematura da Espanha no futebol masculino mostra que os invencíveis não são tão invencíveis assim. Time badalado, a exemplo da seleção principal, tendo como base Barcelona e Real Madri, os espanhóis estão sendo muito criticados pela imprensa local, que contava com a sua chegada à final.
Apesar das brincadeiras após sua desclassificação na ginástica artística, Daiane dos Santos, aos 28 anos, vai se aposentar como atleta, mas não pretende abandonar o esporte. Ela ainda não decidiu de que forma vai trabalhar, mas está avistando 2016 e o trabalho forte de revelações de talentos que continuará na ginástica.
Apesar de tentarem vender o contrário, foi decepcionante a participação do tênis brasileiro aqui em Londres. Lógico que não se esperava tanto de Thomaz Bellucci e que vencendo o primeiro set contra Jo-Wilfried Tsonga poderia minimizar a imagem do tênis nacional no circuito internacional.
TOQUE FINAL
Ficamos mal acostumados. Até parece que o Brasil se tornou uma potência olímpica. Depois de um primeiro dia de competições com três medalhas, ouro, prata e bronze, aconteceu uma surpresa geral com o domingo sem nenhum pódio. Todos estranharam que no segundo dia ninguém conquistasse nada.
Realmente essas três medalhas deram a sensação de que éramos uma China ou os Estados Unidos. Ficamos, por algumas horas, em primeiro lugar no quadro de medalhas.
Pura ilusão. Quem acompanha de perto a delegação brasileira sabe que as 15 medalhas totais previstas pelo COB serão conquistadas com muita luta. Se chegarmos a esse número. Por isso, não podemos perder o foco e entender que o país precisará de muitos anos para se igualar às outras nações que conquistam dezenas de medalhas numa Olimpíada.
O trabalho de base é demorado. Vamos dar tempo ao tempo.
(*) Comentarista veterano de esportes, com diversas Copas e quatro Olimpíadas no currículo, Márcio Bernardes é âncora da Rede Transamérica de Rádio, professor universitário e colunista da brpress. Fale com ele pelo email [email protected] , pelo Twitter @brpress e/ou Facebook. Durante os Jogos Olímpicos de Londres, esta coluna será diária.