Respostas em nós
(brpress) - Vale muito mais quando conseguimos externar o que estamos sentindo de fato. Quando conseguimos por para fora o que está dentro. Por Sandra Maia.
Sandra Maia*/Especial para brpress
(brpress) – É claro! As respostas estão todas dentro de nós! Estão no ser, nas crenças errôneas, na infância. A questão é: adianta olhar só para dentro? Adianta ficar como um avestruz mergulhado nos próprios problemas, tentando encontrar respostas, se do lado externo o mundo é movimento? Será isso viver? Será isso relacionar-se?
Estar com outro sem estar. Fazer-se disponível sem estar desocupado. Escolher outro – em uma situação ainda mais assustadora: indisponível de coração, corpo, alma e mente… Será isso uma relação? Uma possibilidade? Até quando vamos nos permitir viver na mentira? Agindo de um modo completamente distinto daquele que vai dentro. Como viver dessa maneira – inconseqüente, inconsistente?
Essa semana, assistindo a uma novela, a cena era a mesma que já assistimos ou vivemos milhares de vezes… A “mocinha”, indignada com o não do “mocinho”, mas ambos em uma agenda completamente oculta, escondidos no seu próprio “mundinho”. Ambos na relação desempenhando papéis, interpretando o papel que já conheciam – quer dizer, que já sabiam fácil repetir, fácil como agir, quase como um “muppet” de um inconsciente conturbado.
Destino? Não tem mesmo como ser diferente. Então, aceitam sua neurose e se acalentam na dor, no prazer negativo, no que conhecem. Resignados. Intocáveis. Impostores. Na cena fica fácil ver – basta o outro virar as costas para o choro aparecer – indomável, incurável, insuportável… É, meus caros, é! Também acontece conosco. Bancamos os fortes, os durões, os poderosos e, por dentro, estamos estraçalhados. Dá para viver? Difícil…
Realidade
Pois é. Isso é a realidade de muitos. Mais do que você possa sequer imaginar, no dia a dia – quando nos distraímos, ou melhor, quando ligamos o piloto automático – fazemos exatamente isso. Deixamo-nos levar por um sorriso, uma possibilidade, uma ilusão, um medo da solidão e pronto lá vamos nós entrando em outra “roubada”.
Assim como você, por vezes, também sinto na pele essa questão. Também tenho questões a resolver. Também tenho respostas a dar a mim mesma. O problema é que a vida não pára enquanto estamos nesse processo. A vida – ao contrário – parece que anda mais e mais depressa.
Enfim, toda essa argumentação me fez lembrar uma situação que poderia ter um desfecho diferente se tivesse tempo para pensar, parar, refletir, olhar, entender – o que estava vivendo naquele PRESENTE! O que meu coração gritava enquanto calmamente eu dizia OK QUERIDO. TUDO BEM. AGENDAMOS OUTRO ENCONTRO…
Como muitos, me deixei encantar por um único atalho – aquele que me levava diretamente para dentro , enquanto usava a relação como mera experiência para encontrar a saída. Resultado: na relação não consegui ser forte o bastante para me mostrar como sou – INTENSA, ÍNTEGRA, INTEIRA e, naquela situação, totalmente magoada com a falta de respeito e afeto do outro, me perdi.
Tempo
A lição, bem, a lição vem com o tempo e, por vezes de onde menos esperamos. Uma amiga, na ocasião, me fez ver que o fato de não falar a verdade, de não demonstrar meus sentimentos naquele momento me fazia fútil, leviana. Fazia da relação não uma possibilidade – uma brincadeira. E é fato que uma relação não precisa ser pesada, carregada, complicada.
Podemos dar a entender que se não estamos nem aí e que o outro não significa nada – nem tampouco a relação. Então, qualquer coisa será bem-vinda. Ou seja, pela lei do efeito contrário, atraímos exatamente o que não queremos. Ficar sem o outro, ficar sem a relação, carregar uma imagem que verdadeiramente não está nem perto da nossa essência… Afinal, nos desrespeitamos e nos abandonamos muito antes do outro…
Por isso, fica aqui um convite: olhar para dentro é essencial. Mas vale muito mais quando conseguimos externar o que estamos sentindo de fato. Olhamos, compreendemos, aceitamos e nos posicionamos. Quando conseguimos por para fora o que está dentro – seja raiva, medo, mágoa, amor, alegria, tristeza, seja que sentimento for, nos fazemos humanos e, sim, imperfeitos. Tornamos-nos desmascarados, mais possíveis. Mais vulneráveis. Mais aceitáveis e, porque não dizer, amáveis…
(*) Sandra Maia é autora dos livros Eu Faço Tudo por Você – Histórias e relacionamentos co-dependentes e Você Está Disponível? Um caminho para o amor pleno, editados pela Celebris. Fale com ela pelo e-mail [email protected] Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. ou pelo Blog do Leitor.