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Choque britânico

(Londres, brpress) - Trabalhismo deve revigorar-se agora na oposição, e "capitalizar" com consequências do maior ajuste da história britânica. Por Isaac Bigio.

Isaac Bigio/*Especial para brpress

(Londres, brpress) – O governo britânico anunciou o maior ajuste econômico da história do país. Sua meta é reduzir o déficit de US$ 130 bilhões e, para atingi-la, é necessário tomar uma série de medidas drásticas.

Estas incluem um plano para que, nos próximos cinco anos, sejam despedidos 500 mil funcionários públicos, seja cortado um terço da ajuda aos municípios e se reduzam substancialmente os benefícios aos incapacitados, desempregados e pessoas pobres (que recebem subsídios para pagar aluguel e comprar produtos de primeira necessidade). Até o final da década, a idade mínima para aposentadoria deverá subir para mais quatro anos.

Este governo demorou cinco meses para lançar seu programa. A demora se deu porque se estudava o que fazer e como criar um consenso entre os dois partidos que, pela primeira vez em sua história, coabitam no poder: os conservadores e os liberal-democratas.

Estes dois partidos tinham estado na oposição ao governo trabalhista de 1997-2010, mas os primeiros pela direita e os segundos adotando algumas posições à esquerda dos “vermelhos”.

Os conservadores (“tories”)conseguiram que os liberais aceitassem suas “receitas” em troca de algumas concessões em idéias e cargos públicos, mas estas medidas econômicas correm o risco de reduzir significativamente a influência dos liberal-democratas.

Até quando?

O trabalhismo deve revigorar-se agora na oposição e não seria  de se espantar que estes consigam superar os “tories” nas pesquisas, algo que não aconteceu nos primeiros seis meses de mandato de nenhum partido no poder, na última terça parte do século.

O choque não é apenas um pacote de medidas econômicas, mas uma virada no modelo econômico. O Reino Unido deve, pois, deixar de ser um  dos baluartes do estado de bem estar social e de forte intervenção estatal em saúde e educação para seguir um modelo como o dos EUA (ainda que sem tanta força como o setor privado tem ali).

Neste fim de semana, se inicia uma série de protestos sociais. Até este momento, o Reino Unido vem mantendo um baixo nível de protestos e greves. Este país, que teve uma democracia ininterrupta durante um terço de milênio, não tem a mesma experiência de revoltas como  Grécia e França.

Recessão

No entanto, se este nível de descontentamento atingir parcelas similares da população, há o risco de que a coalizão governante se desintegre e que não se mantenha pelos cinco anos que se propuseram governar. Por outro lado, os cortes tendem a diminuir muitos empregos e o consumo, ocasionando uma maior recessão e, inclusive, a adoção de novas medidas de ajuste.

    Cameron e Clegg, mesmo assim, tentarão evitar que a coalizão se divida e também a perda de popularidade, enquanto esperam que o atual choque permita uma futura recuperação e que o trabalhismo os ajude a canalizar os protestos, evitando que se radicalizem.

(*) Analista de política internacional, Isaac Bigio lecionou na London School of Economics e assina coluna no jornal peruano Diario Correo. Fale com ele pelo e-mail [email protected] Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. ou pelo Blog do Leitor. Tradução: Angélica Resende/brpress.

Isaac Bigio

Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics . Tradução de Angélica Campos/brpress.

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