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Cena da ópera La BohèmeCena da ópera La Bohème

Puccini, Mimi e a vida boêmia

(Berna, brpress) - Atemporalidade e beleza de levaram TV suíço-alemã a transmitir ao vivo La Bohème ao vivo, num cenário atual do que seria a vida dos boêmios, com seus artistas. E que garante o Stadt Theatre lotado. Por Rui Martins.

(Berna, brpress) – Se nas suas andanças pela Europa passar pela Suíça, veja se a ópera La Bohème, de Giacomo Puccini, está programada. Se estiver, vale a pena uma esticada até a cidade medieval de Berna, capital da ilha helvética alpina.

A composição de La Bohème se baseou num livro de sucesso na França, Cenas da Vida Boêmia, de Henri Murger, publicado em seriado numa das revistas parisienses da época e depois reunido num livro, inspirador de uma peça de teatro. Outro compositor também se inspirou no mesmo tema, Ruggero Leoncavallo, mas sua composição chegou ao palco com um ano de atraso e nunca obteve o mesmo sucesso.

Boemia

Ao contrário do que podem pensar os expectadores ou ouvintes da ópera, seu título não se refere apenas à Mimi, personagem boêmia, mas à vida boêmia ou ao comportamento boêmio de todos os personagens, expressão que no nosso idioma mereceu uma pronúncia livre sem o acento circunflexo, imortalizada numa canção popular de Adelino Moreira, por Nelson Gonçalves, na sua volta à boemia.

Naquela época, a boemia só podia mesmo existir em Paris e seus personagens são artistas, quase enregelados, no primeiro ato, com o frio invernal parisiense, a ponto de queimarem as páginas de um romance manuscrito para poderem esquentar um pouco o sótão, onde vivem.

Música, maestro

A música de Giacomo Puccini é a razão do sucesso contínuo há mais de cem anos, dessa ópera. E quando o poeta, a pretexto de procurar uma chave caída no seu quarto, no momento de acender a vela ou lamparina da vizinha, começa a cantar “que mãozinha gelada, deixe-me esquentá-la/ Sou um poeta, escrevo…/ E na minha alegre pobreza, disperso, como um grande senhor, rimas e hinos de amor”, é impossível deixar-se de sentir a música que provoca aquele estado de bem-aventurança na alma.

Quando cobria para o Segundo Caderno do Estadão, o Festival de Cinema de Berlim, começo de fevereiro, invernão europeu, tomava o trem noturno, que partia à meia-noite de Basiléia para chegar a Berlim, em frente ao cinema Zoo-Palast, por volta das sete da manhã. Deitado num dos quatro leitos do compartimento do vagão dormitório, lembro-me ainda de quando levei comigo um walkman e ouvia La Bohème até chegar o sono. Eram cantos de beleza extrema, num quadro triste, cujos acordes podem se imortalizar na memória.

Foi talvez essa beleza que levou a televisão suíço-alemã a transmitir ao vivo La Bohème, diretamente de um prédio de um dos bairros de Berna, num cenário atual do que seria a vida dos boêmios, com seus artistas. E que garante o Stadt Theatre de Berna lotado em todas as apresentações.

(Rui Martins/Especial para brpress)

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