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O diretor Belisário Franca fala sobre a série Jungle Pilot. Foto: Juliana Resende/brpressO diretor Belisário Franca fala sobre a série Jungle Pilot. Foto: Juliana Resende/brpress

Amazônia retratada por quem entende

(São Paulo, brpress) - Em entrevista a Juliana Resende, o diretor Belisário Franca fala sobre a coexistência de interesses diversos na floresta, onde a série brasileira Jungle Pilot é ambientada.

(São Paulo, brpress) – Na semana em que a mobilização global pela Floresta Amazônica, por conta do aumento do desmatamento e as queimadas, uma antes do Dia da Amazônia – 05 de setembro –, a exibição do primeiro episódio da série Jungle Pilot, produção da Giros, de Belisário Franca, para a Universal TV, caiu como uma luva. Ou melhor: uma chuva amazônica, igual àquelas muitas que desafiaram as filmagens na região. São também muitos os desafios para equalizar desenvolvimento e sustentabilidade na Amazônia. 

É que Jungle Pilot, estreabndo em 15 de setembro, às 23h, no canal por assinatura Universal TV, chega num momento estratégico e mostra, como define o diretor Belisário Franca (dos documentários African Pop (1989), um marco da produção independente e musical, com participação do antropólogo Hermano Viana, e Amazônia Eterna(2012), “uma região complicada, com questões complexas, onde os problemas antigos prevalecem somados às questões novas”. Palavra de quem entende: ele já foi mais de 20 vezes para a Amazônia. 

Uma coisa ficou clara para Franca: a floresta em pé vale muito mais do que a deitada. A história de Jungle Pilot, no entanto, tem a empresa de táxi aéreo Jungle Pilot no centro nevrálgico da trama, onde todo tipo de interesse e contravenção que se embrenham lado a lado na floresta. Uma imensidão de biodiversidade – inclusive nos tipos humanos que ali habitam – que teve seu dia criado para conscientizar sobre a importância do maior bioma tropical do mundo.

Mal sabia D. Pedro II o que tinha nas mãos quando, em 1850, decretou a criação da Província do Amazonas (atual estado do AM). 

A seguir, trechos da entrevista exclusiva à brpress com Belisário Franca: 

Qual é o maior desafio da Amazônia do século 21? 

Belisário Franca – A Amazônia contemporânea – a que serve de cenário para a série – é a arena onde investimentos, biotecnologia, madeireiras, mineradoras e aviões subindo e descendo convivem com a natureza e distâncias imensas. Alguns negócios com operações legais e sustentáveis; outros ilegais. 

A ideia original da série surgiu para mostrar esse modo conflitante de explorar e preservar a floresta? 

Belisário Franca – Vem desde o documentário Amazonia Eterna [que está disponível na plataforma Videocamp, de exibições públicas). Viajei muito durante 2011 para filmar… Mas, apesar de Jungle Pilot mostrar mais um lado de atividades ilegais na Amazônia, tem muita gente fazendo um trabalho responsável na região. 

O que mais te chamou atenção na região?

BF –  O fato de ser uma região imensa motiva o papo de que “a Amazonia é desabitada….”.  Mas não tem um metro quadrado que não seja conhecido por algum tipo de população, seja ela indígena, ribeirinha, grupos organizados da sociedade brasileira,  pequenas cidades, pequenos vilarejos, e a dificuldade, pelo tamanho do território, de locomoção e transporte. 

Daí a ideia de fazer uma série sobre a dificuldade de uma empresa de táxi aéreo? 

BF – Não tem outro jeito de acessar certos lugares da Amazônia se não for de avião. Esse universo está sujeito às regras normais da aviação, mas tem as exceções que fazem com que cada interesse estabeleça as suas próprias regras. 

Estamos falando de empresas operando na Amazônia? 

BF – Sim. Empresas do agronegócio, madeireiras, de pesca, populações ribeirinhas… Todo esse setor produtivo tem  interesses em estabelecer um novo modelo – e há uma boa parte destes empresários que não está nem um pouco interessada em destruir a Amazônia. O que falta é vontade política para se estabelecer políticas públicas sustentáveis.

Conhecendo os entremeios da floresta, qual é sua opinião sobre a polêmica levantada por Emmanuel Macron, ao defender uma suposta interferência internacional na Amazônia? 

BF – Tem muita gente preocupada em fazer da Amazônia um lugar onde o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade caminhem juntos. Conheci muitas organizações, incluindo empresas, que têm este propósito. Então, acho que o que está contaminando a discussão é o foco nas opiniões polêmicas do governo em vez de olhar o que essas pessoas sérias e capacitadas podem ensinar. 

Então você tem tem uma visão otimista sobre o futuro da Amazônia? 

BF – Eu não acho… Caminhamos no fio da navalha. A gente a possibilidade de se perder no caminho. A política do novo governo interfere na vida cotidiana do trabalho bom que já foi e está sendo feito, atrapalha a continuidade de projetos e modelos de negócios sustentáveis, que mostram que é possível gerar riqueza, bem estar social e preservar.

E como profissional veterano da indústria do audiovisual brasileiro, como vê a questão da ingerência no governo na Agência Nacional de Cinema (Ancine)? 

BF – Há uma contradição neste discurso do governo com relação ao setor – extremamente produtivo dentro da economia criativa, que gera receita e empregos operando no modelo liberal que este governo supostamente defende. Esta contradição me deixa perplexo. Fortalecer o audiovisual é questão de bom senso. Sem viés ideológico é o que deveria prevalecer. O setor é bem sucedido, e se esta dando certo vamos continuar a investir e apoiar.  São muitos títulos brasileiros de boa qualidade, mostrando a maturidade do setor, prêmios, bons roteiros, boa qualidade técnica…

… temos grupos internacionais, como a Universal, Netflix e HBO, investindo em parcerias bem sucedidas com criadores e produtoras brasileiros…

BF – Pois é. Tem dado certo porque estes grupos conhecem bem o público deles. Jungle Pilot é meu primeiro trabalho com a Universal. E espero que venham outros. 

(Juliana Resende/brpress)

Assista ao trailer de Jungle Pilot: 

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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