Acesse nosso conteúdo

Populate the side area with widgets, images, and more. Easily add social icons linking to your social media pages and make sure that they are always just one click away.

@2016 brpress, Todos os direitos reservados.

O poder de Murdoch

(Londres, brpress) - Império midiático do magnata apoiou Thatcher, Blair e Cameron, cujo secretário de comunicações foi editor do News of the World. Por Isaac Bigio.

Isaac Bigio*/Especial para brpress

(brpress) – Nas últimas duas semanas, produziu-se algo que parecia impossível de acontecer no Reino Unido: todos os partidos que outrora disputavam os favores do czar das comunicacões naquele país, agora se rebelaram contra ele. Leia-se Rupert Murdoch e asseclas.

Nascido en Austrália há 80 anos, naturalizado norte-americano, o primeiro magnata da imprensa britânica, casado com uma chinesa, é o rei do maior império midiático da era da globalização. Com sua influência, pode colocar e manter no poder quem ele quiser. Ou podia.

Murdoch, que herdou de seu pai a principal cadeia midiática australiana, orgulhou-se de haver ajudado o trabalhista Gough Whitlam a ganhar as eleições na Austrália de 1972. Mas quando a rainha inglesa Elizabeth II decidiu, em 1975, tirá-lo do cargo para o qual fora democraticamente eleito, Murdoch mudou de lado, apoiando “sua majestade”.

Thatcher

No Reino Unido, o império de Murdoch apoiou Margaret Thatcher (primeira-ministra em 1979-90) que, por sua vez, o ajudou a acabar com uma prolongada greve de seus funcionários, que foram despedidos em grande parte.

Em seguida, estes mesmos meios tiveram um papel fundamental ao apoiar o pouco popular John Major, futuro sucessor de Thatcher, ajudando-o a ganhar as eleições de 1992 para premiê britânico.

Blair

Com o intuito de vencer as eleições seguintes, o novo líder do trabalhismo, Tony Blair, foi mudando de posições para agradar aos magnatas como Murdoch, que o endossou e fez com seu império midiático o apoiasse, aberta ou sutilmente, nas três eleições gerais que ele disputou e venceu (1997, 2001 e 2005).

Nas últimas eleições de 2010, Murdoch mudou de lado, atacando o novo primeiro-ministro trabalhista Gordon Brown, e ajudando o conservador David Cameron a se eleger.

Ramificações

O atual primeiro-ministro Cameron valeu-se das viagens de avião financiadas pelo império de Murdoch e do iate deste magnata para suas campanhas. Seu secretário de comunicações, entre 2007 e 2011, foi Andy Coulson – um dos principais integrantes da equipe de Murdoch.

Pouco antes de assumir este cargo, Coulson havia sido o editor do News of the World, a publicação dominical de maior venda no Atlântico. Ao trabalhar com Cameron, Coulson renunciou ao posto de editor, após os primeiros escândalos de espionagem telefônica, em que algumas das vítimas, inclusive membros da família real britânica, exigiram que jornalistas do referido jornal fossem presos.

O próprio Tony Blair recebeu uma proposta de Murdoch para unir-se à sua equipe quando deixou de ser primeiro-ministro britânico, entre 1997 e 2007. Seu anterior braço direito, Peter Mandelson, relembra a declinada: “Simplesmente nos acovardamos, porque tínhamos medo de fazer outra coisa”.

As ramificações do escândalo fizeram com que o News of the World, que era publicado desde 1843 (muitos antes do aparecimento de muitas das principais mídias atuais) tivesse sua última edição em 10 de julho, quando anunciou despedir-se de seus “7,5 milhões de leitores” após ter sido “o maior jornal do mundo”.

No entanto, Murdoch continua produzindo o Sun (um matutino de 2,7 milhões de exemplares diários, cuja tiragem supera a de qualquer outro jornal nos EUA) e o Times (o tradicional diário britânico), e ainda é o proprietário da maior rede de canais privados de TV a cabo do país (Sky).

(*) Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics. É um dos analistas políticos latino-americanos mais publicados do mundo. Tradução de Angélica Campos/brpress. Fale com ele pelo e-mail [email protected] ou pelo Twitter @brpress.

Isaac Bigio

Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics . Tradução de Angélica Campos/brpress.

Cadastre-se para comentar e ganhe 6 dias de acesso grátis!
CADASTRAR
Translate