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Osman Yousefzada (esq.) com Caroline Rush, no Dover St Arts Club. Foto: Andrea KirstOsman Yousefzada (esq.) com Caroline Rush, no Dover St Arts Club. Foto: Andrea Kirst

Osman Yousefzada conta porque ‘pausou’ a moda

Designer que vestiu Gaga e Beyoncé reflete sobre importância de transitar por universos criativos diferentes. Por Andrea Kirst

(Londres, brpress) – A London Fashion Week Outono-Inverno 23FW terminou com um papo-reto não sobre tendências e sim transcendências – de mundo, de condição social, de identidade, de onda criativa e de área. Complexo? Um bocado. Ainda mais após uma intensa semana de moda. O convite era para uma conversa entre o designer Osman Yousefzada e a diretora-executiva do British Fashion Council (BFC), Caroline Rush.

Na entrada do evento, no subsolo do charmoso e acolhedor Arts Club, está exposto o livro The Go-Between (“O Intermediário”, em tradução livre), de Osman Yousefzada, que acaba de ser lançado no Reino Unido em paperback (com capa de papel e um preço mais acessível).

Pai muçulmano e desempregado

Osman, também o nome de sua marca, atualmente esta em “pausa”. lê uma passagem do livro, na qual o menino de 10 anos descreve como foi crescer na cidade de Birmingham, na Inglaterra, em uma família paquistanesa  muçulmana ultraconservadora, imigrante, e com um pai desempregado, vivendo de benefícios na era Thatcher (ainda referência em austeridade e alto desemprego).

O livro narra as contradições de estudar em instituições renomadas e de vanguarda artística, como a Central Saint Martins, virar designer e artista multimídia, ser queer e conviver com valores e costumes antigos, de uma família muçulmana ultraconservadora, e como aquele garoto habilidoso navegou entre estes universos tão diferentes, chegando a vestir Lady Gaga e Beyoncé. 

“Fui jurado de morte por alguns membros distantes da minha família”, revela Osman Yousefzada.

Apesar da dificuldade de integração dos imigrantes na sociedade britânica, em plenos anos 80, ele fala com carinho de sua mãe e o quanto o fascina o “universo paralelo” no qual as mulheres da comunidade islâmica vivem – até hoje. Sua abordagem deste tema rico e controverso gerou interesse e críticas positivas ao livro.

Mas no bate-papo com uma plateia basicamente formada por fashionistas, o mais fascinante foi descobrir as razões que levaram Osman Yousefzada a interromper suas atividades na moda e explorar outras formas de expressão. 

Apenas criar

No encontro, ele foi questionado sobre o que achava da moda ainda apresentar tantos obstáculos para novos designers. A resposta foi vaga mas mostra seu desprezo pelas engrenagens esnobes, seletivas e nem sempre justas do mercado fashion: “Prefiro conversar sobre outros assuntos do que sobre roupas”, alfineta. “Foi muito libertador poder ser eu mesmo e dizer que meu pai ficou desempregado por quase 20 anos, ao invés de ter de mentir que ele tinha um negócio”.

Outra pergunta foi sobre o que Yousefzada pensa de Londres ser terreno fértil para novos estilistas mas que cada vez menos consolidam suas marcas, Caroline interveio e lembrou “o quão competitivo é o setor e que, apesar dos vários programas de suporte do BFC, muitos dos criativos percebem que não gostam de tocar o negócio, e sim apenas criar”.

“Optei por um novo caminho criativo, qualquer que seja”, diz Osman Yousefzada. “Independente da mídia, contamos a mesma história pessoal”. Sua história é a linha que costura sua arte. 

(Andrea Kirst, especial para brpress)

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Andrea Kirst

Especializada em Jornalismo Criativo pela New School For Social Research (NY) e Design Experimental de Moda pela Central Saint Martins, em Londres, onde mora há 10 anos, trabalhou na indústria da moda e colabora com a brpress.

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