Trabalhismo e ‘Borismo’
(Londres, brpress) - Prefeito conservador Boris Johnson não só manteve seu cargo com 51,5% nas eleições londrinas, como revelou ser o novo líder conservador em andamento. Por Isaac Bigio.
Isaac Bigio*/Especial para brpress
(Londres, brpress) – Na última quinta-feira (03/05), na Grã-Bretanha, realizaram-se eleições municipais em várias cidades do país, exatamente dois anos depois das eleições gerais que deram início ao primeiro governo de coalizão conservador-liberal democrata da história. Vencer em Londres o prefeito conservador Boris Johnson, que não só manteve seu cargo com 51,5%, como revelou ser o novo líder conservador em andamento.
Usualmente, nas eleições locais intermediárias, a oposição consegue capitalizar o desgaste do oficialismo, mas o que aconteceu agora foi um verdadeiro cataclisma para os dois partidos no poder.
Liberalismo em baixa
O liberalismo democrático teve o pior resultado de todos os tempos, obtendo 1/6 dos votos. Em Londres, pela primeira vez ficaram em quarto lugar – coisa que nunca aconteceu nem sequer com os ancestrais liberais e whigs daquele partido, que datam de pelo menos dois séculos atrás.
Os conservadores beiraram 30% a nível nacional, quase 10 pontos abaixo do trabalhismo. Isso demonstra que, no caso de ocorrerem agora eleições gerais antecipadas, voltariam ao poder com mais de 50% do Parlamento.
Conservadores X Trabalhistas
Na Assembleia de Londres, os trabalhistas conquistaram o maior número de cadeiras que um partido já conseguiu (12 de seus 25 assentos). Conseguiram, inclusive, tirar o vice-prefeito Richard Barnes, anterior chefe da bancada conservadora.
No entanto, em meio desta derrota a nível nacional, o prefeito conservador londrino Boris Johnson manteve seu cargo com 51,5%, na segunda preferência. Ele já voltou a ser o britânico mais votado da história enquanto que seu rival, o “vermelho” Ken Livingstone (Trabalhista), continua sendo o segundo mais votado neste ranking.
Golpe na esquerda
O fato de que Boris Johnson tenha vencido Ken Livingstone pela segunda vez é um golpe no candidato mais popular da ala esquerda do trabalhismo e nos amigos britânicos de Cuba e da Venezuela.
Livinsgstone anunciou que esta seria sua última eleição enquanto que os resultados mostraram que seu rival não apenas manteve a Prefeitura como revelou ser o novo líder conservador em andamento.
“Borismo” em ascensão
Os péssimos resultados vão provocar uma “guerra civil” no governo, fazendo com que os conservadores duros procurem distanciar-se das concessões feitas pelo líder David Cameron ao desprestigiado liberalismo e caminhar rumo a um programa econômico mais tipo Thatcher, enquanto que os liberais, descontentes com seu líder Nick Clegg, lancem-lhe a culpa por ter levado seu partido a pagar a fatura do descrédito deste governo de cortes.
Por sua parte, os “conservadores de Boris” apontam uma nova saída para o conservadorismo. Este é o chamado “borismo”, um giro ao centro programático que fez com que Boris Johnson conquistasse parte do eleitorado trabalhista.
No Reino Unido, o “borismo” avançará como alternativa ao oficialismo e ao trabalhismo e como possível novo governo para 2016 – ou antes.
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(*) Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics. É um dos analistas políticos latino-americanos mais publicados do mundo. Fale com ele pelo e-mail [email protected] , pelo Twitter @brpress e/ou no Facebook. Tradução: Angélica Campos/brpress.