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Boris Johnson disse não ser a pessoa para disputar o cargo de premiê. Foto: Stefan Wermuth/ReutersBoris Johnson disse não ser a pessoa para disputar o cargo de premiê. Foto: Stefan Wermuth/Reuters

Boris Johnson sai da corrida a premiê

(Londres, brpress) - Defensor do Brexit e principal liderança conservadora a substituir David Cameron, ex-prefeito de Londres dá lugar a outros candidatos, como ex-aliado Michael Gove, ministro da Justiça.

(Londres, brpress) – A manhã nas ilhas britânicas raiou com sol e seguiu supermovimentada em Westminster, uma semana depois de o Reino Unido ter votado pela sua saída da União Europeia. Com contornos shakespearianos – seria uma homenagem duvidosa da classe política aos 400 anos de morte do Bardo, celebrados em 23/06, dia do referendo? –, o ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, líder da campanha pelo Brexit no Partido Conservador, também pediu para sair. Isso porque quem foi ”içado” a se retirar de cena foi o líder Trabalhista, Jeremy Corbyn, numa súplica do atual premiê David Cameron: “Por Deus, homem! Saia!”. Bem, quem saiu foi Boris – do mesmo partido de Cameron, mas com ideias políticas diferentes, já que o primeiro defendeu o Brexit e o segundo dizia para o povo votar pelo “fico”.  

Johnson resolveu desistir de concorrer ao cargo de futuro líder do Partido Conservador e, consequentemente, de primeiro-ministro britânico, em substituição a David Cameron. Sim, Boris era, até ontem, “o cara”. A grande surpresa foi a candidatura de última hora de Michael Gove, atual ministro da Justiça, que fez campanha corpo a corpo com Boris pelo Brexit. Não satisfeito com a suposta rasteira, Gove explicou a razão de sua candidatura repentina, alegando que Johnson não tem as qualidades necessárias para liderar o Partido Conservador muito menos o governo.

Pede pra sair

Se no Partido Trabalhista, o Labour, o clima de rebelião se instaurou depois do Brexit de tamanha forma, como se o líder Jeremy Corbyn fosse o principal responsável pela falência da campanha pela permanência do Reino Unido na União Europeia – paradoxal e consequentemente,  sua bancada agora quer que ELE saia –, no Partido Conservador, parece que a conspiração faria Macbeth parecer um conto de fadas. Em face de viradas de casacas e do balcão de venda de apoios em que se transformou o Parlamento, Boris Johnson anunciou “não ser a pessoa” para disputar o cargo de premiê. 

Enquanto Jeremy Corbyn diz que não sai e da liderança do Labour ninguém o tira, Boris Johnson praticamente pediu para sair.  E foi acusado de irresponsável tanto por opositores quanto por apoiadores de sua candidatura, já que “criou uma das maiores crises constitucionais dos tempos modernos” [defendendo o Brexit com unhas, dentes e descabeladamente] e agora “demitiu-se de qualquer sentido de responsabilidade por aquilo que fez”, bradou Michael Heseltine, o ministro que em 1990 desafiou Margaret Thatcher e acabou por precipitar a demissão da então primeira-ministra.

Como o prazo para a apresentação das candidaturas à disputa de líder do Partido Conservador terminou ao meio-dia desta quinta-feira (30/06), outros candidatos se lançaram ao cargo, além de Gove: a secretária de Estado Theresa May, de 59 anos, que votou contra o Brexit – e forte candidata contra Gove; o ministro do Trabalho Stephen Crabb, um galês de 43 anos e estrela em ascensão do Partido Conservador, criado em uma moradia do Estado por uma mãe solteira, que também defendeu o “fica”; a ministra da Energia Andrea Leadsom, ex-banqueira de 53 anos e um dos destaques da campanha pelo Brexit;  e Liam Fox, ex-ministro da Defesa e médico de 54 anos, defensor ferrenho do Brexit.

Os deputados conservadores votarão para escolher dois finalistas e, em seguida, todos os membros do partido poderão participar da eleição do novo líder, que, automaticamente, passa a ser o primeiro-ministro. Como as eleições estão previstas somente para 2020, isso levanta a questão de ter um primeiro-ministro por quatro anos sem o endosso popular. 

Oposição

Se algo de novo pode sair do Partido Trabalhista? A única certeza é que a liderança de Jeremy Corbyn continua muito ameaçada. Ele vem sofrendo sucessivos ataques. Mais de 50 deputados renunciaram aos seus cargos no “shadow cabinet” – como é chamado o governo paralelo da oposição. 

Na última quarta-feira (29/06), deputados trabalhistas votaram uma moção de desconfiança no líder. E o resultado foi avassalador: 172 x 40. Ou seja, 80% dos deputados trabalhistas não confiam mais em seu líder. Entretanto, Jeremy Corbyn resiste bravamente aos pedidos de renúncia, alegando que ainda conta com o apoio de grande maioria dos membros do partido – principalmente movimentos de base e sindicatos. Tudo indica que ele será desafiado por um deputado do partido. Para isso, um deputado precisa apresentar uma lista demonstrando o apoio de 50 deputados.  

(Juliana Resende/brpress, com agências internacionais; colaborou Geraldo Cantarino/Especial para brpress, em Londres)

REPRODUÇÃO TOTAL E/OU PARCIAL DESTE CONTEÚDO SOMENTE AUTORIZADA PELA BR PRESS

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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