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Fiona Hyslop (de vermelho)Fiona Hyslop (de vermelho)

Brexit ameaça festivais de Edimburgo e economia criativa

(Edimburgo, brpress) - Diretores dos festivais escoceses enviam carta de repúdio a cortes em atividades no British Council em países em desenvolvimento, como o Brasil. Por Juliana Resende.

(Edimburgo, brpress) – Edimburgo está em festa com os festivais de artes – são pelo menos quatro simultâneos – que tomam a cidade em agosto, tornando a capital escocesa talvez a mais cosmopolita e artística neste período. A brpress esteve pela segunda vez na cidade e pôde conferir a ebulição de artistas e turistas que lotaram as ruas, em alerta após os atentados de Barcelona. Apesar da euforia, as indústrias criativas e o turismo escoceses estão sob ameaça com o Brexit (a saída do  Reino Unido da União Europeia) e cortes de verbas.  

No último final de semana, diretores dos festivais (Edinburgh Internacional Festival, que faz 70 anos, do Fringe, do Edinburgh International Book Festival e Edinburgh Art Festival) enviaram uma carta de repúdio ao recém anunciado corte de operações do British Council em países em desenvolvimento – incluindo o Brasil –, como parte da nova política de austeridade do governo britânico.  

A carta (da qual a brpress obteve cópia) afirma que o corte terá um desastroso impacto nos festivais e na economia criativa de Edimburgo e do Reino Unido, já que o British Council fomenta projetos de intercâmbio cultural que começam ou acabam passando pelos festivais. Ainda não houve resposta por parte do ministro das Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, ex-prefeito de Londres – um dos maiores entusiastas do Brexit.  

Sem Conchita Wurst 

Há um clima de incerteza e rebelião, por parte dos diretores dos festivais, devido às negativas de vistos para artistas de países árabes (caso dos músicos sírios da cantora e drag queen austríaca Conchita Wurst, vencedora do Eurovision, um dos mais populares concursos musicais da Europa, em 2014), resultando em algumas baixas nos festivais, apesar da intervenção de ministros escoceses, como Fiona Hyslop, da Cultura, Turismo e Relações Exteriores. 

A brpress conversou com Hyslop sobre o assunto e ficou evidente a preocupação do governo escocês com as consequências do Brexit. É sabido que os festivais de Edimburgo se beneficiam também de verbas provenientes da União Europeia (£59 milhões, cerca de R$ 240 milhões, foram empenhados pela UE nos festivais de Edimburgo, de 2007 a 2016). Julia Armour, diretora da Associação de Festivais de Edimburgo, admite: “O Brexit nos preocupa muito, mas ainda está tudo muito vago. Já os cortes nas atividades do British Council são uma realidade que precisa ser repensada urgentemente”.  

A conversa da reportagem com a ministra Fiona Hyslop expõe profundas divergências do governo escocês da premiê Nicola Sturgeon (líder do Scottish National Party, o partido separatista) com a política de Westminster e as preocupações com o Brexit, já que a garantia de permanência na União Europeia continuando com o Reino Unido foi um dos principais motivos pelos quais o não venceu no plebiscito pela independência da Escócia, em setembro de 2014.

Turismo 

Entre todas as tensões do Brexit (nome até de musical apresentado no festival) que afetam diretamente uma das maiores indústrias da Escócia – o turismo  –, bem como eventos artísticos que impulsionam a economia escocesa,  o anúncio dos cortes no British Council por uma reportagem do Times caiu como uma bomba. O BC tem um papel importantíssimo no fomento e intercâmbio de artistas e cientistas (via Newton Fund) internacionais com o Reino Unido. Funciona como o braço de soft power do governo britânico desde o pós-Guerra.  

O Festival Internacional de Edimburgo vem liderando ininterruptamente toda a cadeia da economia criativa escocesa e britânica desde que foi criado, em 1947, também no pós-Guerra como instrumento de reconciliação dentro do amplo projeto de internacionalização que tanto beneficiou o Reino Unido. A ministra da Cultura, Turismo e Relações Exteriores escocesa usou palavras fortes para definir o modo como o governo britânico vem tratando questões estratégicas escocesas, garantindo que um novo referendo sobre a independência da Escócia está a caminho.  

(Juliana Resende/brpress, viajando a convite do VisitBritain) 

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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