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Ed Miliband: o novo líder do Partido Trabalhista pode ser o novo premiê britânico. Foto: Adrian Dennis/AFPEd Miliband: o novo líder do Partido Trabalhista pode ser o novo premiê britânico. Foto: Adrian Dennis/AFP

Miliband pode ser eleito premiê com apoio escocês

Londres, brpress) - Aliança com o Scottish National Party (SNP) será fator decisivo. O preço? Novo referendo. Por Isaac Bigio e Maria Eduarda Johnson.

(Londres, brpress) – Aos 45 anos, o londrino Ed Miliband poderá se tornar o primeiro líder Trabalhista a levar seu partido ao poder sem vencer a eleição britânica, nesta quinta (07/05), por maioria absoluta no parlamento. E ainda que Ed seja amplamente derrotado na Escócia – de novo o país que por pouco não se separou do Reino Unido em 2014 –, é de lá que vem seu grande apoio nesta corrida eleitoral: Nicola Sturgeon, líder do Scottish National Party (SNP), o partido nacionalista escocês.

    Miliband é cria do ex-premiê trabalhista, o escocês Gordon Brown, e representa o lado mais à esquerda do Partido Trabalhista, rachado entre a ala liderada por Brown e a ala liderada por Tony Blair, posicionada mais à direita quando Blair decidiu invadir o Iraque com George W. Bush. O racha também reflete nas relações pessoais. O irmão mais velho de Ed, David, era o pupilo de Blair, que sonhava que ele pudesse ocupar o número 10 de Downing Street, residência oficial e escritório do premiê britânico em exercício.

    De acordo com a maioria das pesquisas, vermelhos (Trabalhistas) e azuis (Conservadores) praticamente empatam em primeiro lugar. Embora o atual primeiro-ministro conservador David Cameron possa superar Ed por algumas cadeiras no parlamento, seu partido não faria 306 parlamentares e, portanto, ficaria longe do mínimo necessário: 326 por maioria absoluta.

    Como nas últimas eleições de 2010, nenhum partido obteve maioria absoluta, o líder do partido mais votado, o  Conservador, foi convidado a formar uma coligação com o líder do partido Liberal-Democrata, Nick Clegg (o segundo mais votado). Os conservadores fizeram 306 parlamentares e os lib-dems 57. Juntos totalizaram 363 – 27 assentos acima da maioria absoluta. No entanto, todas as sondagens indicam que os conservadores perderiam entre 14 e 38 parlamentares e os lib-demd entre 28 e 32.

Conservadores? No, thanks

    Das seis pesquisas mais conceituadas, somente a da Elections Etc. dá alguma chance ao conservadorismo. De acordo com esta pesquisa, os conservadores obteriam 292 parlamentares e os lib-dem, 22 – somando  314 assentos, 12 menos do que a maioria absoluta necessária.

    Essa diferença poderia ser eliminada com uma aliança com o DUP (Democratic Unionist Party, o Partido Unionista Democrático da Irlanda do Norte), que deve fazer 9 asssentos, somando-se a mais 4 assentos do ultra-conservador UKIP (United Kingdom Independent Party). Esta é uma aliança que Clegg – que amargou várias derrotas políticas governando com Cameron – não gosta.

Fator ‘Youkip’

    Enquanto conservadores, trabalhistas e liberais-democratas se estapeiam, o UKIP (pronuncia-se “youkip”) segue se fortalecendo,  comendo pelas beiradas e fazendo estragos na política interna.
Seu líder é um sujeito falastrão chamado Nigel Farrage, que adora dar entrevistas em pubs fazendo a linha popular e que parece uma caricatura saída de uma revista em quadrinhos.

    O estilo diferente e menos formal que o dos políticos tradicionais apela para as camadas (ainda) mais conservadoras e xenófobas da sociedade britânica. Ele tem duas únicas ideias: o Reino Unido tem que sair da Comunidade Europeia e tem que fechar suas portas para os imigrantes que, segundo ele, “roubam os empregos locais e colocam o sistema de saúde sob pressão”. Farrage defende, entre outras coisas, que se negue a naturalização aos imigrantes HIV positivos.

A escocesa

    Nicola Sturgeon segue derrotando – e ao mesmo tempo apoiando – Miliband na Escócia com uma das bandeiras do partido nacionalista escocês: deixar o Reino Unido. O  ex- líder do partido, Alex Salmond, saiu depois da derrota (no referendo sobre a independencia) e Nicola Sturgeon começou a brilhar em seu lugar. Ela é advogada, fala muito bem e passa uma imagem de bastante competente.

    Tem surpreendido nos debates políticos. Em geral, suas políticas estão mais próximas do Partido Trabalhista. Por isso, Nicola acenou com uma possível aliança com os trabalhistas (ao que tudo indica, como aconteceu em 2010, será necessário criar uma coalizão para definir o próximo primeiro-­ministro). Miliband anda esnobando a oferta. Nicola diz que é blefe.

Aliança providencial

    De acordo com a média de todas as estimativas, o New Statesman prevê que Miliband e Cameron  empatariam com seus partidos fazendo em torno de pouco mais de 270 lugares cada, e que o SNP iria fazer 55 dos 59 assentos reservados à Escócia no parlamento britânico. Isso faz com que o partido se torne o verdadeiro fator desisório. O SNP está também à frente de um bloco de três partidos menores: o Partido do País de Gales e um dos Verdes, com os quais se aproximam dos 60 parlamentares, os quais se comprometeram a apoiar Miliband contra Cameron.

    Além destes 60 parlamentares do bloco nacionalista escocês-galês-verde somando-se aos 270 trabalhistas, há ainda mais 3 assentos do Partido Trabalhista Social-Democrata da Irlanda do Norte (SDLP). Portanto, Ed Miliband poderia passar os 330 parlamentares e ainda contar com o apoio de mais de 50% da Câmara dos Comuns.

Terrorismo

    Uma coisa é certa, em época de eleição o terrorismo psicológico vai às alturas. Os trabalhistas dizem que, se os conservadores vencerem, eles vao acabar com o NHS – o sistema public de saude. Ja os conservadores alertam: se votarem nos trabalhistas, eles irão arruinar a economia, como fizeram antes. Além do mais, o Reino não será mais tão Unido assim. Os trabalhistas vão se juntar aos escoceses, que irão votar pela independência da Escócia.

    Nicola Sturgeon, em sua oferta de apoio aos trabalhistas, cobra um preço que pode ser alto demais: quer um novo referendo sobre a separação da Escócia. Daí umas das razões para Ed Miliband dizer que não vai se unir aos escoceses. Além do mais, o partido de Nicola Sturgeon anda roubando o terreno, tradicionalmente ocupado pelos trabalhistas.

(Isaac Bigio* e Maria Eduarda Johnston**/Especial para brpress)

(*) Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics.

(**) Maria Eduarda Johnston é jornalista freelance e vive na Inglaterra desde 2002. Autora do blog Da Ilha, sobre o que acontece no Reino Unido, colabora também com o site Brasileiraspelomundo.com .

Isaac Bigio

Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics . Tradução de Angélica Campos/brpress.

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