Gosto de meninos ou meninas?
(brpress) - É na adolescência que a sexualidade desabrocha e sentir atração pelo mesmo sexo pode vir acompanhada de dúvidas e (ainda) preconceito. No Dia do Sexo, discutimos a homossexualidade. Por Danielli Marinho.
(brpress) – Quem não conhece aquele menino que só anda com as meninas na escola, faz praticamente todos os programas com elas e nunca, jamais, é visto jogando bola com os meninos? E aquela menina que não tá nem aí para batons, saias ou namorados, em plena adolescência? Todo mundo acha um pouco diferente, mas ninguém fala nada – pelo menos na frente deles.
Embora o tema seja amplamente discutido hoje em dia, homossexualismo ainda é tabu nas conversas familiares e até mesmo na escola. A descoberta de ter atração pelo mesmo sexo geralmente vem acompanhada de questionamentos, medo e preconceito, ao lado do desejo.
Por isso, achamos que no Dia do Sexo (6 de setembro) discutir a homossexualidade entre jovens teria um sabor especial. É uma data simbólica, inventada em 2008 como uma ação de marketing de um fabricante de camisinhas, mas que serve como pretexto para derrubar tabus e barreiras que ainda existem quando o assunto é sexo – algo natural do ser humano, que existe para ser vivenciado com plenitude e responsabilidade, e está longe de tomar a forma de um bicho de sete cabeças.
Após muito tempo escondendo sua homossexualidade, o cantor Ricky Martin, que fez show em três capitais brasileiras no final de agosto, assumiu que é gay, embora as especulações sobre sua sexualidade já o acompanhassem desde o início da carreira, quando integrava o grupo Menudos.
Aceitação
Na época em que publicou a declaração no seu blog e Twitter, Ricky, que hoje tem 39 anos, disse não revelar que era gay porque tinha medo de não ser aceito.
“Muitas pessoas me disseram que o mundo não estaria disposto a aceitar a minha verdade”, afirmou. O cantor comentou ainda que esses anos de silêncio e reflexão o fizeram mais forte e o lembraram que a aceitação tinha de vir de dentro.
Mas quando e como saber se a atração pelo mesmo sexo é apenas uma fase de experimentação ou preferência mesmo? Segundo especialistas em sexualidade, meninos ou meninas podem até mesmo ter o desejo sexual comprometido quando se pegam divididos entre sentir atração por homens ou mulheres.
Qualquer tempo
De acordo com psicólogos, a sexualidade começa a se desenvolver já na infância. Porém, é na adolescência que os hormônios começam a agir e, por volta dos 14 anos, o adolescente vai começar a formar sua identidade sexual.
“Não existe uma idade determinada em que a pessoa vá se descobrir homossexual”, explica a psicóloga Livia Chifarelli, que atua no projeto de promoção da saúde da prefeitura do Rio de Janeiro. “Os jovens, por exemplo, sofrem muita influência do que é veiculado na mídia. Vai depender de vários fatores, como culturais. Se, por exemplo, está na moda menina dar beijo na boca de menina, pode haver influência no comportamento do adolescente”.
O cantor e fenômeno teen Justin Bieber, que faz shows no Brasil em outubro, seria um exemplo de “hipersexualização”, segundo a socióloga americana Gwen Sharp, da Universidade de Nevada, ouvida pelo jornal Folha de S. Paulo, numa reportagem sobre o garoto de 17 anos. “Ele é um misto de libido precoce e doçura”, diz ela, comentando sobre a foto em que Bieber aparece nu na capa da revista Vanity Fair, tendo o corpo acariciado por várias mãos. “Fosse ele um menino qualquer, seria aceitável?”, provoca.
No cinema e no Twitter
O curta-metragem brasileiro Assunto de Família, da diretora Caru Alves de Souza, trata bem desse assunto. A história se passa numa tarde de domingo, quando uma família se reúne para assistir a um clássico de futebol em casa e o irmão mais novo, submetido a humilhações cotidianas pelo mais velho, acaba “ficando” com um amigo dele.
Recentemente, a atriz e cantora americana Miley Cyrus (Hannah Montana) causou polêmica ao tatuar no dedo um sinal de igual em favor do amor entre o mesmo sexo e postar a foto no Twitter. Miley recebeu críticas até de um fã clube seu, por causa disso.
O que vale mesmo para qualquer pessoa é ter consciência da própria sexualidade e ser feliz com as escolhas.
(Danielli Marinho/Especial para brpress)